O céu de Londres estava envolto em uma escuridão profunda, quase impenetrável, exceto pela luz esbranquiçada da lua, que banhava a cidade em um brilho fantasmagórico. As ruas, normalmente agitadas, estavam desertas, um silêncio inquietante dominava o ar. Era como se a própria noite estivesse guardando segredos, esperando para serem desvendados.
Alexandra e Ethan se moviam com a fluidez de sombras pelas ruelas sinuosas, seus passos silenciosos ecoando apenas em suas mentes. Eles sabiam para onde estavam indo — uma velha mansão vitoriana no coração de um bairro esquecido, um lugar que havia caído em ruínas e que há muito tempo fora abandonado, agora tomado por lendas e histórias de terror. Mas o que mais os atraía para aquele lugar não eram as histórias, e sim a pista que Ethan havia descoberto.
"Tem certeza de que é aqui?" Alexandra perguntou, quebrando o silêncio, sua voz baixa, mas carregada de determinação.
Ethan assentiu, seu olhar fixo na mansão à frente. "As informações que conseguimos apontam para este lugar. Se o traidor está realmente em contato com os inimigos, há uma grande chance de que alguma evidência esteja aqui."
Alexandra observou a estrutura diante deles, seus olhos captando cada detalhe. As janelas estavam quebradas, e as paredes, outrora brancas, estavam cobertas de musgo e rachaduras. Uma vez, essa casa teria sido magnífica, mas agora, parecia uma casca vazia de seu antigo eu, cheia de segredos sombrios.
"Vamos entrar," disse ela, sua voz decidida.
Sem hesitação, Ethan empurrou o portão enferrujado, que rangeu em protesto, como se relutasse em permitir que eles passassem. O som ecoou pela noite, mas ninguém parecia ouvir, como se o próprio mundo estivesse segurando a respiração.
Eles entraram na mansão, a escuridão os envolvendo imediatamente. Alexandra, com seus sentidos vampíricos aguçados, não teve dificuldade em enxergar, mas mesmo assim, acendeu uma pequena lanterna que trazia consigo. A luz fraca cortou a escuridão, revelando um saguão amplo, cheio de móveis cobertos com lençóis brancos, como fantasmas de um passado esquecido.
"Estranho," murmurou Ethan, seus olhos varrendo o ambiente. "Parece que ninguém esteve aqui por décadas."
"Ou alguém quer que pareça assim," Alexandra respondeu, inclinando-se para observar uma marca na parede. "Veja isso."
Ethan se aproximou, seus olhos estreitados ao ver o que ela apontava. Havia uma série de arranhões na parede, quase imperceptíveis, mas com um padrão que sugeria que não eram naturais.
"Isso foi feito por uma garra," disse ele, sua voz baixa e controlada.
Alexandra assentiu. "Um lobisomem," completou ela. "Alguém esteve aqui, e não faz muito tempo."
Eles seguiram em frente, seus passos ecoando pelas tábuas do chão, que gemiam sob seu peso. O cheiro de mofo estava forte no ar, mas Alexandra percebeu algo mais — um leve odor de sangue, quase imperceptível, mas suficiente para fazer seus instintos se aguçarem.
"Você sente isso?" ela perguntou, parando de repente.
Ethan franziu o cenho, levantando o nariz ao ar. "Sangue," disse ele, com um tom grave. "Não está fresco, mas continua aqui."
Guiados pelo cheiro, eles desceram por um corredor estreito que os levou até uma porta trancada. Sem hesitar, Ethan deu um empurrão forte, quebrando a fechadura enferrujada e abrindo a porta com um rangido alto.
A sala do outro lado era pequena e escura, as paredes cobertas de poeira e teias de aranha. Mas o que chamou a atenção de ambos foi a poça de sangue seco no centro do chão, escurecida pelo tempo. Ao lado dela, havia um símbolo estranho desenhado no chão com o mesmo sangue, algo que Alexandra reconheceu imediatamente.
"Este símbolo... é um selo de proteção," disse ela, sua voz baixa, mas tensa. "É usado para ocultar rituais de magia antiga."
Ethan se abaixou para examinar o símbolo mais de perto. "Isso confirma nossas suspeitas," disse ele. "Alguém está usando magia para esconder suas atividades. Mas por que aqui, e por que agora?"
Alexandra olhou ao redor, seus olhos percorrendo cada canto da sala. "Há algo mais," disse ela, seu olhar fixando-se em um velho baú no canto da sala. "Aquele baú... deve conter algo importante."
Ethan caminhou até o baú, abrindo-o com cuidado. Dentro, encontrou um conjunto de pergaminhos antigos, seus olhos se arregalando ao ver as marcas que cobriam as folhas. "Esses pergaminhos... eles contêm informações sobre rituais proibidos," disse ele, suas mãos tremendo levemente ao manuseá-los. "Este é um dos maiores segredos guardados pelos clãs."
Alexandra se aproximou, seu olhar sombrio. "Isso não deveria estar aqui," disse ela. "Se esses rituais caírem nas mãos erradas..."
"Isso pode significar o fim da aliança," completou Ethan, sua voz carregada de uma gravidade que combinava com a situação.
Eles trocaram um olhar, a tensão entre eles palpável. "Precisamos levar isso aos anciãos," disse Alexandra. "Mas precisamos ser cuidadosos. Se o traidor souber que descobrimos isso, ele pode agir antes de podermos impedi-lo."
Ethan assentiu, fechando o baú e levantando-se. "Vamos sair daqui," disse ele. "Não podemos arriscar mais tempo neste lugar."
À medida que se moviam para sair, um som baixo e arrastado ecoou pelo corredor. Ambos se viraram bruscamente, seus corpos em alerta máximo.
"Alguém está aqui," sussurrou Alexandra, seus olhos estreitados enquanto tentava identificar a origem do som.
Ethan avançou lentamente, os músculos tensos, pronto para agir. Eles se aproximaram da origem do som, seus corações batendo em uníssono. Ao virar a esquina, encontraram um vulto encapuzado, seus olhos brilhando vermelhos na escuridão.
"Vocês não deveriam estar aqui," disse uma voz rouca e ameaçadora.
Alexandra e Ethan se prepararam para o confronto, sabendo que, sob o véu da noite, haviam descoberto apenas a ponta de um iceberg mortal. Mas enquanto a ameaça permanecia diante deles, havia uma certeza: juntos, eles desvendariam os segredos que essa noite sombria escondia, e nada os impediria de proteger a aliança que haviam jurado defender.
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Atualizado até capítulo 26
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