A escuridão envolvia as ruas de Londres enquanto Ethan e Alexandra caminhavam lado a lado, cada um imerso em seus próprios pensamentos. O ar estava úmido, carregando o cheiro da terra molhada pela recente chuva, e as lâmpadas de gás ao longo das ruas lançavam uma luz fraca que mal conseguia perfurar a névoa densa que se arrastava pelo chão. As sombras das construções antigas se alongavam, tornando a atmosfera ainda mais tensa.
Ethan, com seu casaco de couro preto envolvendo seu corpo robusto, olhava adiante com uma expressão de determinação silenciosa. Seus olhos âmbar estavam alertas, captando cada movimento na penumbra ao seu redor. Ao seu lado, Alexandra caminhava com a graça natural de uma predadora, seus olhos vermelhos brilhando sob a luz das lâmpadas. O contraste entre os dois era evidente, mas algo mais profundo os conectava naquele momento.
Eles haviam sido forçados a colaborar, e o silêncio que pairava entre eles era pesado com o não dito. Ethan sentia a presença de Alexandra ao seu lado, cada passo dela era calculado, cada movimento era uma mistura de força e elegância. Ele sabia que trabalhar juntos era a única maneira de manter a paz, mas isso não tornava a situação mais fácil.
“Isso não é o que imaginei quando pensei em fazer uma trégua,” Ethan quebrou finalmente o silêncio, sua voz grave ecoando levemente pelas ruas vazias. Ele manteve o olhar à frente, evitando encarar Alexandra diretamente.
Ela sorriu de lado, um sorriso que não chegava a seus olhos, mas carregava um toque de ironia. “Acredita mesmo que isso vai durar? Lobisomens e vampiros... sempre fomos inimigos. Essa paz é frágil.”
Ethan parou de andar por um momento, forçando Alexandra a fazer o mesmo. Ele a olhou nos olhos, os dele brilhando com uma intensidade que refletia tanto desconfiança quanto curiosidade. “Você fala como se já tivesse desistido antes mesmo de tentar. Por que aceitar essa missão, então?”
Ela encontrou o olhar dele, sem desviar. “Porque, assim como você, eu sei que a alternativa é pior. Nossas raças se destruiriam. Eu aceito essa missão porque sei o que está em jogo.”
Ethan soltou um suspiro curto, balançando a cabeça. “E o que exatamente está em jogo para você, Alexandra? Por que uma vampira de sangue puro como você se importaria com a paz entre nossas raças?”
Alexandra estreitou os olhos, como se estivesse analisando Ethan, tentando decidir o quanto revelar. “Poder. Controle. Sobrevivência. Mas não se engane, lobisomem. Não estou fazendo isso por altruísmo. Estou fazendo porque é a única maneira de manter o que eu tenho... e evitar que outros percam tudo.”
Ethan estudou o rosto dela por um momento, percebendo que havia muito mais por trás das palavras de Alexandra. Ele sabia que não deveria confiar nela completamente, mas algo em sua resposta lhe dizia que ela era sincera, pelo menos até certo ponto. Ele assentiu, voltando a caminhar, desta vez com um novo entendimento entre eles.
Eles finalmente chegaram a um armazém abandonado nos limites da cidade, o local onde a missão os levaria. A construção parecia deserta, com janelas quebradas e uma estrutura enferrujada, mas os dois sabiam que as aparências podiam enganar. Antes de entrarem, Ethan parou e se virou para Alexandra.
“Temos que nos cobrir,” ele disse, a voz mais baixa agora, consciente do perigo que poderia estar esperando por eles. “Não sabemos o que vamos encontrar lá dentro.”
Alexandra fez um gesto elegante, e sua aparência mudou instantaneamente. Seus olhos, antes brilhantes e vermelhos, escureceram para um tom mais humano, e suas presas se retraíram, desaparecendo sob seus lábios. Ela olhou para Ethan, esperando que ele fizesse o mesmo.
Ethan suspirou novamente, tirando o casaco de couro e revelando uma camisa escura. Ele passou as mãos pelos cabelos, tentando relaxar os ombros. “Vamos fazer isso do jeito certo,” ele disse, mais para si mesmo do que para Alexandra.
Eles entraram no armazém, movendo-se silenciosamente pelas sombras. O interior era ainda mais sombrio do que o lado de fora, com apenas algumas faixas de luz da lua filtrando-se através das janelas quebradas. O ar estava pesado com o cheiro de metal e poeira, e o chão rangia sob seus pés.
“Tem algo errado,” murmurou Alexandra, seus sentidos aguçados captando algo que Ethan ainda não percebia. Ela parou, inclinando a cabeça para ouvir melhor.
Ethan, confiando na percepção dela, também ficou em alerta. Ele sentiu os pelos na nuca se arrepiarem, um sinal claro de que estavam sendo observados. “Eles sabem que estamos aqui,” ele sussurrou, seus olhos vasculhando o escuro à procura de qualquer sinal de movimento.
De repente, o som de passos ecoou pelo armazém. Era lento e ritmado, como se alguém estivesse deliberadamente revelando sua presença. Ethan rosnou baixo, instintivamente se preparando para a luta. Alexandra deslizou para mais perto, seus olhos voltando a brilhar com a luz vermelha característica, pronta para atacar.
Uma figura emergiu das sombras, alta e esguia, com uma postura relaxada demais para alguém que estava prestes a enfrentar dois seres sobrenaturais. Ele sorriu, um sorriso frio e calculado. “Eu me pergunto... quanto tempo essa aliança vai durar antes de um de vocês trair o outro?”
Ethan e Alexandra trocaram um olhar rápido, sabendo que aquele era o verdadeiro teste da missão. Sem hesitar, Ethan deu um passo à frente, seus olhos âmbar brilhando com uma determinação feroz. “O suficiente para lidar com você.”
Alexandra sorriu, um sorriso afiado, e completou: “E depois, veremos o que acontece.”
A tensão no ar se intensificou enquanto a figura misteriosa ria baixinho, ciente de que a verdadeira batalha estava apenas começando. Mas, por enquanto, lobisomem e vampira estavam unidos por uma causa comum, uma aliança improvável forjada nas sombras da necessidade, que, embora frágil, mostrava que ambos estavam dispostos a fazer o que fosse necessário para preservar a paz.
Naquele momento, sob o teto desmoronado do armazém, com a lua espreitando por entre as nuvens, os destinos de Ethan e Alexandra se entrelaçaram ainda mais. E, embora a confiança entre eles fosse limitada, algo mais profundo começava a se formar, uma compreensão mútua que os impulsionaria adiante, unidos, apesar de suas diferenças.
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Atualizado até capítulo 26
Comments
Brennda Germany's
que tipo de espécie de lobo é o Ethan?
2024-08-27
1
Brennda Germany's
qual é o jeito certo? não se cobrir?
2024-08-27
1
Brennda Germany's
se cobrir, vão se deitar juntos?
2024-08-27
1