A neblina densa envolvia as ruas de Londres, abafando o som dos passos apressados de Alexandra e Ethan enquanto avançavam pela calçada estreita. O brilho pálido da lua cheia mal conseguia atravessar as nuvens espessas, criando uma atmosfera quase etérea. Cada canto escuro das ruelas parecia esconder segredos, e cada sombra parecia estar à espreita, observando seus movimentos.
Eles estavam em uma missão desesperada. A aliança entre os vampiros e lobisomens estava à beira do colapso, e o único fio de esperança era um antigo artefato, perdido há séculos, que prometia poder suficiente para salvar todos. A única pista que tinham os levou à cidade, às profundezas de uma velha igreja abandonada, escondida nas partes mais sombrias de Londres.
Alexandra, com seu manto negro fluindo ao vento, olhou para a estrutura deteriorada à sua frente. A igreja parecia se dissolver na escuridão, suas janelas quebradas e portas de madeira podres testemunhando o abandono. "É aqui," murmurou ela, seus olhos vermelhos brilhando na penumbra. "Se as lendas estiverem corretas, o artefato deve estar escondido no subsolo."
Ethan, ao seu lado, assentiu, os olhos dourados atentos a qualquer sinal de perigo. Ele estava tenso, sentindo cada movimento ao redor, como se o próprio ar carregasse a ameaça de algo mais sombrio. "Você tem certeza de que esse artefato ainda existe? E que ele realmente pode fazer o que dizem?"
Alexandra parou por um momento, encarando-o. Havia um cansaço profundo em seu olhar, mas também uma determinação implacável. "Não temos outra escolha. Se esse artefato for real, pode ser nossa única chance de evitar uma guerra total entre os clãs. Não posso perder essa esperança, Ethan."
Ele observou o rosto dela, a forma como sua expressão endurecia quando falava de salvar a aliança. Havia algo mais ali, algo que ele não conseguia decifrar completamente, mas que o fazia confiar nela. "Então vamos encontrá-lo," disse ele, a voz firme. "Juntos."
Eles empurraram as portas pesadas da igreja, que rangiam em protesto. O interior estava ainda mais desolado do que o exterior, com bancos tombados e poeira cobrindo tudo como um véu. A luz da lua entrava em finos feixes pelas janelas quebradas, iluminando o caminho até o altar.
Enquanto avançavam pelo corredor central, Ethan não pôde deixar de notar o silêncio opressor que preenchia o lugar. Não era apenas o silêncio de um espaço abandonado, mas algo mais profundo, quase sobrenatural. "Este lugar... parece preso no tempo," murmurou ele, mantendo seus sentidos alerta.
"É um lugar antigo," respondeu Alexandra, seus olhos atentos a qualquer sinal que pudesse indicar a entrada para o subsolo. "Construído em uma época em que o sagrado e o profano andavam lado a lado. Se o artefato realmente está aqui, ele deve estar bem protegido."
Eles finalmente encontraram uma escada escondida atrás do altar, levando a uma câmara subterrânea. O cheiro de umidade e mofo tornou-se mais forte à medida que desciam, os degraus de pedra rangendo sob seus pés.
O corredor abaixo era apertado e escuro, iluminado apenas por tochas antigas que Alexandra acendeu com um toque de sua mão. A luz trêmula revelava antigas inscrições nas paredes, símbolos que ela reconheceu vagamente dos textos antigos.
"Essas runas... falam de proteção e poder," disse ela, traçando os dedos pelas inscrições. "Estamos no caminho certo."
Finalmente, chegaram a uma porta de pedra maciça, coberta de runas complexas. Alexandra se aproximou, sentindo a energia emanando dela. "Este é o lugar," murmurou. "Mas abrir isso não será fácil."
Ethan olhou para as runas, tentando decifrá-las. "Esses símbolos... parecem familiares. Eles são semelhantes àqueles usados pelos anciões dos lobisomens. Talvez seja um selo antigo que requer uma combinação de magia vampírica e força lupina para ser quebrado."
Alexandra assentiu. "Precisamos combinar nossos poderes. Concentre-se, Ethan. Vamos fazer isso juntos."
Ela estendeu a mão, e ele a pegou, sentindo o toque frio de sua pele, contrastando com o calor que emanava dela. A combinação de suas energias criou uma vibração no ar, que ressoou nas runas na porta. Elas começaram a brilhar intensamente, e o selo começou a se desfazer lentamente, até que a porta finalmente se abriu com um estrondo.
Dentro, havia uma pequena câmara, iluminada apenas pela luz das tochas. No centro, repousava o artefato: uma joia antiga, envolta em correntes de prata. A energia que emanava dela era quase palpável, e ambos sentiram o peso de sua presença.
"Este é o artefato," disse Alexandra, aproximando-se cautelosamente. "Ele é mais poderoso do que eu imaginei."
Ethan, no entanto, ficou parado, olhando para a joia com desconfiança. "Mas qual é o custo de usá-lo? Algo tão poderoso assim não vem sem um preço."
Ela parou, olhando para ele. "Eu sei," respondeu com honestidade. "Mas estamos em um ponto onde não podemos nos dar ao luxo de hesitar. Se isso salvar nosso povo... estou disposta a pagar o preço."
Ethan suspirou, sabendo que ela estava certa. "Então vamos levar isso de volta. E que seja o que tiver que ser."
Enquanto saíam da câmara com o artefato, o peso de suas responsabilidades parecia ainda maior. Eles sabiam que aquela era apenas a primeira etapa de um caminho muito mais longo e perigoso. Mas, por agora, haviam encontrado a última esperança. E, por mais frágil que fosse, era tudo o que tinham.
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Atualizado até capítulo 26
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