Lorenzo
Ainda não consigo acreditar no que está acontecendo.
Há dois anos, um trágico acidente de carro tirava a vida da minha mãe. Era tarde da noite e ela retornava de uma festa com o meu pai. Chovia muito e uma forte ventania se aproximava. O carro perdeu o controle e capotou. Meu pai teve ferimentos leves, mas minha mãe que dirigia, não teve a mesma sorte. Entrou em coma e dias depois faleceu ainda no hospital.
O meu pai nunca mais foi o mesmo. Se culpava a todo instante pela tragédia. Segundo ele, nada disso teria acontecido se ele tivesse ouvido a minha mãe que se recusava a sair de casa naquela noite com medo da tempestade.
Isabella e eu tentamos inúmeras vezes convence-lo de que não tinha culpa de nada, mas ele nunca nos ouvia. Se afundou no trabalho e desenvolveu um vício incontrolável por remédios.
Passado algum tempo, ele sofreu um AVC em decorrência das altas doses de anfetaminas, calmantes e antidepressivos que intercalava.
Meu pai ficou tão debilitado que foi obrigado a se aposentar. Eu contratei um enfermeiro pra cuidar dele e ministrar os medicamentos para a hipertensão que ele desenvolveu.
Com a ajuda da minha irmã, tive que tomar as rédeas das empresas, porém devido ao estado de saúde do meu pai só conseguimos dirigir as filiais dos outros países à distância.
Foram exatos 18 meses de luta e sofrimento. Ele definhava a cada dia mais. Após muito esforço Bella e eu conseguimos nos formar em Administração de empresas e cuidar de tudo mesmo com toda a nossa sobrecarga.
Minha irmã era a única pessoa com quem eu podia contar, já que Marjorie vive viajando e nunca se deu bem com os meus pais.
Todo o nosso esforço, porém foi em vão, pois ontem a noite, o meu pai se foi para junto da minha mãe.
Flashback on
Estou em uma reunião quando recebo a ligação de Bella que ficou em casa cobrindo a folga do enfermeiro. Peço licença e atendo o celular:
- Alô, maninha! Estou em reunião, mas pode falar.
- Lorenzo, eu estou no hospital. Vem pra cá, pelo amor de Deus - Ela chora - O papai...
- O que aconteceu com o papai? - Me desespero
- A empregada me chamou na cozinha e foi coisa de segundos... - Chora desesperadamente.
- Pelo amor de Deus, Isabella! - Grito - O que aconteceu?
- O papai entrou em crise e tomou a cartela inteira do remédio de pressão alta. Teve uma overdose. Quando eu entrei no quarto dele, ele estava passando mal. Nós agora estamos no hospital. Mas maninho, as notícias não são nada boas. O estado dele é grave.
Encerro a ligação, peço desculpas aos clientes e me retiro imediatamente do escritório. Ao chegar no hospital, Bella que está na sala de espera, me abraça e diz aos prantos :
- A culpa foi minha... Eu não podia ter deixado ele sozinho no quarto...
- Bella, a culpa não é sua, maninha... A culpa não é de ninguém... O papai nunca mais foi o mesmo depois da morte da mamãe - Nos abraçamos e choramos inconsolavelmente.
- Vamos rezar? - Isabella pede.
Assinto e de mãos dadas rezamos em silêncio.
As horas passam-se lentamente. Já é noite quando um dos socorristas chega e dá a notícia que me faz perder o chão: O meu pai já não está entre nós.
Não! Não posso acreditar!
Sinto como se estivessem arrancado um pedaço de mim. Só Deus sabe o quanto está doendo. Sempre tive as minhas diferenças com o poderoso Enrico Borelli, mas ele era o meu pai e eu o amava. Me ajoelho chorando como uma criança e sou amparado pela minha irmã.
Flashback off
Estou na sala de estar velando o corpo do meu pai ao lado de Bella que chora abraçada a mim. Minha irmã me disse que enquanto ele era levado para a emergência, com muito esforço pedia que caso não sobrevivesse, fosse enterrado ao lado da minha mãe.
Decidimos então atender o seu último pedido.
Lembranças e lembranças me vêm enquanto olho para o rosto sereno do meu pai que agora descansa e não consigo me controlar. Choro mais e mais. Agora somos somente a minha irmã e Preciso ser forte para colocar conseguir dar força à Isabella. Apesar do jeito durão do meu pai, Bella era muito apegada à ele. Ela era uma das poucas pessoas que conseguia derreter o coração de pedra dele.
No enterro estavam presentes primos distantes e amigos da família. Marjorie não pôde vir. Está em Barcelona viajando a trabalho.
Conversamos brevemente pelo telefone e após me dar os pêsames, ela desliga.
Quando chegamos em casa, Bella diz indignada:
- Nem pra vir te dar apoio essa sua namoradinha serve!
- Ela está trabalhando - Digo sério - E não somos namorados - Completo.
Não é mentira. Marjorie e eu ficamos juntos de vez em quando mas não temos nada sério.
O telefone toca e o mordomo atende. É o advogado do meu pai anunciando que amanhã virá ler o testamento.
Eu não queria testamento nenhum. Só queria meu pai de volta.
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Atualizado até capítulo 118
Comments
Maria De Fatima Carvalho
tomará que o pai dele conta tudo pra ele neste testamento
2024-10-05
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Marta Monteiro
o pai dele pagou pelo que fez com a garota e o filho,bem feito,separou os dois ♥️♥️e o destino separou ele da esposa e sofreu até cometer o suicídio, esse mereceu 🤣🤣🤣🤣🤣
2024-07-31
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