O baile

Rebeca

Após a cerimônia de formatura, nos dirigimos ao salão. Meu pai está cansado, assim como a Dona Mariana.

Eles avisam que estão indo embora e orientam Mártin a nos dar uma carona na volta.

Confesso que eu não queria ficar, mas Valentina insiste tanto que acabo cedendo.

Minha amiga e eu nos despedimos dos nossos pais e ela me puxa para a pista.

Após dançar umas duas músicas com as meninas, dirijo-me a uma das mesas para descansar.

Mártin pede licença aos amigos com quem está conversando e vem falar comigo.

Traje de Mártin e Ramiro

- Que desânimo é esse? - Ele senta-se ao meu lado - Não parece a Rebeca que eu conheço.

- Está tão na cara assim? - Suspiro.

- Uhum - Confirma - Tudo isso porque o Lorenzo vai embora?

Eu o olho assustada:

- Mas como...

- Beca, eu já percebi há muito tempo - Sorri fraco - Eu vejo como seus olhos brilham quando fala desse cara - Abaixo os olhos envergonhada e ele pega as minhas mãos - Se precisar conversar, eu estou aqui. Tudo o que eu quero é te ver bem - Meus olhos vão de encontro aos seus.

- Obrigada, Mártin... - Solto uma das minhas mãos e toco o seu rosto.

Ficamos nos olhando por alguns instantes, até que somos interrompidas por Valentina, Jazmin, Cibelle e Kira.

- Ah, vocês estão aí! - A loira diz.

Mártin se levanta e exclama:

- Minha irmāzinha! - Abraça Valentina - Parabéns, pela formatura - Olha as meninas e as cumprimenta com beijinhos no rosto - Meus parabéns também, meninas! Muito sucesso! Vocês estão lindas! As mais lindas do baile - Diz examinando-as por inteiro.

- Obrigada! - Cibelle, Kira e Jazmin respondem ao mesmo tempo, com as faces coradas.

Vestido de Cibelle

Vestido de Kira

De repente Cibelle diz empolgada:

- Não acredito!

- O que houve, amiga? - Kira se vira para descobrir o que deixou a ruiva alvoroçada.

- Ai Meu Deus!!! Essa música! - Aponta para o som - Amigas, eu amo essa música! Vamos dançar?

Jazmin dá uma gargalhada antes de dizer.

- Esse alvoroço todo por causa de uma música? Ok, vamos lá. Você vem, Rebeca? - A morena pergunta.

- Não, meninas - Respondo - Podem ir. Eu vou descansar mais um pouco.

Elas assentem preocupadas. Minhas amigas me conhecem e sabem que eu não estou legal, mas entendem que eu preciso ficar um pouco sozinha.

Quando elas se retiram, Mártin me olha e antes que diga qualquer coisa, seu amigo Ramiro chega:

- Mártin, tem uma galera ali querendo mais algumas fotos para o álbum de formatura.

- Ah! Claro, eu já vou - O loiro me olha - Beca, eu tenho que ir, você vai ficar bem?

- Sim, amigo. Vai lá - Sorrio.

Mártin beija minha testa e sai.

Olho para uma das mesas. Lorenzo está sentado com Andrey e alguns amigos.

Um garçom passa por mim e me oferece uma taça. Nunca bebi, mas preciso esquecer a existência dele nem que seja por algumas horas. Pego sem pensar, a primeira de muitas taças que beberei esta noite.

Lorenzo

A festa está animada, mas não consigo me divertir. Rebeca está do outro lado do salão sentada e recusando todos os convites para dançar. Ela bebe uma taça atrás da outra.

Não deveria estar bebendo assim...

 Queria me aproximar, chamá-la pra dançar e sentir o seu perfume uma última vez...

Mas não posso...

O meu pai foi muito claro quando disse que não quer que eu me aproxime mais dela...

Rebeca se levanta e andando com dificuldade por causa da bebida,se retira do salão.

Onde ela vai? Não posso deixa-la sozinha nesse estado.

Peço licença aos meus colegas da mesa e saio rapidamente da festa. Preciso segui-la.

 As meninas estão tão entretidas que nem perceberam a saída de Rebeca.

Belas amigas...

Já na rua, vejo-a caminhar com as sandálias na mão, segurando o vestido. Ela parece tão triste, tão frágil...

Me parte o coração vê-la assim.

- Beca! - Tomo coragem e a chamo.

Ela se vira com os olhos inchados:

- O que você quer Lorenzo? Me deixa em paz...

Me aproximo:

- Você não devia ter bebido assim. Poderia ter passado mal - Digo.

- Isso é problema meu! - Dizendo isso, ela se desequilibra e eu a seguro pela cintura.

Nossos olhares se encontram. Como eu a amo! Tanto que um simples contato, dispara o meu coração.

Não resisto e a beijo suavemente enquanto sinto suas lágrimas caírem. De repente ela desmaia nos meus braços.

Me desespero e pego-a no colo. Como hoje eu pretendia beber acabei vindo sem carro. Então vejo um táxi e aceno.

- Pra onde? - O motorista pergunta.

Contemplo longamente a garota dos meus sonhos desacordada em meus braços:

- Pra onde eu te levo, pequena? - Sussurro - Não quero que o seu pai te veja assim.

O motorista repete a pergunta. Então dou endereço da minha casa.

Decido cuidar dela até que fique sóbria de novo.

 Assim que chego, pego-a no colo para o meu quarto. Deito-a na cama e a vejo se mexer e resmungar alguma coisa.

Vou para a cozinha e preparo uma xícara de café bem forte. Os empregados já estão dormindo, então tomo todo o cuidado para não acorda-los.

Ao retornar para o quarto, vejo Rebeca já acordada sentada na cama olhando tudo confusa.

- Onde estou? - Pergunta.

- No meu quarto. Entrego-lhe a xícara.

Ela bebe e faz uma careta:

- Argh! Isto está horrivel...

- Eu sei, está forte, mas você precisa tomar tudo para melhorar - Respondo me sentando na cama à sua frente.

 - Não, Lorenzo. Eu já melhorei e preciso ir embora. Ela tenta se levantar mas coloca a mão na cabeça como se sentisse algo - Minha cabeça está girando...

- Você não é acostumada a beber, né? - Envergonhada, ela assente - Por que bebeu então?

- Lorenzo, desculpa mas se eu bebo ou deixo de beber, é problema meu. Muito obrigada por ter me ajudado, mas agora eu gostaria que você me levasse pra casa.

- Rebeca, eu só não te levo em casa, pois também bebi. Não estou em condições de dirigir. O meu funcionário está dormindo e eu não posso acordá-lo a essa hora. Além do mais, não quero que o seu pai te veja assim.

- Eu vou pedir um táxi - Diz pegando o celular em sua pequena bolsa na mesinha ao lado - Droga! Fiquei sem bateria...

- Beca, está tarde é perigoso pegar um táxi essa hora - Digo - Dorme aqui, eu prometo que amanhã bem cedo, eu te levo em casa.

- Dormir aqui? Na sua cama? - A morena gagueja e cora ao mesmo tempo.

- Sim - Sorrio suavemente - Eu vou dormir no quarto de hóspedes. Fica tranquila, eu não vou te atacar - Rimos.

- Tudo bem... - Diz resignada - Obrigada por ter cuidado de mim - Sorri e pousa a xícara vazia na mesinha ao lado da cama.

- Alguém tinha que fazer isso... - Dou de ombros - Bom, eu vou dormir - Beijo a sua testa - Boa noite, pequena...

- Lorenzo - Rebeca me segura pelo braço me impedindo de sair - Espera... - Eu a olho confuso vendo o seu rosto corar - Eu... eu preciso te dizer uma coisa...

Me aproximo novamente:

- Pode falar... - Digo sorrindo fraco - O que foi? - Pergunto em expectativa.

- Eu... Eu te amo... - Diz com os olhos marejados.

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