Rebeca
Um novo mês se inicia e com ele, a inauguração da minha grife com a Valentina e as aulas da faculdade. Logo a noticia da minha gravidez se espalha pelo Campus e ao contrário do que pensei, ninguém me julga por isso. Afinal não sou a primeira e nem a última garota grávida aos 18 anos. Estou sendo muito mimada pelos meus colegas e professores que se sensibilizaram com a minha situação.
Ao sair da Universidade vou para a minha primeira ultra. Infelizmente, o meu pai não consegue me acompanhar por causa do trabalho.
Convido então Valentina, Mártin e Andrey que aceitam na mesma hora. Me emociono ao ouvir o coraçãozinho do meu bebê batendo pela primeira vez.
Olho de relance e vejo os meus amigos encantados.
Após a consulta, vou para a grife com a minha amiga e abrindo o notebook, confiro pela milésima vez se Lorenzo respondeu o meu e-mail.
Dou um suspiro de decepção. Quase um mês e nada. Valentina percebe e pergunta:
- O que foi, amiga? - Mostro a tela do notebook e ela entende - Deve ser porque ele está muito atarefado na faculdade. Logo ele te responde - Se senta ao meu lado e me abraça pelos ombros.
A noite já no quarto e pronta para dormir, abro o notebook na esperança de encontrar algum e-mail. Suspiro decepcionada. Ele ainda não me respondeu. Por que será? Então tenho uma ideia, pego caneta, papel e começo escrever uma carta.
Lorenzo
O dia foi extremamente exaustivo, mas enfim posso relaxar.
Alguns colegas da faculdade me convidaram para sair, mas não estou afim.
Como os meus pais estão viajando e a minha irmã passando o final de semana em casa, dei folga aos empregados e resolvemos fazer a noite da pizza.
Ainda sinto falta dos meus amigos do México, mas não posso me comunicar com eles. Tenho muito medo do meu pai cumprir com a ameaça e tentar prejudicar a Rebeca ou o pai dela. Ele tem muitos amigos influentes. Então sei que pra ele aprontar algo, não custa nada.
Então troquei de número e desativei as minhas redes sociais.
Por um lado isso é bom: Quanto menos contato, menos lembranças e menos sofrimento. Tenho que focar nos meus estudos e sair debaixo das asas dos meus pais.
Isabella e eu preparamos nossas pizzas e ficamos na sala conversando e assistindo séries.
É um momento divertido, porém não consigo parar de pensar na Rebeca. Queria tanto saber como ela está agora!
Cartas para o Lorenzo
Cancún , 25 de agosto de 2017
Lorenzo
Hoje tem um mês que mandei um e-mail com a notícia da minha gravidez.
Não sei se você viu, mas por via das dúvidas resolvi te enviar esta carta.
Estou completando 2 meses de gestação. Hoje fiz minha primeira ultra.
Foi emocionante ouvir o coraçãozinho do nosso filho. Eu queria muito que você estivesse aqui acompanhando tudo isso.
Sinto sua falta...
Rebeca
-------------------------------------------------------------------------
Cancún, 24 de outubro de 2017
Lorenzo
Tudo bem? Como está indo na faculdade?
Eu estou entrando no quarto mês de gestação e morrendo de curiosidade pra saber se vamos ter um menino ou uma menina. Fiz uma ultra no terceiro mês, mas infelizmente não consegui ver.
Gostaria de saber como você está e o que achou da notícia de que vai ser pai.
Queria muito que você respondesse minhas cartas.
Com amor, Rebeca
-------------------------------------------------------------------------
Cancún, 27 de novembro de 2017
Lorenzo
Prometi a mim mesma que não te escreveria mais. Afinal, foram duas cartas e um e-mail enviados e sem respostas. Essa é a última carta que escrevo e é unicamente para te contar. Vamos ser pais de uma menina. Ela vai se chamar Liz. Era o nome da minha mãe...
Hoje ela mexeu pela primeira vez. Fiquei radiante quando senti. Achei que você merecia saber, apesar de constatar pelo seu silêncio que você não quer saber de mim e nem da nossa filha.
Tenho sofrido muito esses últimos meses esperando por alguma resposta sua.
Mas agora é definitivo: Não te procurarei mais. Vou criar minha filha sozinha e apesar de não esconder sua existência dela, serei o pai e a mãe que ela precisa.
Adeus. Seja feliz...
Rebeca
Rebeca
Mártin me acompanha ao correio onde coloco a última carta que escrevo para o Lorenzo. Realizamos nosso trajeto de volta em completo silêncio, até que sinto minha barriga pesar e peço ao meu amigo para nos sentarmos na praça para descansar.
Abraço-o chorando baixinho.
- Oh Beca... Me parte o coração te ver assim - Ele alisa meu cabelo.
- O Lorenzo não quer saber de mim e nem da nossa filha, Mártin - Digo com a voz embargada.
- Por que não vamos até a mansão dele? Você disse que ele tinha um funcionário muito simpático que o tratava como filho. Talvez esse homem possa ajudar - Meu amigo sugere.
- Não - Meneio a cabeça chorando - O Toni parece ser uma boa pessoa, mas é apenas um funcionário. Não acho que tenha influência sobre o Lorenzo e muito menos sobre os seus pais. Essas cartas chegaram até ele. Tenho certeza! O Lorenzo é que está me ignorando! Choro inconsolável. Mártin seca as minhas lágrimas com o polegar e me pega de surpresa com um beijo. Fico sem reação à princípio, mas de repente, o empurro de leve para afasta-lo - Por que você fez isso? - Pergunto sem graça.
- Porque eu te amo e não aguento te ver sofrendo por aquele babaca - Ele suspira indignado e pega as minhas mãos - Rebeca, você é a menina mais incrível que eu conheço e esse não merece uma lágrima por você - Ele faz um carinho no meu rosto - Eu estou disposto a fazer você e a Liz felizes, só preciso de uma chance. Casa comigo?
Arregalo os olhos assustada:
- Mártin, eu...
- Não precisa responder agora - Ele me interrompe - Mas eu prometo ser o melhor pai para a sua filha. Vou amá-la e protege-la como se fosse minha.
- Mártin, eu não posso aceitar isso - Olho em seus olhos - Eu também te amo, mas é como amigo, como um irmão mais velho. Além disso, eu não quero criar minha filha entre mentiras. Não quero esconder dela a existência do Lorenzo. Espero que você me entenda.
Ele abaixa os olhos, suspira e por fim responde:
- Você tem razão, Beca. Eu não tenho o direito de te propor isso. O lugar de pai é do Lorenzo. Só dele e ninguém pode ocupar, apesar de ele não merecer - Respira fundo - Esquece o que eu disse. Que tal se a gente tomar sorvete? - Sorrio entre lágrimas achando graça na mudança repentina de assunto - Isso é um sim?
- Ok, vamos - Sorrio enquanto enxugo as lágrimas - Mas com uma condição!
- Pode falar - O meu amigo responde.
- Mártin Gutierrez - Digo com um ar solene - Você aceita ser padrinho da Liz ? - Sorrio pousando a mão na barriga.
Meu amigo abre um grande sorriso e diz:
- Mas é claro que eu aceito, Rebeca! - Me abraça - Mas quem vai ser a madrinha?
- A Valentina, é claro! Ainda vou falar com ela, mas tenho certeza que vai aceitar - Respondo.
- Eu prometo que vou mimar muito essa princesa - Diz pegando minhas mãos - Vou ser o padrinho mais babão do mundo.
De repente me detenho e coloco a mão na barriga:
- Mártin! Ela chutou ouvindo a sua voz - Me emociono.
- Sério? - Ele sorri, se aproxima mais e me olha fazendo menção de tocar minha barriga - Posso?
- Claro que pode, Mártin! - Dou uma risadinha - Conversa com ela.
Ele se ajoelha pousando a mão sobre o meu ventre e diz:
- Ei princesa! Não vejo a hora de te conhecer. O padrinho já te ama muito - Beija minha barriga e emocionados, nos abraçamos.
Após tornarmos sorvete, Mártin me leva para a grife onde eu encontro a minha amiga.
O convite para ser madrinha, é aceito por Valentina com gritinhos e abraços.
Apesar da rejeição do Lorenzo, sinto que a minha pequena vai ser muito amada, pois sou rodeada de pessoas maravilhosas.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 118
Comments
Maria De Fatima Carvalho
acredito que o pai dele não deixou ele ver as cartas isto sim
2024-10-05
1
Solange Araujo
Eles não sabem a verdade, poderiam não julgar o Lourenço também sofre com tantas ameaças...
2024-10-04
0
Marta Monteiro
Tudo aconteceu sem o Lorenzo saber de nada, ele vai odiar o pai 😡
2024-07-31
2