Seguindo em frente

Um mês depois...

Lorenzo

Tento ler um livro enquanto espero o sono chegar. Amanhã é o aniversário da Rebeca e da Valentina . Eu queria muito ligar ou enviar uma mensagem, mas não posso. Tem um mês que estou em Milão. Assim que desembarquei, fui recebido pelos meus pais e Bella. Minha irmã já sabia da minha história com Rebeca, mas nem tocou no assunto.

Os primeiros dias foram bem difíceis. Passava trancado no meu quarto sem querer ver e nem falar com ninguém. Não comia e nem dormia, só sabia pensar na Rebeca e chorar. Até que adoeci e fiquei de cama passando semanas em repouso absoluto.

Flashback on

É madrugada e ando pela sala lentamente para não acordar ninguém.

Sonhei com Rebeca e acabei perdendo o sono. Faz apenas alguns dias que vim embora, mas parece que já se passaram décadas. A dor que eu estou sentindo não tem tamanho. Tenho perdido completamente a vontade de viver.

Aos prantos, observo a noite escura e fria pela janela da sala. O que eu vou fazer sem você, Rebeca?

De repente sinto uma tontura e tudo escurece em minha volta.

(...)

Acordo com Bella sentada na cama ao meu lado enquanto escuto a voz dos meus pais conversando com alguém na sala.

- O que houve? - Pergunto confuso enquanto tento me levantar.

- Encontramos você desmaiado na sala e ardendo em febre - Isabella responde suavemente alisando o meu rosto - Felizmente a temperatura abaixou, mas ficamos preocupados. O papai e a mamãe estão na sala conversando com o médico. Você nos deu um susto, maninho!

- Minha cabeça dói - Digo massageando as têmporas.

- Claro né, Lorenzo! Você está há três dias sem comer nada, sem dormir. Sabe lá Deus como ainda está vivo! - Suspira - Irmãozinho...não se torture assim... - Ela me olha com tristeza - O médico disse que você está desidratado e precisa de repouso absoluto até se recuperar por completo. Você ficou tão mal que até chamou pela Rebeca enquanto delirava.

Meus olhos ficam marejados e enquanto eu me encosto na cabeceira, os meus pais entram.

- Filho! - Minha mãe pega as minhas mãos - Que bom que você acordou!

- Lorenzo, precisamos conversar - Meu pai diz sério.

- Pai, eu já fiz a sua vontade. Me mudei e me afastei de todos. Não temos mais nada pra conversar - Eu o encaro com rancor. Afinal se estou sofrendo é culpa dele.

- Eu sei que você está ressentido comigo. Mas é questão de tempo pra você superar tudo o que aconteceu. Aqui você vai ter muitas oportunidades de ser um profissional tão bem sucedido quanto eu. E também vai fazer amigos muito melhores do que os do México. Mas você precisa estar aberto a isso - Meu pai diz - Trancado no quarto e fazendo greve de fome, você não vai conseguir nada.

- E o que você sugere já que é o dono da verdade? - Pergunto com deboche.

- Olha,eu vou ignorar essa sua insolência porque eu sei que você está magoado. Mas respondendo a sua pergunta, eu te aconselho a sair, conhecer gente nova e desativar suas redes sociais pelo menos por um tempo - Meu pai diz - Troque de número também. Quanto menos contato com esses seus amigos mexicanos e principalmente com essa tal de Rebeca, melhor. Você é jovem, rico, bonito, com um futuro brilhante e tenho certeza que no momento certo vai encontrar alguém do seu nivel.

- Filho... - Minha mãe diz docemente - Eu sei que você gosta dessa moça, mas o melhor agora é esquece - la. Pelo bem de todos - Suplica.

- Como assim pelo bem de todos? - Pergunto sem entender - Pelo bem de vocês! - Digo exaltado. Eu e a Rebeca nos amamos. E assim que eu sair dessa cama, a primeira coisa que vou fazer é entrar em contato com ela. Eu já estou aqui, não estou? Vocês me obrigaram a vir morar nesse país, mas não podem me afastar das pessoas que eu amo.

- Não se atreva! Eu te proíbo de falar com essa menina! Se você não me obedecer, ela vai sofrer as consequências. Quero você bem longe dessa pobretona - Meu pai diz.

Olho para ele perplexo:

- Você seria capaz de fazer mal a Rebeca, pai?

- Não me desafie, Lorenzo - Me olha com o ar de ameaça - Ou se afasta dela e dessa corja que você chama de amigos ou vai se arrepender. Eu sou capaz de qualquer coisa pra proteger o nome da minha família!

Ouço meu pai em silencio e digo em seguida:

- Preciso ficar sozinho.

Meu pai assente sério antes de dizer:

- Ok, meu filho. Mas saiba que tudo o que eu estou fazendo, é porque eu te amo - Dá um leve tapinha no meu ombro e se retira.

Minha mãe faz um carinho no meu rosto e acompanha o meu pai.

Isabella me olha com os olhos marejados e beija minha testa, retirando-se também em seguida.

Sozinho, choro até adormecer novamente.

Flashback off

Interrompo os meus pensamentos ao conferir o horário e me lembro que preciso dormir, pois amanhã tenho prova bem cedo.

Rebeca

Tem um mês que Lorenzo foi embora. Nem notícias dele temos mais. Segundo Andrey e Guilhermo, ele sumiu das redes sociais e o celular só dá caixa postal.

As nossas aulas na faculdade começam em algumas semanas. Valentina e eu vamos estudar na mesma sala. É uma pena que Jazmin, Kira e Cibelle tenham escolhido outras graduações, pois o nosso grupo não vai mais poder se reunir diariamente como nos tempos de colégio, mas tudo bem.

 O importante é que a nossa amizade continua firme e forte.

Hoje completo 18 anos, o meu pai me acordou com um delicioso café da manhã na cama e um par de brincos de presente antes de ir trabalhar.

Coincidência ou não, hoje também é aniversário de 18 anos da Valentina. Desde quando chegamos à mansão, a minha amiga faz questão de comemorar junto comigo.

Quando éramos crianças, a Dona Mariana fazia uma festa dupla todos os anos com direito a bolo, velinha, brigadeiro e tudo o que uma festa de criança tem direito.

Porém hoje, estou cheia de encomendas pra entregar. Então resolvemos marcar com os nossos amigos de passarmos a tarde no shopping amanhã já que será sábado.

Hoje de manhã, recebi diversas mensagens e presentinhos de todos. Quer dizer: De todos, menos do Lorenzo.

Tento não pensar nele e focar no trabalho, afinal hoje é o que não falta.

Valentina passou aqui de manhã para me dar um abraço, mas não pôde ficar muito, pois precisava sair com a mãe para resolver umas coisas. Elas estão cheias de mistério, mas a minha amiga prometeu me contar o que está havendo assim que chegar.

Estou pendurando na arara da sala, algumas peças que acabei de fazer. Jazmin veio me visitar e enquanto colocamos o papo em dia, ela me ajuda. De repente sinto uma forte tontura.

- Rebeca! O que você tem? - A morena pergunta preocupada enquanto corre pra me amparar.

- Eu estou bem, Jaz. Foi só uma tontura - Digo apenas para não preocupa-la.

A verdade é que há alguns dias, tenho tido esses sintomas e alguns enjoos. Até o cheiro da comida da cozinheira da mansão me fez mal esses dias.

- Não é o que parece! De uns tempos pra cá, tenho percebido você muito abatida. Acho que deveria ir ao médico.

Antes que eu responda, vejo Mártin entrar sorrindo segurando algumas sacolas e dizendo:

- Oiê! É aqui que mora a melhor costureira de Cancún e aniversariante... - Ele pára de falar e o seu sorriso se desfaz ao me ver - Rebeca? Está tudo bem? Você está pálida! - Se aproxima rapidamente largando as sacolas em uma poltrona e colocando a mão no meu rosto.

- Foi só uma tontura, Mártin - Digo.

- Você deve estar é com fome - Jazmin comenta - Estou aqui desde cedo e ainda não te vi comer nada.

- Ah mas isso não é problema! - O loiro diz triunfante - Eu imaginei que vocês não tivessem se alimentado e trouxe alguns lanches que acabei de comprar.

Olho para as sacolas e meu estômago revira. Corro para o banheiro e vomito. O que está acontecendo comigo? Ouço batidas na porta.

- Beca! Sou eu, a Jazmin!

Antes de abrir, dou descarga e lavo a boca rapidamente.

- Eu estou melhor, amiga - Digo saindo do banheiro.

- Beca, eu sei que é muito invasiva a pergunta que vou te fazer, mas... aquela noite em que você e o Lorenzo... você sabe... Vocês se cuidaram?

Olho minha amiga aterrorizada ao me dar conta do que pode ser todo esse mal-estar dos últimos dias.

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