Uma difícil escolha

Lorenzo

Meu nome é Lorenzo, acabei de completar 20 anos,sou italiano mas moro em Cancún desde os quatro anos de idade. Os meus pais são donos de uma grande rede de indústrias têxteis com várias filiais espalhadas pelo mundo.

Desde criança escuto o meu pai dizer que eu e minha irmã Isabella, seremos seus sucessores.

Pode-se dizer que ele sempre nos controlou com mãos de ferro. E nunca perdeu a oportunidade de me comparar com a minha irmã.

Bella que é três anos mais nova que eu, sempre foi a boa menina que acatava todas as ordens. Já eu era considerado o rebelde sem causa que vivia se metendo em confusões.

O que meus pais nunca perceberam é que tudo o que eu fazia era pra chamar a atenção. Eles sempre estavam ocupados demais com trabalho e vida social além de não esconderem a preferência pela caçula.

Nunca tinham tempo para mim. A única pessoa que me ouvia, era a minha irmã.

Porém quando ela completou quinze anos, ganhou a bolsa que tanto queria para estudar em um dos melhores internatos de Milão e viajou me deixando completamente só.

 Eu sentia muita falta ds minha irmã e buscando fazer mais amigos pra me distrair, acabei me descuidando dos estudos e me envolvendo em vários conflitos na escola. Além disso, fui reprovado duas vezes seguidas no nono ano e acabei sendo expulso do colégio.

Meu pai ficou furioso e só não me colocou em um colégio militar fora do país porque a minha mãe o convenceu a me dar outra chance. Com isso, fui matriculado no melhor colégio de Cancún e ele passou a controlar mais ainda as minhas notas e a minha vida.

Em meu primeiro dia de aula no novo colégio, me senti um pouco deslocado. Não conhecia ninguém e era o único garoto de dezesseis anos em uma sala de Ensino fundamental.

O primeiro amigo que fiz foi o Andrey que logo me apresentou ao resto da galera. Foi aí que eu conheci a Rebeca. Confesso que a primeira coisa que me chamou a atenção foi seu rosto angelical. Até pensei em torná-la a minha nova conquista, mas quando vi que ela era diferente das outras meninas que eu era acostumado a ficar, desencanei. Não estava afim de me apaixonar. Começamos a conversar após fazermos juntos um trabalho de Lingua Espanhola que salvou o meu bimestre.

Além de gata ela era muito inteligente. Confesso que sentia um frio na barriga cada vez que pensava nela, mas negava esse sentimento a mim mesmo. Não podia me apaixonar. O meu pai do jeito que é, nunca me aceitaria namorando uma garota pobre.

Fiz de tudo pra esquecê-la, até tentei ficar com uma garota da festa da Jazmin,mas foi em vão.

Certo dia, cheguei triste ao colégio depois de uma discussão feia que tive com o meu pai. Rebeca me ouviu, me confortou e aconselhou. Foi aí que percebi o quanto estava apaixonado por essa garota. Mas nunca tive coragem de assumir.

 Então resolvi ficar na minha. Durante todos esses anos, permanecemos sendo apenas colegas de classe.

Mas há alguns dias decidi que iria me declarar.

Já se aproximava o fim das aulas e eu tinha planejado tudo, desde a compra das flores até o pedido oficial.

Porém ao chegar em casa, o meu pai comunicou que após a formatura, nós nos mudaríamos para Milão. Segundo ele, a universidade de lá é muito melhor do que a de Cancún e ele queria retornar ao nosso país natal para ficar mais perto de Isabella. Nem preciso dizer o quanto essa noticia me abalou. Eu insisti que os meus pais me deixassem ficar, mas além da minha mãe alegar que não conseguiria viver sem mim, meu pai jogou na minha cara que enquanto eu fosse sustentado por ele, teria que obedece-lo. Tentei argumentar de diversas formas, mas ele não quis me ouvir.

Flash back on

- Eu estou preocupado com o seu futuro, Lorenzo. Em Milão, você pode estudar em uma das melhores universidades e se tornar o meu sucessor quando eu não estiver mais aqui - Meu pai diz.

- Aqui eu também tenho a possibilidade de estudar. Em Cancún também existem boas universidades, papai - Insisto - Se vocês quiserem, podem ir. Eu quero ficar. Pensa bem, pai. Eu posso ser de grande ajuda ficando em Cancún. Posso dirigir a filial daqui para o senhor. A minha vida é nessa cidade. Eu demorei para superar a partida da Isabella. Demorei a me enturmar no novo colégio. Agora eu sou feliz de verdade. Tenho vários amigos que gostam de mim e... - Hesito - Além de tudo eu estou gostando de uma garota. Não quero ficar longe da Rebeca.

- Rebeca... - Meu pai repete com um ar de desdém - Por acaso essa Rebeca é aquela garota costureira? Filha do empregado de Mariana Gutierrez?

- S-sim, pai - Gaguejo hesitante- A Rebeca pode não pertencer a nossa classe social, mas ela é uma garota incrível e eu gosto dela.

Meu pai ri com sarcasmo antes de dizer:

- Agora é que você vai mesmo para Milão! Quero você bem longe dessa pobretona. Eu não criei filho para namorar garotas de baixo nível.

- E se eu não quiser ir? - Desafio - Eu já sou maior de idade. Eu posso responder por mim mesmo.

- Lorenzo... - Meu pai ri debochado - Acorda para vida, moleque. Você é sustentado por mim. Todos os luxos que você ostenta, sou eu é quem pago Se você vai conseguir estudar em uma faculdade decente, é porque eu vou bancar. No dia em que você não depender do meu dinheiro pra nada, a gente conversa. Mas enquanto isso não acontece,vai fazer somente o que eu quero. Caso você me desobedeça, eu…

- O senhor o quê,pai? - Inquiro.

- Eu te deserdo e mexo os meus pauzinhos para você nunca conseguir emprego em lugar algum. Você sabe que eu tenho influência suficiente para isso. Além do mais, se você me desobedecer, nunca mais vai ver a sua mãe e nem a sua irmã. Você vai ser totalmente excluído da família - Ameaça.

- Enrico,por favor! Não fale assim com o menino! - Minha mãe tenta intervir.

- Não se meta, Beatrice! - Meu pai brada.

Fico trêmulo ao ouvir o que ele diz. Eu não tenho medo de ser deserdado. Graças a Deus, tenho força e saúde suficiente para trabalhar no que for e conseguir as minhas coisas por mérito próprio. Mas conheço o senhor Enrico Borelli e sei que ele pode me prejudicar de várias formas. Inclusive me afastando da minha mãe e da Isabella que são tudo pra mim.

- Pai... - Tento persuadi-lo.

- Isso não está mais em discussão, Lorenzo - Me interrompe - Você vai para Milão conosco e assunto encerrado. Já pode começar a se despedir dos seus amigos - Se retira.

Minha mãe então comovida, me abraça e diz:

- Meu filho... Você conhece o seu pai. Pra quê vai contraria-lo?

Flash back off

Desde esse dia, resolvi então me calar e não falar com Rebeca sobre os meus sentimentos mesmo isso me partindo o coração.

Sei que eu deveria lutar pela minha felicidade. Mas se eu continuar batendo de frente, o meu pai vai cumprir a ameaça. E por mais que eu ame a Rebeca, pensei no que ele disse sobre acabar com a minha vida profissional. Do que Rebeca e eu iremos viver se ele me prejudicar no mercado de trabalho?

Pelo meu futuro, serei obrigado a abrir mão do meu grande amor e isso me dói muito.

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