Capítulo 19 . Percepções.

Derick volta a sala onde se reuniram com Micaela, agora percebe o sorriso cínico de Dione e Elton, a maneira como Elton citava as quantias desviadas e as datas com tanta precisão, era o contador como não percebeu os desvios antes?

Agora consegue perceber como Micaela ficou confusa, não entendia do que falavam porque a culpavam. Era realmente inocente, uma vítima da ganância de outros.

Derick se arrepende de não ter feito nada, de deixarem a culpar, a humilharem, não conseguiu sequer olhar nos olhos dela, foi realmente um fraco, de não ter saído atrás dela, poderia ter evitado o acidente, que ela perdesse o bebê e desaparecesse. Tenta gritar, dizer-lhe que o perdoe, a voz não sai, e puxado de lá, o seu coração está pesado, triste, não consegue se conformar, como não percebeu tudo quando devia?

Andreia fica impressionada a cada novo detalhe contado por Micaela, um nó em sua garganta, uma raiva daqueles que fizeram tanto mal a sua amiga.

— Senhor Olavo culpava-me e eu não entendia do que, Elton colocou uns papéis na minha frente apontando para minha assinatura

"Elton: — Não há como negar o que fazia! Diga se não é sua assinatura?"

— Lembrei-me dos dias em que não estava bem, confiei e assinei sem ler alguns contratos, Elton era o contador, Jonas confiava nele, outro erro que cometi.

"Olavo: — Por mim você ía direto daqui para a cadeia! Não farei isso a pedido de Derick, vou dar-te a oportunidade de devolver tudo que roubou, se fizer isso a deixarei ir. Porém nunca mais quero ouviu falar no seu nome ou ver a sua cara."

— Eu disse mil vezes que não sabia do que falavam, que era inocente, mas não adiantou. mostraram-me o montante que devia, todas as minhas economias não dariam para pagar. Elton veio-me com um papel em que eu transferia tudo que eu tinha, tudo, meu carro, meu apartamento, minhas economias para a empresa cobrindo o valor.

"Elton: — Se assinar isso poderá sair daqui sem mais complicações, não a denunciaremos a polícia."

"Olavo: — Assine isso logo dê o fora dessa empresa para nunca mais voltar." - Me disse ríspido.

— Eu não aguentava mais a pressão, o que eu poderia fazer contra eles? Então eu respondi: — "Eu assino, mais estão enganados! Jamais faria isso!"

O que mais me magoou foi olhar para Derick e ele não me encarar, perceber que ele também não acreditou em mim.

Eu assinei os papéis e Dione se ofereceu para me acompanhar até a saída

"Dione: - Eu a levo até a porta da rua, vou garantir que não leve nada que não lhe pertença."

- Me senti tão humilhada que só peguei minha bolsa e sai dali, Dione foi atrás de mim, ele tinha um sorriso tão malicioso que me deu medo.

"Dione: - Tem vinte e quatro horas para desocupar seu apartamento, Mica. Se pedir com jeitinho posso lhe dar mais uns dias."

— Sai dali correndo, lágrimas de raiva, mágoa e injustiça desciam pelo meu rosto. Fui ao meu apartamento, peguei algumas coisas coloquei tudo numa mala, já estava a sair quando Elton aparece na minha porta me ameaçando.

"Elton: — Só vim avisar para você dar um jeito de desaparecer, não queira bater de frente com os Medeiros, poderá perder muito mais do seu dinheiro e emprego."

— Ele estava-me ameaçando, eu não tinha nada mais além do que trazia na mala e no ventre. Sai sem rumo, como o pai do meu filho estava a fazer isso comigo? Que dedo podre tive para o escolher! Estava assim tentando ainda assimilar tudo, chorando de raiva, de mágoa quando olho e vejo Derick vindo na minha direção. — lágrimas descem pelo rosto — não queria mais ser humilhada, sai a correr sem olhar... um motoqueiro me pegou em cheio…

Acordei no outro dia, no hospital, havia perdido tudo! Tudo! — passa a mão na barriga.

Andreia: — É a família que está no hospital não é!? Do jato que caiu!

Mia: — É. São eles. Derick estava do meu lado no hospital, fingi dormir para não ter que tentar explicar de novo a minha inocência. Quando ele saiu, arranquei o soro, vesti uma roupa, pequei a minha mala que ele havia levado para o hospital e vim parar aqui. O resto você sabe.

Andreia: — É esse Derick que está no hospital? Porque então quer vê-lo? Era, ou melhor é apaixonada por ele?

Mia: — Talvez tenha sido, não sei, mais tinha um carinho imenso por ele. Gostaria de ver se está melhor, não queria que Paulo soubesse que eu os conheço.

Andreia: — É mesmo. Tem o Paulo! O que sente por ele?

Mia: — Estou a descobrir! Logo agora que decido deixar-me envolver por alguém, eles retornam. E tem mais, encontrei com senhor Olavo e ele insinuou-me que sabe agora da minha inocência.

Andreia: — Tanto tempo depois? Você acredita nisso?

Mia: — Eu não sei se vale a pena mexer com o que já estava enterrado a tanto tempo. Trazer todo o sofrimento de volta.

Andreia: — É para provar a sua inocência, limpar o seu passado. Talvez até consiga uma indenização!

Mia: — O dinheiro não me importa. Quero é justiça, que os verdadeiros culpados paguem pelo que fizeram a empresa Medeiros e a mim.

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