Mia decide ir ao hospital não tanto para agradecer a Paulo, precisa saber quem da empresa Vison está em estado grave. " Será Derick? ou Dione? Ou... Elton? Ou até o grande senhor Olavo? Só de pensar qual deles um frio percorre sua espinha. Um por ódio, outro por mágoa e o outro por paixão.
Andreia quer ir junto, Mia diz que não precisa e pede-lhe para cuidar da loja. Na verdade, Mia não quer que Andreia perceba que ela conhece os pacientes de Paulo, ainda não está preparada para enfrentar tudo. Mia só quer saber como estão, não deixará que eles a vejam, que descubram onde ela refez a sua vida, só quer ver quem está em estado grave, seja quem for faz parte de um passado que pretende deixar onde está, no passado.
Mia prende os cabelos num rabo de cavalo, pega um óculos escuro e sua bolsa, coloca ração e água para os seus bebês.
Andreia: — Vou dar-lhe uma carona até o hospital, de lá vou para loja. Espere só um minuto. - insiste.
Andreia pensa em ver Miguel, por isso insiste em acompanhar Mia, em um minuto está pronta. Mia até dirige, mais não gosta por isso não tem carro e é Andreia que sempre as leva quando necessário. No carro Mia está mais calada que de costume.
Andreia: — Não está se sentindo bem? Está estranha.
Mia: — Mais ou menos. Ainda não sei, por isso estou indo ao hospital.
Andreia: — Não seria para ver Paulo seria?
Mia: — Sinceramente não sei, gostei de sair com ele, só que depois que George sumiu, não sei mais se devo continuar, ele deve me achar uma maluca depois de me encontrar no meio da chuva atrás de um gato.
Andreia: — Paulo não é como um gato, não vai sumir assim, apesar de ser um. Você me entendeu! Deveria dar uma chance a vocês, não lhe faria mal tentar.
Mia: — Entendo... Vamos mudar de assunto, e você e o porquinho? Vi como estavam no barzinho, ele parece gostar mesmo de você.
Andreia: — Acredito que estou apaixonada! Porque pensa que insisti tanto em vir com você, quem sabe me esbarro com ele no hospital.
Mia: — Eu torço por você. Merece ser feliz com alguém que lhe valorize, que saiba a mulher incrível que é minha amiga.
Andreia sorri:— Também merece o mesmo, tem que deixar o que houve no passado para trás, interrar o que está a impedindo de ser feliz.
Chegam ao hospital, logo na entrada encontram com Miguel, Andreia dá a desculpa de trazer Mia para se consultar com Paulo, Andreia está com sorriso enorme no rosto, Miguel também. Miguel diz a Mia para procurar Paulo na área da internação, mostra-lhe como chegar até ele e fica a conversar animado com Andreia. Mia segue pelo corredor, bem devagar, está ainda indecisa se é o certo a fazer, uma voz lá no fundo do seu íntimo diz-lhe que precisa saber como estão, os ver, sua consciência lhe diz que não merecem sua preocupação. Vai a murmurar os números dos quartos que Miguel disse que Paulo poderia estar.
Tenta não fazer nenhum barulho, chega a porta do primeiro quarto, com cuidado, olha para dentro, não é ninguém que conhece. O seu coração começa a bater acelerado, parece que vai sair pela boca. Respira fundo, continua a sua procura, no próximo quarto está Dione, com a perna engessada e para o alto, no leito ao lado está Elton, "Elton, esse poderia ter ido para o...
deixa de pensar besteira Mia" — pensa. Os dois estão a dormir, parecem estar bem. Ouve uma movimentação no quarto a frente com a porta fechada, olha pelo vidro. É Derick, está cheio de aparelhos e desacordado, uma enfermeira toma conta dele, sente um nó na garganta, o seu coração pede para entrar lá e falar com ele, o tocar, coloca a mão na maçaneta...
Paulo: — Mia!? Você veio! Está melhor?
Mia se vira para ele sem jeito: — Estava-te procurando. Miguel disse-me para vir aqui, te encontrar.
Paulo: — Vamos para meu consultório, lá podemos conversar mais sossegados.
Mia sorri sem jeito e o segue: — Queria agradecer-lhe por ontem e pedir-lhe desculpas pelo transtorno que lhe dei.
Chegam ao consultório, Paulo abre a porta e aponta a cadeira para Mia.
Paulo: — Não causou transtorno nenhum. Eu precisava lhe dizer porque não cumpri o que prometi. Posso examinar-te? Parece meio desanimada, um pouco pálida.
Mia: — Acho que me resfriei.
Paulo a examina, coloca o termômetro, olha a sua garganta, toca o seu pescoço com as pontas dos dedos, sente a sua pele macia, percebe que Mia está tristonha, parece não se importar consigo mesma.
Paulo: — Está com alguma dor física?
Mia: — A garganta queima um pouco.
Paulo: — Está com um pouco de febre, vou passar-lhe um antibiótico. Prefere comprimidos ou injeção?
Mia: — Prefiro injeção.
Paulo: — Vou ter uma folga em meia hora. Gostaria de tomar um café comigo?
Mia: — Acho que não seria uma boa companhia hoje.
Paulo: — Eu insisto. Tenho certeza que não comeu nada hoje, precisa se alimentar e a lanchonete daqui tem um lanche muito bom.
Mia concorda com a cabeça, pega a receita da sua mão: — Está bem. Vou tomar a medicação e espero-te na lanchonete.
Mia sai, Paulo chama o seu último paciente. Ela toma o remédio receitado e volta até a porta do quarto de Derick, o observa por alguns segundos, se vira para ir à lanchonete e dá de cara com senhor Olavo.
Olavo: — O quê você faz aqui? Senhorita Micaela Rodrigues! Pensei que nunca mais a viria!
Mia: — Eu... Eu já estava a ir embora, com licença senhor Olavo...
Olavo: — Viu Derick? Como ele está?
Mia: — Não entrei. Só o vi pelo vidro. Com licença. - Passa por ele e vai saindo.
Olavo: — Micaela!? Espere!?
Mia se vira: — Não guardo nenhuma mágoa de você. E... agora sei que não teve culpa nenhuma.
Mia: — Agora!? Agora é um pouco tarde demais não acha!?
Olavo: — Talvez não. Está aqui não está!?
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Atualizado até capítulo 48
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