Capítulo 17 . De volta ao presente.

No hospital Derick continua na mesma, em coma induzido. Olavo tentou convencer Dione a ir com ele para capital, não conseguiu. Preferiu continuar onde estava até conseguir andar pelo menos de muletas. Doutor Paulo diminui gradualmente os sedativos de Derick tentando uma reação, já era para ele ter recobrado a consciência, talvez não queira voltar a realidade.

Jane não deixa o seu posto ao lado de Derick por nada. Dione e Elton quiseram por várias vezes entrar no quarto, querendo o ver, com esperteza e educação ela evitou que o fizessem.

Jane: — Porquê não acorda? O quê houve com você que não quer voltar a realidade? — passa suavemente as costas das mãos no seu rosto. — Tem um mundo todo o esperando aqui. É jovem, lindo, tem dinheiro, o que não o deixa voltar? Gostaria tanto de ouvir sua voz, sua opinião sobre o que leio, a cor de seus olhos, seu sorriso...

Depois da ligação de Dione, Micaela sente uma raiva, uma angústia invadir o seu ser, levou tanto tempo tentando esquecer e enterrar o passado e ele retorna com tudo. Como Dione conseguiu seu telefone particular? O que quer com ela depois de tudo que causou? George se aninha no seu colo, parece perceber que ela não está bem, encosta sua cabeça em seu pescoço pedindo e dando carinho.

Mia: — George, o que faço agora? As pessoas que me destruíram, tiraram de mim o que eu tinha de mais precioso estão de volta. Acredito que não tenho forças para reviver tudo de novo. Nem quero mais fugir, amo essa vida que levo aqui, agora com Andreia, você, os bebês...

Os gatinhos parecem a ouvir, brincam ao seu redor fazendo bagunça, George os repreende.

Mia: — Deixe-os brincar George, não se lembra de quando era como eles? A sua alegria salvou-me, tirar você daquele saco cheio de lama, do meio dos seus irmãos sem vida, ver você sobreviver aos que seus donos fizeram, crescer, apesar de tudo sobrevive, vence. Agora quem está perdida, presa no alto de uma árvore sou eu, sem saber como sair de lá.

Mia desce a sua mão ao ventre, uma lágrima desce pela sua face ao se lembrar do vazio e tristeza que sentiu quando a sua sementinha foi arrancada de si, o amava e perde-lo foi como perder a fé na vida, a esperança.

o celular toca, Mia seca o rosto, coloca George na cama e atende o celular, é Paulo.

📱Acordei você?

📱Não. Estava conversando com George.

📱É? E ele falou de mim? Ele prometeu ajudar-me com a dona.

📱Ele é agradecido por ajudar-me a encontrá-lo.

📱Mia será que poderia vir ao hospital? Estou com saudades de você, queria ver-lhe e não posso sair até amanhã a noite quando o outro médico chegar.

Mia pensa um pouco, não quer encontrar Dione, mais gostaria de saber como Derick está e ir se encontrar com Paulo é um bom motivo para ir até ele.

📱Está com saudades é? Posso chamar Andreia? Ela também deve estar com saudades de Miguel.

📱Ele vai ficar feliz, está de plantão também. Esperamos vocês na lanchonete. Dentro de uma hora pode ser?

📱Até daqui uma hora então.

Mia liga para Andreia que em alguns minutos buzina a chamando. No carro, Andreia percebe que Mia está aflita.

Andreia: — O que está a acontecer Mia? Pensei que ia encontrar-te com um imenso sorriso nos lábios. Paulo, além de um gato é educado, respeitador e está apaixonado por você. E vai o encontrar com essa cara?

Mia: — Não é Paulo que me aflige. Amiga, encosta o carro se quiser ouvir, tenho uma longa história para lhe contar.

Mia conta a amiga o que aconteceu entre ela e os irmãos Medeiros, a aposta, a bebedeira, sua gravidez…

... Quando as minhas férias terminaram voltei a empresa, percebi que me olhavam de uma maneira diferente, imaginei que fosse pelo que aconteceu entre mim e os irmãos, a minha gravidez ainda não era aparente e ninguém além de Derick sabia dela. Se lembra daquela mulher no dia da inauguração da nossa loja nova? Rosi? Era uma dessas pessoas na empresa que sabem de tudo, era a pior, via-me e ficava de cochichos com outros funcionários. Eu continuei o meu trabalho, aquentei durante uma semana esse clima, até que fui chamada a sala do presidente, senhor Olavo Medeiros. Entrei na sala sentindo que algo grave iria acontecer. Ainda pensei comigo: "Se ele me demitir eu dou um jeito, fui uma funcionária exemplar não terei dificuldades em arrumar outro emprego."

Andreia: — Mais Derick não havia prometido ajudar-te? Ele era apaixonado por você não era?

Mia: - Outra coisa que me incomodou, Derick não havia me procurado na última semana, não o vi na empresa nem uma vez, não me ligou nem para saber como eu estava.

Quando entro na sala, lá estão o senhor Olavo, Jonas, Dione, Elton e Derick. Derick estava com a fisionomia triste, olhando para baixo, não conseguia encarar-me. Cumprimentei a todos e senhor Olavo aponta-me uma cadeira para sentar-me.

Eu não entendia porque eles estavam lá, para me demitir seria apenas senhor Olavo, não precisava deles todos.

Olavo: — Senhorita Micaela, a chamei aqui porque temos um assunto muito sério para tratar.

Ele me olhava com seriedade e até um pouco de raiva. Eu fiquei calada, sabia que havia errado me envolvendo com os filhos do chefe e ele tinha motivo para me demitir.

Olavo: — Eu jamais imaginei que você seria capaz de fazer o que fez. Não entendo como uma garota inteligente como você se envolve em algo desse tipo.

Eu olho para Derick que continua a olhar para o chão, olho para Dione e Elton, o que observei no olhar deles deu-me um calafrio, Jonas balançava a cabeça como se estivesse decepcionado comigo. A voz do Senhor Olavo ecoava por toda a sala.

Olavo: — Você tinha tudo para se destacar no mundo dos negócios, o dinheiro e o poder subiram-lhe a cabeça? E ainda envolve meus filhos nisso tudo?

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