Capítulo 12 . Lembranças.

Mia tem uma noite conturbada, passado e presente se misturam nos seus sonhos, ou melhor, pesadelos, o que senhor Olavo lhe disse não lhe sai da cabeça. Será que é o destino lhe dando uma oportunidade de provar a sua inocência? Mia não almeja mais a vida que levava, o que desejava antes não é o que deseja agora. Dinheiro e status não lhe agradam mais. A oportunidade de colocar tudo no seu lugar, limpar o seu nome e a sua honra lhe farão bem?! Ou seria melhor deixar tudo para trás? Seguir o rumo que escolheu tomar enterrando o que passou? Vivendo sua vida em paz longe da família Medeiros e do que causam?

O beijo de Paulo também mexeu muito com ela, um beijo doce, carinhoso, tão diferente dos beijos de Derick e...

Derick! Derick era gentil, romântico, carinhoso, sempre que se encontravam nos corredores da empresa dava-lhe aquele sorriso lindo. Um rosto bem desenhado com uma covinha irresistível do lado esquerdo do rosto que se destaca quando sorri.

Sempre dava um jeito de conversar com ela, lhe presentear com um doce ou uma surpresa, perguntar como estava, tocar a sua mão...

Mia não estava interessada em namorar ou ter qualquer compromisso com ninguém, sempre foi sozinha, o seu objetivo era fazer o seu futuro, se tornar uma mulher admirada e reconhecida pela sua capacidade, se tornar poderosa no mundo dos negócios. A atenção de Derick, o respeito com que a tratava foi a conquistando lentamente, tocando o seu coração, mexendo com os seus sentimentos…

Então tudo fica confuso em seu coração quando Dione começa a a assediar e ele era o oposto de Derick, forte, másculo, homem de academia, muito bonito também, até mais que Derick, ele cercava-a nos corredores a pegando de jeito, a colocando contra a parede e a beijando, nas primeiras vezes sem o seu consentimento, beijos roubados, depois de um tempo Mia ficava ansiosa por o encontrar, por sentir-se desejada. Dione tinha "a pegada", era irresistível, qualquer mulher caía aos seus pés. E ainda tinha Elton, sim, Elton, um ambicioso e puxa saco querendo subir a custas de bajulação e intrigas, capaz de tudo por um cargo na presidência, amigo de Dione, sempre juntos. Comandando tudo o senhor Olavo, honesto, justo querendo a todo custo que um dos filhos assumisse o seu lugar na empresa e o gosto pelos negócios.

Mia balança a cabeça para esquecer tudo, inexperiente no quesito sentimentos e no meio de tubarões, deixou ser ludibriada, brincaram com ela, com seus sentimentos, com sua inteligência, com a sua moral…

Toma um banho, toma os seus remédios e dá os de George, faz um café, toma e desce para abrir a loja, combinou com Andreia de revezarem com a loja nova, até as meninas contratadas se acostumarem com tudo. Com Mia trabalha há muito tempo Claudio, um rapaz, alegre e esforçado colocado na rua por sua família devido a sua opção sexual, pediu uma oportunidade a Mia que gostou da sua sinceridade, alegria e jeito com amimais, o contratou, na loja trabalha também Rita que foi para outra loja ensinar as meninas contratadas o que fazer, como atender e cuidar dos pets. Andreia atenderá como veterinária revezando o atendimento nas lojas.

O dia passa rápido, bastante movimento na loja, Mia tenta não parar para não pensar, no final do dia Paulo liga-lhe, pergunta sobre George, sobre o seu dia, e Mia sente o coração quente ao notar que ele se preocupa de verdade com ela, ainda tem em seu coração o medo de ser enganada de novo, com ele esse medo quase desaparece.

Mia vai para cama, os seus bebês brincam no quarto, sobem no seu guarda-roupa a fazendo olhar para a caixa há muito tempo guardada ali. Se levanta, sobe numa cadeira e apanha a caixa empoeirada, assim como as suas lembranças e o que há nela. Pensou muitas vezes em jogar o seu conteúdo fora, as únicas coisas de um tempo que era outra Mia, ingênua, deslumbrada… Fica por alguns minutos refletindo se abre a caixa ou não, assim como a sua volta ao passado. Sabe que não haverá volta, tudo que sofreu, que levou anos para superar voltará a tona se ouviro que Olavo lhe disse, e Paulo? Será justo com ele? Ou melhor com ela, com o que começou a sentir por ele após tanto tempo com o coração fechado? Ele entenderá?

Seu telefone toca a tirando das suas angústias e indecisões, o número é desconhecido, ela imagina quem seja, depois de alguns segundos decide atender.

📱Micaela Rodrigues?! Mica!

📱Você!? E não me chame assim, nunca mais!

📱Mica!! Pensou ser Olavo não é!

📱Não pensei ser ninguém, ou melhor, qualquer um menos você, o que quer comigo? Como me encontrou?

📱Se dizer-te que foram saudades? — ri debochado — Vi você no hospital. Não estava dormindo. Que mundo pequeno hem!? Encontrar Micaela Rodrigues num fim de mundo desses!

📱Esse é meu mundo agora, para mim não é o fim e sim um recomeço.

📱Não acredito. Não pode ter mudado tanto assim. Você é da agitação, do glamour da capital, é Micaela Rodrigues, Mica!

📱Era. Pois é. Mudei! O mundo de vocês não é mais o meu. Se era isso que queria saber… Espere que voltem logo para o lugar de onde saíram e esqueça que me viu de novo.

📱Se é verdade o que fazia no hospital? Enfermeira eu sei que não é… Foi lá para conferir se estávamos vivos? Ou matar a saudade?

📱Não interessa-lhe o que eu fazia lá, por favor deixe-me em paz! Não acha que já foi o suficiente o que fizeram comigo?

📱Não se faça de vítima. Você sabe muito bem que procurou pelo que houve. Quis abraçar o mundo com as pernas — ri -

📱Ne faz o favor, esqueça que eu existo, que um dia fiz parte do mundo de vocês...

Mia desliga o celular, não sabe de onde tirou forças para ter essa conversa. Como foram descobrir o seu telefone em tão pouco tempo?

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