Capítulo 14 - Um Ômega Profissional no Reparo

Havia apenas um apartamento no último andar, o elevador abre direto nele. A sala era enorme, mas totalmente vazia, até as portas não estavam instaladas todas, mas as janelas iam até o chão e por todos os lados;. Lucas viu a planta deste apartamento quando comprou o seu. Nunca teria dinheiro para um desse na vida, mas não pôde deixar de apreciar o quão bem projetado e conveniente ele era.

-  Onde você precisa, Lucas balançou a cabeça, para fazer buracos?

- buracos? - Ângelo o encarou surpreso, - ah... sim, ali...

Ele vagamente apontou com a mão para um lado.

- Mostre, - Lucas viu a caixa com a furadeira e, pegando-a, olhou questionador para o dono do apartamento.

- Ela é pesada! - o cara lamentou e começou a pegar a furadeira das mãos de Lucas. - Ômegas não podem!

Um calor percorreu a espinha de Lucas e tingiu suas bochechas de vermelho. Ele abaixou o rosto. Nunca antes ele ficou tão feliz por alguém simplesmente tê-lo chamado de omega. Significava que Ângelo sentiu ou percebeu. Que agradável pelo menos isso. Ele entregou a caixa sem reclamar, mas não resistiu a dizer:

- Ela nem é tão pesada assim. Eu poderia fazer sozinho.

- Não-não, - Ângelo imediatamente começou a protestar veementemente, - você é meu convidado! Eu mesmo vou carregar.

Eles congelaram um em frente ao outro. Lucas olhou novamente para os lábios do alfa, e Ângelo olhou para o próprio Lucas.

Lucas foi o primeiro a se recompor, afinal, ele era mais velho e mais experiente.

- Para onde vamos?

- Para onde você quiser, - Ângelo sorriu sonhadoramente, mas logo acrescentou assustado,

- quer dizer, eu preciso de furinhos em todos os quartos! Não importa por onde começar!

Ele se virou bruscamente e entrou na porta mais próxima.

Lucas o seguiu, mais atraído pelo cheiro do que por algum raciocínio lógico.

O quarto era grande e espaçoso, com janelas em dois lados. De lá dava para um terraço grande com colunas, de onde, provavelmente, se tinha uma vista ótima da cidade. Lucas suspirou levemente com inveja.

Do seu segundo andar, só dava para ver a rua, a casa vizinha e o ponto de ônibus. No meio do quarto havia um colchão. Além disso, no canto, havia algumas pilhas de roupas, dois pares de tênis e livros misturados com anotações, empilhados junto à parede.

Ângelo seguiu o olhar de Lucas.

- Sim, - ele disse, - preciso pendurar prateleiras, pois os livros estão no chão.

- Devíamos, - concordou Lucas, virando-se ao som. Até a voz deste alfa lhe parecia encantadora. E não havia nada de especial nela: nenhuma entonação peculiar ou notas baixas sedutoras. A voz mais comum. - Onde estão as prateleiras?

- Ainda não comprei, - Ângelo abriu as mãos e quase deixou cair a furadeira novamente.

- Mas então como podemos fazer buracos para eles se ainda não sabemos quais são as distâncias entre os fixadores?

Na palavra "buraco", por alguma razão, Lucas corou novamente. De onde vinha toda essa obscenidade nele? Ângelo, pareceu também ficar envergonhado.

- Não pensei. Precisamos comprar as prateleiras primeiro, não é?

- Precisamos, - Lucas sorriu ternamente para o rapaz, gostando também de sua despreocupação.

O próprio Lucas,  tendo morado sozinha em dois apartamentos, se considerava um verdadeiro profissional em tudo relacionado a reparos. Ele mesmo nivelava as paredes, colava papel de parede, montava móveis.

Também preferia fazer pequenos reparos sozinho. Ele não gostava quando vinham estranhos para o apartamento - estranhos, alfas ou betas. Nestes momentos, Lucas se sentia muito desconfortável.

- E quais precisamos? - Ângelo estava completamente perdido.

- Quer que eu vá com você à loja? - ofereceu Lucas. - Ajudo a escolher.

Todos os seus planos para o sábado foram para o inferno, mas o que é limpar e lavar comparado à oportunidade de passar o tempo com Ângelo. As tarefas domésticas podem ser feitas amanhã, mas o alfa provavelmente não espera-se ate amanhã.

- Sim! - Ângelo pulou de alegria no lugar.

Ele colocou a caixa no chão e, remexendo na pilha de roupas, tirou de lá uma carteira.

- Estou pronto.

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