O entendimento de sua própria solidão e do tempo perdido veio quando Lucas tinha trinta e dois anos. Em um supermercado, bastante distante de sua casa, ele encontrou um ex-colega de escola, também ômega. O ex-colega estava com a família: o marido alfa e quatro filhos, o mais velho, também um ômega, aparentava ter cerca de quatorze anos e já estava flertando com um alfa de sua idade. De repente, Lucas percebeu que era muito provável que esse jovem já tivesse relações sexuais. Ou seja, até os filhos daqueles com quem João frequentou a escola fazem sexo. Sexo existe entre seus ex-colegas, os mais jovens e até entre seus irmãos. Sexo não existia apenas para Lucas. Assim como não havia ninguém com quem ele pudesse ter esse tal sexo.
Ao voltar para casa, completamente transtornado, primeiro ficou por muito tempo sentado em frente à parede, olhando fixamente, e depois rompeu em lágrimas, chorando o final de semana inteiro. Na manhã de segunda-feira ele teve que ir trabalhar com os olhos vermelhos e dor de garganta e mentir que era uma alergia. Mas aparentemente Leo não acreditou e o mandou para casa. Lá, Lucas chorou por mais meio dia. E então, ao se lavar, disse pela primeira vez aquelas palavras que se tornaram seu ritual matinal diário: "Olá, meu nome é Lucas Black. Sou um ômega. Tenho trinta e dois anos e sou virgem".
A princípio ele pensou que esse seria o impulso para mudanças em sua vida. Ele se arriscou a visitar um site de namoro, mas fugiu de lá, assustado com a abundância de exigências feitas pelos alfas a um parceiro em potencial. E foi um tanto nojento, como se você estivesse se vendendo. Ele tentou prestar atenção aos alfas com quem viajava no transporte público para ir e voltar do trabalho, mas eles não olharam em sua direção era melhor nem terem olhado. Lucas se inscreveu em uma academia de ginástica. Esperando que lá pudesse conhecer alguém. Ele não gostou muito do treino, a academia cheirava muito a alfas, então depois de um mês ele desistiu também.
Aos poucos, ele aceitou o fato de que nunca haveria sexo em sua vida e também o fato de que passaria a vida inteira sozinho.
Ele sentiu pena das oportunidades perdidas e foi uma pena que na juventude não entendesse como era triste estar sozinho, mas era tarde para mudar alguma coisa.
Lucas se conformou definitivamente.
No trabalho, as coisas iam bem, ele não era promovido, mas todo ano seu salário era devidamente reajustado. As promoções eram reservadas para os alfas ambiciosos e os betas dedicados, entre os ômegas não havia nenhum carreirista. Até mesmo aqui os estereótipos trabalhavam contra Lucas. Mas ele entendia perfeitamente que seria a mesma coisa em qualquer outro lugar. Mesmo que a mídia proclamasse que já havia plena igualdade de gêneros, as pessoas continuavam a viver de acordo com os velhos hábitos e tradições: os alfas devem trabalhar e comandar, os betas também trabalham, e embora sejam mais dedicados, são menos agressivos, e os ômegas devem ficar em casa e criar os filhos. Em seu governo, até hoje não havia nenhum ômega, e isso satisfazia a todos: as formalidades eram observadas e a ordem social não era perturbada. Lucas via toda a injustiça desse sistema, mas não pretendia lutar contra isso. Afinal, ele era apenas um ômega.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
juliana Sereno
Autora um lindo presente na vida do luca/Gift//Gift//Gift//Gift//Gift/
2025-01-08
2
Ester
e essa auto depreciação vai mudar em qual capítulo já tô até pulando porque ficou sem graça nenhuma vc notar o passado e focar no presente é uma coisa agora só depressão por vários capítulos faz agente desanimar de ler pois até agora o coitado não passa de um posso de depressão ficar ao lado de uma pessoa desta e ouvir suas lamúrias é mais fácil se matar logo Affff autora muda isso coitado
2024-06-25
4
Cleide Almeida
triste né😬😔
2024-06-02
3