Capítulo 13: Um Ômega com Desejos?

Aqui está, por favor, - disse ele, entregando a caixa. - Só não esqueça da regra do silêncio. Seus vizinhos não vão gostar se você começar a furar a parede antes das dez horas.

- Valeu, - Ângelo pegou a caixa das mãos dele de forma apressada e quase a deixou cair. - Pesado! Devolverei tudo rapidamente.

- Tá, - Lucas observava a boca do rapaz. Era um pouco grande, mas os lábios eram carnudos. Uma boca muito, muito bonita. Não apenas sensual, mas meio vulgar. Olhando para ela, sentia um aperto no estômago, uma vontade de se permitir um pouco mais: tocá-lo com o dedo, traçar um contorno ou apenas beijá-lo.

Lucas percebeu com horror que havia dado um passo em sua direção e imediatamente balançou a cabeça.

- Devolve quando terminar, - disse ele rapidamente.

- Obrigado, - Ângelo apertou a caixa contra o peito e saiu do apartamento relutante.

Ao fechar a porta atrás dele, Lucas encostou-se a ela com as costas.

Por que agora? Por que não dez, vinte anos antes? Por que logo com esse jovem lindo?

Você pode sentir pena de si mesmo ou seguir em frente. Lucas tinha parado de se lamentar há muitos anos. Assim, sabendo que não conseguiria dormir, foi lavar o rosto.

- Oi. Meu nome é Lucas Black. Sou um ômega. Tenho quarenta anos e sou virgem. E hoje pela primeira vez na vida encontrei um alfa, cujo cheiro faz meus dedos dos pés se contraírem. Ele é meu vizinho e tem metade da minha idade. Tem maior fracassado do que eu? Oi, Lucas. Acho que não.

Lucas examinou seu rosto no espelho. Simplesmente maravilhoso.Ele tem uma marca de travesseiro na bochecha direita, o cabelo está desgrenhado, há inchaço sob os olhos e, em geral, sua aparência geral não é agradável. E como ele poderia, por uma fração de segundo, esperar que esse cara olhasse para ele como um ômega, e não como um vizinho com uma furadeira?  Ângelo provavelmente nem percebeu que ele era um ômega, deve ter pensado que era algum beta estranho.

Depois de lavar o rosto, Lucas trocou de roupa, arrumou a cama, preparou um chá e sentou-se para tomar café da manhã. Automaticamente, estendeu a mão para o controle da TV. Mas ele mudava os canais sem realmente prestar atenção no que estava passando. Mentalmente, ele revivia a cena da manhã repetidas vezes.

Ele se permitiu fantasiar sobre como seria se aquilo fosse um filme pornô. Nesse filme, Ângelo não pegaria nenhuma furadeira, jogaria de lado e se lançaria sobre Lucas, agarrava-o nos braços e carregava-o para a cama. Ele o desembaraçava da roupa e cobria todo o seu corpo de beijos, para depois o pegar com firmeza, mas com delicadeza. Ao pensar em pornografia, sua imaginação se soltou completamente e trouxe a Lucas uma fantasia onde ele colocava as pernas de Ângelo sobre seus ombros. E Ângelo gemia docemente, mordendo seus lábios carnudos.

"Como você pode?" - acordou a consciência. "O rapaz só veio pegar uma furadeira, e você pensando essas indecências."

Lucas sentiu vergonha. Realmente, era imundo pensar em Ângelo dessa forma.

Após o café, Lucas começou a limpar. Tirou o pó, mas mal tinha começado a passar o aspirador de pó quando a campainha tocou de novo.

Lucas olhou pelo olho mágico e prontamente abriu a porta.

- Oi de novo, - Ângelo estava na soleira e sorria. - Queria saber se você tem uns minutos para me mostrar como se usa a furadeira?

Não estava claro por que o rapaz tinha pedido a furadeira se não sabia usá-la, mas Lucas permitiu-se pensar nisso apenas por um segundo.

- Claro, - disse ele, trocando os chinelos por sapatos de rua. - Vou te mostrar.

O apartamento de Ângelo ficava no último andar do prédio. Estar no elevador, que subia lentamente, era torturante. Parecia que tudo ao redor estava impregnado com o cheiro do jovem alfa. Lucas tentava respirar alternadamente, e mesmo assim, pela boca. O aroma fazia com que ele quisesse ficar mais perto de Ângelo, encostar o nariz em seu pescoço ou peito e inalar profundamente aquele cheiro, saboreando-o completamente. E, depois, deslizar por baixo de sua roupa e lamber sua pele, para descobrir se tinha um gosto tão delicioso quanto cheirava.

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