Capítulo 5: Um Ômega Desafiador

Por volta do terceiro ano, a maioria dos colegas ômegas já tinha aliança no dedo e barriga crescendo. Praticamente todos eles nessa fase, já tinha pegado os documentos e preferido ficar em casa cuidando do marido e do filho ao invés de continuar estudando.

- Mas como assim? - Lucas ficava perplexo. - Você já tá no terceiro ano! Suas notas são ótimas e te chamaram pra emprego fixo no estágio!

Sua colega de classe grávida, Max, um dos poucos ômegas que não tem apenas uma aparência atraente, mas também inteligência, só balançou os braços sem força e logo os cruzou de novo na barriga. Faltavam uns 3 meses para o parto.

- Meu marido não quer que eu estude mais. Alguém tem que ficar com o bebê quando ele nasce.

- Tira um ano de licença! Você volta depois e pode até mudar pro noturno ou a distância pra se formar - Lucas tentou ser bem convincente.

- O Jonatas quer que eu fique cuidando de casa: receber ele do trabalho\, fazer jantar\, limpar o apartamento - Max suspirou pesado. - Pensa bem\, como que eu vou dar conta de tudo isso e estudar ao mesmo tempo? E que emprego depois? Você acha que aquele estágio foi a melhor coisa? Sim\, estou cansado de lutar contra esses alfas e até betas. "Ai\, que ômega fofo"\, "Que cheirinho gostoso"\, "Você é tão lindo\, meu bem". Não sei como aguentei aquilo 2 meses. Você teve sorte\, Lucas\, de quase não ter cheiro.

Lucas não tinha tanta certeza se teve sorte. Por um lado, ficou aliviado de não ter aquele destino de ômega, mas por outro, até o 5 ano só tinha mais 2 ômegas na turma, enquanto os alfas e betas continuaram os mesmos. Olhavam pra ele com aqueles olhares investigativos e ele não gostava nada disso. Mas Lucas não queria desistir, não ia casar só pra agradar os outros.

Depois de se formar na universidade (com louvor), ele procurou emprego por muito tempo, mas ainda conseguiu encontrar um lugar adequado e com boas perspectivas. Ele tinha vinte e dois anos e parecia que tudo ainda estava pela frente, mas o tempo voa rápido.

Naquela época, a entrevista para o cargo vago era inusitada. Mesmo não tendo feito tantas, Lucas logo percebeu a diferença. Nos outros lugares, era entrevistado por ômegas sedutores - especialistas em RH, ou betas durões e reservados - também do RH, mas com abordagem e perguntas bem diferentes.

Dessa vez, a entrevista foi feita por um alfa, o que já era bem incomum. Lucas se sentiu um pouco constrangido, sem saber o que pensar. A situação era muito estranha, mas interessante.

Primeiro, em resposta ao seu currículo, ele recebeu uma série de testes que deveriam ser concluídos e devolvidos no prazo de um dia. Depois dos testes, tinha uma tarefa criativa, que Lucas também resolveu fácil. Só depois disso que chamaram ele pra entrevista. Desde o começo, tudo aconteceu diferente do que Lucas esperava. O alfa claramente não tinha lido direito seu currículo e perdeu a informação sobre o sexo.

Ficou mais de uma hora interrogando Lucas sobre a teoria, fazendo perguntas difíceis e deixando o ômega bem cansado. Finalmente, quando os dois já tavam bem cansados, o alfa falou sobre o principal motivo de não querer contratar Lucas:

- Me diz\, seu diploma é ótimo e as referências dos estágios também\, mas que garantia tenho que em alguns meses você não encontrará sua alma gêmea e não entrará em licença maternidade?

- Estou interessado em construir uma carreira de sucesso - Lucas respondeu calmo - e não quero me realizar na vida pessoal. Acho que família e filhos não é comigo.

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