Acordo estou no chão, com dor no pescoço. E vou para o banheiro e tomo um banho.
Como eu odeio esse lugar. Porque tive que retornar, eu estava iludida pensando que poderia fazer algum bem ao meu próprio povo.
"Drim, Drim, Drim"
Uma chamada de John
- Oi John. Eu atendo.
- Sua vaca. Porque não me ligou? Ele diz bravo.
- Vaca não! Vaca é sagrada ai na Índia. Sua galinha. Ele diz.
- Me perdoe amigo. Tanta coisa aconteceu. Eu digo quase chorando.
- Ah não! Você chorando? Então foi algo bem sério. Ele diz.
- Foi sim John. Eu digo com as lágrimas rolando.
- Me conte logo. Ele diz agoniado.
- Eu nem sei por onde começo. Eu digo
- Pelo começo ué. Você desembarcou no aeroporto em Nova Deli...agora continua amiga. Ele diz.
- Meus pais me esperavam no portão de desembarque com um papel escrito. "Bem-vinda de volta!" e eu continuo contando a história.
- E agora terei que me casar! Eu digo
- Mas com quem? E quando?
- Em dois dias. Eu respondo
- Quê? Que loucura. E quem é o cara? Me mostra a foto, quero ver se é gato. Ele diz.
- Esse é o problema. Eu nem sei quem ele é. Nunca vi...só sei que ele é um Bramanes. Eu respondo.
- Bra...o quê? Ele pergunta.
- Bramanes, lembra eu te expliquei. Aqui temos uma separação por castas.Uma maneira de dividir os indivíduos em grupos dentro de uma sociedade.Eu digo.
- As castas indianas são hereditárias: a condição do indivíduo passa de pai para filho e cada integrante só pode se casar com pessoas do mesmo grupo. As castas também estão relacionadas com a ocupação profissional de cada família. Eu explico.
- Segundo a tradição, as quatro castas se originaram do corpo do deus Brahma (o criador).
Os brâmanes teriam surgido da cabeça do deus. Os xátrias, dos braços. Os vaixás, das coxas/pernas. E os shudras, dos pés. Já os dalits teriam surgido da poeira dos pés, portanto, não têm casta. Eu digo.
- Ou seja meu futuro marido é da maior casta. Tipo um principe de sangue azul. A lei aboliu o sistema de castas em 1940 pois é um sistema opressor e excludente. Mas isso ainda está enraizado em nossa cultura. Eu concluo.
- Nossa amiga, que barra. Vou torcer por você.
- Não se preocupe, tenho meus planos. Vou fazer ele se divorciar bem rapidinho. Eu digo.
- Cuidado amiga, eu sei que os "boy" ai são agressivos, machistas e dominadores. Ai como eu queria um cho alfa desse me dominando. John diz suspirando.
- Se controla amigo. Ha Ha Ha. Eu digo rindo.
- Desculpe amiga, estou sem boy faz um bom tempo. Ele diz.
- Me fala não tem nenhum indiano gostosão que possa me apresentar? Ele diz.
-.Amigo sabe que aqui homossexuais não são bem vistos. Eu digo com certa angustia.
John e meu amigo desde o primeiro semenstre da faculdade. Um americano focado e dedicado. Que assumiu a sua sexualidade desde adolescência. De acordo com meus princípios religiosos a sua escolha não é a correta. Mas aprendi também a não julgar, a amar e respeitar a todos. Independente de suas escolhas. E John é a melhor pessoa que eu já conheci.
E hoje se tornou um grande médico.
Durante a nossa formação chegamos a dividir um apartamento e ele sempre foi bom em tudo que fazia. Sem falar que cozinhava com maestria. Desde então somos melhores amigos.
- Amiga volte para a America. Sei que você foi com sonho, tanto quanto utópico. Mas aqui é seu lugar. Ele diz.
- Eu adoraria John. Mas pelos meus pais eu não posso. E tem mais você me conhece sabe que sou decidida, um pouco persistente...
- Hum! Teimosa você quis dizer. Ele me interrompe.
- Também. E conhecendo bem a minha cultura machista, meu futuro marido não vai me aguentar por muito tempo. Tenho certeza que ele vai pedir o divórcio. E honestamente...estou contando com isso. Eu digo.
- Amiga, se eu fosse você não contava com isso...eu ouvi dizer que os indianos tem o sexo tântrico e o kama sutra. Amiga você é virgem não sabe das coisas. Mas se seu futuro marido for bom na coisa, dúvido vocês se separarem. Ele diz.
- Esse é o ponto. Eu não vou me entregar a ele. Só vou me entregar ao homem que eu realmente amar. Eu digo.
- Por favor amiga, cuidado. Esse jogo pode ser perigoso. Eu sei que as taxas de feminicidios na India são muito alta. Eu não quero que você vire estatistica. Ele diz com angústia.
- Não vou virar. Eu respondo.
- Amigo preciso ir, hoje começa os preparativos do casamento. São tradições e cerimonias cansativas e longas.
- Boa sorte amiga. Depois quando puder me conte como foi. Estarei aguardando notícias. Te amo! Ele diz e encerramos a vídeo chamada.
Logo minha mãe chega com suas amigas e vizinhas e começam a preparar os cuidados. E iniciam então os desenhos com Hennas. Minhas mãos e pés são desenhados com figuras e imagens que lembrasse e tivesse algum significado para mim e minha família.
Meu sári (tecido longo que é enrolado e preso ao corpo formando um vestido), era vermelho com dourado.
No casamento indiano a cerimônia e a festa são cheias de cores e muitas flores coloridas, utiliza - se muito a cor vermelho, laranja e dourado.
Os desenhos demoram algumas horas para serem feitos e tanto eu como as convidadas passamos por essa tradição.
Em seguida eu e o noivo recebemos um banho com ervas para trazer boas energias. Mas cada um em seu lar.
E assim seguimos para os preparativos. A cerimônia em si aconteceria apenas no dia seguinte.
Quando chega a noite e a casa fica calma e silenciosa...começa a bater um nervosismo misturado com medo. É triste e angustiante não saber nada sobre o outro. Casar com um total desconhecido.
E Jonh estava certo, e se ele for um homem ruim, e se ele me machucar e se ele me agredir.
Tantas dúvidas começaram a surgir que acabei perdendo o sono e não consegui dormir. Passei a noite acordo e vi o sol nascer.
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Maria Izabel
Gostando da história, mesmo sendo asustador os fatos.
2025-02-10
0
Maria Helena Pereira
Por favor autora coloca fotos dos personagens
2024-10-14
1
Jucelia Oliveira
cade as fotos autora por favorzinho
2024-10-12
3