Na escuridão da noite

Após esse jantar surpreendente realizado no hospício dos Sharma. Eu tomo meu banho e me deito para dormir.

Acordo na madrugada com a ligação de Raj. É uma chamada de video e eu acendo a luz para atender.

- Oi! Eu digo ao atender.

- Oi Kali. Te acordei? Ele diz.

Claro que sim, mas eu busco ser gentil.

- Não eu estava assistindo a um filme, esperando a sua ligação. E como foi a viagem? Eu pergunto.

- Cansativo foram quase 18 horas de voo pelo menos foi sem escala. E também vim de primeira classe. O que dá um certo conforto.

- Ah sim.

- Já está no hotel? Eu pergunto.

- Estou sim, olha. Ela vira a camera para me mostrar o quarto.

- Está vazio, silencioso e muito frio Kali. Ele diz.

- Sim, imagino. O frio não me assusta, enfrentei muito na Ámerica. Eu digo.

- O frio também não me assusta. Mas ter você agarradinha em mim, embaixo do cobertor seria muito bom. Ele diz sorrindo.

- Você jantou? Ele pergunta.

- Sim. Amaya me convenceu. Eu digo

- Ha Ha Ha! Só assim para você ir, minha pássarinha que vive de vento. Ele diz rindo.

- Olha Amaya é carente. Quanto mais atenção você der a ela. Mas grudada em você ela fica. Ele diz.

- Amaya é um amor. Não vejo nada de mal em ser próxima a outra pessoa. Eu digo.

- Você é tão diferente Kali. Ele diz.

- Como assim diferente? Eu pergunto.

- Você não pensa como as demais indianas. Ele diz

- Raj como é a relação do seu Baldi e a Mamadi? Eu pergunto.

Raj respira fundo antes de responde,e me responde com outra pergunta.

- Por quê?

- Eu vi Mamadi chorando e seu Baldi foi extremamente grosseiro. Eu digo sem querer contar os absurdos que Baldi falou para mim. Não queria fazer intriga, queria apenas entender.

- Kali eles tem algumas diferenças, mas no geral vivem bem. Ele diz ponderando as palavras.

- Tem certeza? Por quê me pareceu ser uma relação desigual. Eu digo.

Raj dá outro suspiro profundo e diz:

- Kali eles tiveram um casamento como nosso e Baldi é um homem controlador e machista. Mas Mamadi tem tudo que deseja. Raj praticamente repete o discurso de Baldi. Talvez ele tenha cresci ouvindo isso.

- Raj...não é controle. Baldi é um agressor. Ele bateu na Mamadi. Eu digo com certo rancor.

- Kali me faz uma gentileza? Ele pergunta.

- Sim. Eu respondo.

- Por favor, não se envolva. Baldi não gosta e depois desconta tudo na Mamadi e tudo fica ainda pior. Ele diz.

Agora tenho certeza que a cena que eu vi, era uma rotina na família "modelo".

- Que cara é essa?? Raj pergunta.

- Nada. Eu respondo.

- Você já se intrometeu! Ele diz, eu dou um sorriso sem graça.

- Are Baba (Poxa!) Kali. Ele diz irritado.

- Raj eu não sabia que...

- Não sabia? Jura? Vai dizer que na sua família não é a mesma merda? Ele diz ainda mais irritado, me interrompendo.

- Sim, mas...

- Sem desculpas Kali Sharma. Fica na sua, eu não estou para te defender. Não arrume mais problemas. Ele diz e eu aceno a cabeça concordando.

- Espero que volte logo. Eu digo.

- Eu também espero Kali. Ele diz.

- Bom eu vou dormir um pouco a reunião é em poucas horas. Preciso estar descansado para raciocinar com clareza. Ele diz.

- Ok. Bom descanso e boa sorte na reunião. Eu digo

- Obrigado. Até mais! Ele diz e encerra a ligação.

Eu me deito e acabo adormecendo. Quando acordo com barulho de algo batendo, choro e gritos.

- Pare por favor! Era a voz de Mamadi.

"Pah, Pah, Pah"

- Arjun, por Brahma (deus criador). Ela grita chorando.

Logo vejo a porta do quarto abrir. E Amaya aparece segurando um ursinho de pelúcia.

- Kali posso ficar com você. Ela pergunta chorando.

- Sim querida. Venha. Eu respondo.

"Pah, Pah, Pah"

- Ai, aiiiii, Arjun me perdoe. Ela gritava aos prantos.

Amaya se deita ao meu lado e me abraça apertado chorando.

- Amaya o que está acontecendo? Eu pergunto.

- Baldi está castigando a Mamadi. Ela diz chorando.

- Isso sempre acontece? Eu pergunto.

- Não! Apenas quando ela desobedece. Ela diz me apertando.

- Sinto muito que esteja presenciando isso Amaya. Isso é muito errado.

- Posso dormir com você? Ela pergunta.

- Claro querida. Pode sim.

Logo o choro e gritaria para. E o silêncio reina.

A situação era horrível e eu não tinha o que fazer. Se eu chamar a polícia não acontece nada e dificilmente a Mamadi dirá a verdade contra Baldi. Amaya ainda chora baixinho abraçando o seu ursinho.

Depois de um tempo ela adormece. Eu me levanto para pegar um copo com água. E ao passar pela sala Baldi está sentado na poltrona com apenas um abajur acesso, fumando um charuto.

- O que faz acordada? Ele diz ao me ver.

- Estou sem sono. Eu digo.

- Eu e a minha querida esposa desobediente te acordamos? Ele pergunta com ironia e deboche.

- Sr Sharma eu não quero saber do seu relacionamento e muito menos como o Sr pensa. O Sr é um homem destrutivo e tóxico. Eu digo.

Ele fecha a cara e se levanta rapidamente e vem em minha direção.

Eu fico parada, ele se aproxima, com cara feia e me olhando de cima a baixo. E diz:

- Você é mais desobediente que a merda da minha mulher mercenária e interesseira. Ele diz, eu levanto a cabeça e o enfrento.

"Você perdeu o juízo menina, eu penso"

- Vou convencer o meu filho a amansa - la, igual fazemos com uma égua que não aceita ser domada. Nem que seja com ferro quente no lombo, deixando marcas do seu dono. Ele diz com rancor e ódio.

- Me poupe de suas ameaças Sr Sharma, não tenho medo! Mas não se esqueça de uma coisa...sou médica Sr. E conheço inúmeras formas de matar alguém sem nem deixar pistas ou suspeitas. Algumas parecem que o Sr apenas dormia tranquilamente e coitado...não acordou.

Eu digo séria e ele me olha buscando saber se falo mesmo a verdade.

- Antes de pensar em me causar algum tipo de mal, se lembre disso. Querido Baldi! Digo com ironia.

- Com licença, estou com sede e depois irei dormir. Eu digo e vou até a cozinha beber um copo com água, e em seguida retorno para dormir.

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