Dias e noites intermináveis sem conseguir dormir e sem me alimentar, perdi peso e a razão de viver. Eu era um homem de fé em Deus, mas também perdi a fé nele, pedi para a morte me levar, mas até ela não quis me levar, tudo perdeu sentido.
Noites vagando pelas ruas da cidade buscando resposta para tanta dor, e tanta coisa que se passava pela minha cabeça, queria me atirar embaixo dos pneus dos carros que passavam em alta velocidade. Mas toda vez que eu tentava alguma coisa
me impedia, pedi demissão do emprego que já fazia 8 anos que trabalhava, não tinha cabeça pra nada quando tudo era uma merda, desculpa a palavra.
Comecei a beber para ver se eu morria. Levantava a noite e ficava perambulando pela casa tentando arrancar aquela dor no peito. A dor da revolta, a dor do inconformismo de não aceitar a morte cruel da minha esposa. Jovem linda saudável morrer por causa de uma maldita onda daquele maldito mar que levou a mulher que eu mais amei na vida.
Três meses indo todos os dias naquela maldita praia com a esperança de que ela ia sair do mar linda e sorrindo como ela entrou me abanando a mão pra mim, e feliz chutando areia para dentro do mar. Fiquei sentado na areia só observando a alegria de viver dela sorrindo e me chamando para eu entrar dentro d'água com ela, eu só queria ficar olhando e admirando a beleza dela tão jovem e feliz como nunca vi na minha vida.
E hoje me arrependo amargamente por não ter entrado junto com ela, talvez eu conseguisse salvar ela daquela tragédia, mas eu fui um covarde, devia ter acompanhado ela.
— E depois o que aconteceu? — Entre lágrimas ele continuou, mas eu percebi que ele não tinha condições de continuar, então pedi para dar um tempo até ele se recompor. Mais calmo relatou mais sobre seu sofrimento com a perda irreparável de sua esposa.
— O senhor consegue continuar? — Perguntei a ele.
— Sim, eu consigo.
— Então, prossiga!
— A dor era tanta que eu estava tendo alucinações!
— Como assim? — Perguntei espantado.
— Porque a minha falecida esposa era linda, alta e elegante, cabelos castanhos escuros compridos até o ombro, e olhos verdes, tinha um sorriso lindo sempre estava feliz de bem com a vida. Esses momentos foram marcantes para mim, em todos os lugares que eu ia e tinha sensação de que toda mulher que eu enxergava era ela que eu via, começava vendo ela sorrindo. E muitas vezes por causa disso, paguei até mico. Porque eu ficava encarando elas como se estivesse vendo a minha falecida esposa, e as pessoas ficavam constrangidas.
Eu achei que estava ficando louco, procurei ajuda com especialistas. E até uma psicóloga procurei, e foi umas duas vezes. Então ela me recomendou para que eu procurasse sair e me divertir, tentar encontrar uma outra pessoa para espairecer.
E como ela havia dito que com um novo amor se cura a dor da perda de um velho amor. E desesperado acreditando nessa possibilidade de sair em busca de um novo amor ia a bailes e dançava com as mulheres, mas era a mesma sensação de que todas as mulheres que eu via era a minha falecida esposa.
A noite deitado sobre a minha cama eu gritava, e chamava por ela porque eu não conseguia dormir, a dor da alma era insuportável, era um tormento na minha vida não me alimentava direito não dormia, tinha sonhos a com ela se afogando, a culpa pelo fato de não ter entrado junto com ela no mar quem sabe eu poderia ter salvado ela daquela tragédia maldita.
Até que um dia conheci uma pessoa especial que tornamos amigos e ela foi me dando força para aliviar a minha dor. Até que a gente acabou se envolvendo e mais um erro grave que eu cometi quando surgiu o primeiro beijo. A sensação era de que estava beijando a minha falecida esposa.
Os beijos tinham o mesmo sabor como se fosse minha falecida que estava me beijando. Muitas vezes chamei pelo nome dela, e isso magoava muito e não tinha como dar certo, porque só conseguia sentir prazer quando imaginava minha Juliana. Era esse o nome dela.
E brigas constantes aconteciam por causa dos ciúmes da minha ex mulher e separamos e cada um seguiu suas vidas. Ela se casou com outro, e está feliz. E eu fiquei 23 anos sozinho sem querer saber de mais ninguém.
— E depois o que aconteceu quando se separou de sua segunda esposa? — Perguntei a ele.
— Bom, como eu fugia de qualquer envolvimento seguia sozinho, todas as vezes que alguém se aproximava eu dava uma desculpa que não queria compromisso com ninguém, elas aceitavam de boa, até porque elas também não queriam nada comigo. Mas ao se envolver acabavam se apaixonando por mim, e quando isso acontecia eu terminava para elas não sofrerem. Mas aí num perfil de relacionamento conheci a minha atual esposa.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 70
Comments
Fatima Gonçalves
EITA
2025-03-23
0