Perguntei para o garoto se ele lembrava de mais alguma coisa.
— Você se lembra de mais alguma coisa?
— Sim, doutor.
— O que você lembra? — Perguntei ansioso, tive que frear o meu entusiasmo e ir com cautela e prestar atenção em cada detalhe do que o garoto tinha a me dizer.
— Doutor, eu tenho mais coisas para dizer que eu ainda não falei, tenho medo que meus pais não acreditem em mim e me chamem de louco! Será que eu posso contar para o senhor como tudo aconteceu?
— Pode sim meu garoto, comece do início ao fim aconteça o que acontecer eu vou acreditar em você meu amigo, desde o início como começou e onde parou em que seu tio te assassinou?
— Doutor me promete que não vai contar para ninguém o que eu tenho a lhe dizer, e vai me escutar com atenção — falou o garoto um pouco tímido sem ter certeza do que realmente queria falar.
— Eu prometo, até porque você vai se sentir melhor colocando tudo pra fora, eu sei que é um menino, mas que é muito inteligente.
— Então eu não sou louco?
— É claro que não! Quem disse isso?
— Eu ouvi meus pais falando entre eles que eu não sou normal. — Fiquei com pena do garoto, mas também não podia cobrar nada dos pais para não expor ainda mais o garoto. Até porque eu também era ateu antes de descobrir essa nova vocação de psiquiatra.
— Não se preocupe, pode falar sem medo, me conte tudo desde o início sem esconder nada, relaxe e fique a vontade que eu só vou ouvir, e quando terminar eu te falo o que está acontecendo com você, está bem assim?
— Está sim, doutor. — Eu pedi para ele me aguardar que eu ia até os pais dele comunicar que ia demorar a conversa com o filho deles.
— É grave Doutor, o que está acontecendo com o nosso filho? — perguntou a mãe dele.
— Não é nada grave, apenas ele precisa me contar tudo desde o início o que está acontecendo com ele. Vocês aguardem e fiquem a vontade, vou pedir pra recepcionista providenciar um café para vocês.
— Voltei pra sala de consulta e dei prosseguimento e pedi para a recepcionista que eu não queria ser interrompido.
— Então podemos começar? — Perguntei para o garoto que era muito mais inteligente do que eu imaginava, e que não tinha nada de anormalidade nele.
E o garoto estava disposto a revelar tudo o que estava acontecendo desde que ele começou a falar.
— Há muito tempo que eu tenho esses pesadelos que me deixam com medo do meu tio.
— O que, por exemplo?
— Antes de eu começar a falar, posso fazer uma pergunta?
— É claro que sim, o que é que quer perguntar?
— O que é um pen drive?
— Pen drive é um dispositivo que guarda todas as informações e quando quer rever coloca num notebook ou no computador, coisas importantes, documentos secretos, fotografias e vídeo, por quê?
— Ah tá! Agora entendi! Na verdade é por causa desse pen drive que tudo aconteceu, tenho lembranças que são nítidas na minha mente, de como tudo aconteceu, só que nunca revelei para meus pais porque poderia achar que eu estava inventando uma história, ainda mais quando se trata do meu tio. Eles não acreditariam e podiam me internar no hospício. Embora eu só tenha 5 anos, eu já entendo bem o que significa e tenho o notebook em casa e já pesquisei muita coisa. — Eu fiquei surpreso com essas revelações, o garoto estava diante do tempo pela sabedoria e ter aprendido cedo demais a falar e a se comunicar. Talvez seja essa a razão dos pais estarem assustados com o rápido desenvolvimento do menino, quando na verdade deveriam estar felizes e ter orgulho do garoto.
— Eu sei que você é muito inteligente, mas continua relatando?
— Não é só sonho que eu tenho, e sim as imagens ficam na minha mente o dia todo, e eu não consigo esquecer, é como se estivesse vendo as imagens que passam pela minha cabeça! E são reais, e isso está me deixando com muito medo, porque tenho certeza que meu tio está envolvido em alguma coisa muito ruim!
— Me fale o que mais você vê?
— As cenas que estão em minha mente são assim. Estou trabalhando na prefeitura com meu tio, do começo tudo é maravilhoso, ele me ensina tudo o que eu tenho que aprender, e na medida em que o tempo vai passando eu começo a estar por dentro da realidade, aprendendo coisas que eu não sabia, até que eu estava gostando. Tempos depois comecei a ver coisas que não estavam me fazendo bem.
— Tipo o que, por exemplo? — Perguntei a ele.
— Comecei a ouvir boatos entre funcionários de que ele era corrupto que desviava dinheiro da prefeitura para fazer caixa 2 com superfaturamento em obras super faturadas, e além de corrupto, era infiel a minha tia, mas ninguém tinha coragem de sair espalhando essas fofocas por aí. Até porque sabiam que ninguém ia acreditar em nada, porque o meu tio era muito respeitado e admirado na cidade e na região. Acreditando ou não, isso estava-me incomodando, não gostava que falassem mal do meu tio que amava demais. Ele era meu padrinho e era como um pai para mim.
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Atualizado até capítulo 70
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