Eu tive dificuldade para entender o que realmente estava acontecendo com o menino que no meu ver era saudável sem nenhum problema mental ou físico. Mas o medo do tio me assustava! Fiquei há dias estudando buscando uma explicação desse fato inédito na minha carreira de psiquiatra. Quando a família me procurou querendo resposta eu fiquei de mãos atadas sem saber qual a resposta mais adequada para dar a eles.
Fui pego de surpresa. A primeira coisa que eu fiz foi pedir todos os dados do menino e da própria família e principalmente do tio para eu estudar o melhor o caso. A única coisa que eu prometi foi que ia estudar e buscar uma solução, e adverti de que o menino estava bem fisicamente e psicologicamente. Que não havia motivos para se preocupar e nem pressioná-lo o garoto.
E deixar ele livre e seguir a vida normal. E fosse possível evitar que ficasse perto do tio, pelo menos por enquanto. Esse caso estava me deixando ansioso. Embora não sabendo ainda do que se tratava. Eu precisava conversar pessoalmente com o menino em particular antes de dar uma resposta mais adequada, e quando conversei com o menino ele se mostrou seguro do que pensava.
Pedi para os pais trazerem o garoto para o meu consultório. E que eles aguardassem na sala de espera. O garoto do início parecia tímido, mas ao entrar no meu consultório me surpreendeu com a sua ousadia.
— Então meu garoto, como se chama?
— Eu me chamo Miguel! Bonita é sua sala! — Disse ele observando cada detalhe do meu consultório. Percebi que era muito esperto, e que não tinha nada de timidez quanto aparentava.
— O senhor é um psiquiatra, não é?
— Sim, eu sou porque?
— Isso quer dizer que meus pais acham que eu estou ficando louco?
— Não, mas por que você acha que os seus pais te acham louco?
— Ué, o senhor não é um psiquiatra que trata dos loucos?
— Aquela observação do menino me pegou de surpresa. Fiquei impressionado com a ousadia do menino naquela idade.
— Eu sou um psiquiatra sim, mas não é a mesma coisa daqueles que tratam de loucos. Na verdade eles não são loucos, são pessoas com problemas emocionais, e estão em hospitais psiquiátricos. O seu problema é porque você tem medo do seu tio? — O menino calou-se como se estivesse impedido de dizer alguma coisa a respeito.
— Então, porque você tem medo do seu tio? — O garoto permanecia em silêncio com medo de revelar algo que era muito mais complexo do que se podia imaginar.
— Vamos fazer o seguinte: não tenha medo de falar o que está sentindo, o que disser aqui ninguém vai ficar sabendo, está bem assim!
— Nem meus pais? — Respondeu ele com euforia.
— Nem seus pais. Pode confiar em mim. — Ele fez sinal positivo com a cabeça.
— Meus não acreditam em mim quando eu falo que meu tio é mal.
— Como assim? — Perguntei espantado para o menino incrédulo.
— Tenho pesadelos com ele e não gosto dele!
— E o que acontece nesses pesadelos?
— Eu vejo ele matando um rapaz que é meu irmão! — Minhas pernas tremeram quando eu ouvi ele falar que seu tio era o assassino do seu irmão mais velho.
— Você já falou para alguém isso?
— Não, porque a minha mãe chora todas as noites pela morte do meu irmão!
— E você conheceu seu irmão?
— Não, quando ele morreu eu nem tinha nascido. — Eu não podia mais fazer perguntas para o menino para não levantar suspeita a respeito do que eu estava imaginando.
— Vamos fazer o seguinte, essa conversa fica só entre nós dois. Ninguém pode ficar sabendo, nem seus pais. Está bem assim?
— Sim, doutor. — Ele cruzou os dedinho numa espécie de Juramento, e aquele segredo tinha que ficar só entre nós dois. Eu já estava afundado até o pescoço naquele caso complicado e espinhoso. Tinha minhas suspeitas de que o tio pudesse estar envolvido na morte do primeiro filho do casal. E sem levantar suspeita, chamei a mãe do menino para conversar em particular. Queria saber todos os detalhes como ele foi assassinado? Como ele desapareceu, e como o caso foi parar nos jornais e na mídia? Eu precisava investigar. E como eu não sou detetive, e sim psiquiatra, senti na obrigação de contratar um detetive que eu conhecia muito bem que era muito competente.
Porque eu estava envolvido até o pescoço. Eu precisava ajudar aquela família, vendo a mãe chorando por anos a morte do filho quando de repente ou quem sabe o filho dela estava de volta e ele era testemunha chave de um crime não solucionado.
É óbvio que eu precisava esperar mais um tempo, talvez levasse mais 10 anos para resolver o caso. Porque o menino naquela idade não tinha condições de ser uma testemunha ocular, e nada que dissesse iam acreditar, eu precisava esperar se tornar adulto para quem sabe desvendar aquele mistério e tirar um inocente preso por um crime que não cometeu.
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Atualizado até capítulo 70
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