Falcon

Sentado no longo comprimento de um galho forte e robusto, Falcon, seu nome autoproclamado, observou a pequena mulher caçadora de demônios passar o dia.

Suas orbes amarelas seguiam cada movimento dela, desde balançar o machado bem acima de sua cabeça até o maneira como seus ombros se ergueram quando ela mexeu a lâmina para cima e para baixo para

liberá-la.

Ele até notou seus pequenos tremores frios ocasionais.

Ela já havia cortado uma dúzia de toras consideráveis e, assim que terminou, levou as maiores para um toco de árvore onde as partiu ao meio com seu machado.

Não parece que ela me viu.

Quando Falcon estava rastejando pela encosta da montanha de quatro em sua forma monstruosa na noite passada, ele não esperava ser saudado pelo cheiro de sangue no vento. Sangue de javali, para ser exato.

Por mais que ele tentasse não cair em uma mania e caçar por isso, ele eventualmente perderia a batalha quanto mais perto viajasse.

Era sempre difícil lembrar claramente de suas memórias nebulosas e desconcertantes

sempre que sua mente mudava.

Sedento de sangue, estúpido e sempre faminto, ele se lembrava vagamente de ter destruído um Demônio que já havia caído sobre sua presa, que ele consumiu depois de comer o javali.

Uma vez que a ameaça e sua carne se foram, não demorou muito para Falcon cair em si, na frente da casa que ele estava procurando. Ele nunca pensou que isso o levaria até aqui.

Preocupado em ser visto pela ocupante feminina e talvez por sua família, seu primeiro pensamento foi fugir e se esconder nas sombras da floresta.

Ele agora percebeu que não precisava ter se preocupado.

Eu não esperava que ela realmente estivesse aqui... ou sozinha.

A última vez que Falcon se sentiu... compelido a vir para esta mesma casa, Lume, a humana que ele estava observando, não estava aqui.

Apenas seu pai havia permanecido.

Ele foi desgastado pelo tempo e por muitos anos de trabalho duro, apoiando-se com uma bengala por algum ferimento que sofreu no passado.

Falcon ficou desapontado ao descobrir que Lume estava ausente.

Ela tinha ocupado esta casa quase todas as vezes que Falcon tinha vindo para verificar o pequeno ser humano que ele salvou, e ele a testemunhou crescer e se tornar a mulher forte que ele via agora.

Não sei quantos anos se passaram. Fazia dezenove, talvez vinte anos desde que a vira pela primeira vez?

Ela estava terrivelmente doente com febre quando ele a resgatou. Ele ficou preocupado com a vida dela, mas uma vez que ela melhorou, Falcon permaneceu até que ele tivesse certeza de que ela estava bem.

Ele sempre voltava.

Ele a observou como uma criança mais velha sendo treinada por seu pai para manejar uma espada de madeira, enquanto sua mãe a ensinava a cozinhar e limpar.

Ele tinha visto Lume quando adolescente, treinando sozinha na floresta. Ela frequentemente parecia desajeitada, seu corpo em um estágio estranho de crescimento com todos esses pontos vermelhos em seu rosto que ele viu muitos outros humanos em idades semelhantes possuídos.

Alguns foram repreendidos por tocá-los, enquanto Lume sempre demonstrou

disciplina.

Ele a achara bonita na época, mas nada havia preparado Falcon para seu primeiro vislumbre de tirar o fôlego quando adulta.

Mesmo sendo um Caminhante da morte, ele não foi capaz de parar de pensar que ela estava linda.

Infelizmente, sua visita foi breve desde que ela partiu.

Ele tinha seguido ela e seu pai enquanto ambos faziam seu caminho para a fortaleza de caçadores de demônios. Ele só sabia que eles estavam indo naquela direção porque estavam com seus uniformes pretos.

Ele parou de seguir no meio do caminho, sabendo que a direção que eles estavam indo não era segura para ele, mas ele olhou para o espaço em que eles desapareceram muito depois de terem ido embora.

Ele não esperava vê-la na próxima vez que se sentiu compelido a vir aqui, mas ela apareceu enquanto ele estava cuidando de seus pais.

Pelo que ele ouviu, a mãe dela estava morrendo. Falcon tinha testemunhado esta mulher retê-la emoções, assim como seu pai, até que a frágil mulher faleceu, e ela saiu

orgulhosamente em seu uniforme, deixando seu pai sozinho.

A quase meio dia de caminhada desta casa, Lume acabou deixando suas emoções dominá-la na floresta.

Embora ela não soubesse que ele estava lá, ele agiu como seus olhos e ouvidos para garantir que ela permanecesse ilesa até que ela se recompusesse.

Era uma lembrança que ele apreciava, testemunhar a dor desta mulher que só

tinha sido destinada a ela mesma.

Especialmente desde o meio da primavera e

ela caiu de quatro em um mar de flores coloridas para gritar e chorar sua dor.

Ele se divertiu e se interessou pela maneira repentina como ela enterrou suas emoções e se dirigiu para a fortaleza com a cabeça erguida.

Ela bateu os pés o tempo todo que ele a seguiu até que ele não pudesse ir mais longe.

Ele sempre admirou essa parte dela; ele tinha visto seu queixo erguido com superioridade muitas vezes.

Ela estava fazendo isso agora enquanto completava sua tarefa.

Parece que ela não mudou.

Falcon recostou-se no tronco da árvore e cruzou os braços atrás da cabeça para se apoiar neles como um travesseiro.

Ele estremeceu quando sobrepôs seus pés felinos em forma de pata e acidentalmente quebrou outro graveto. Já era a segunda vez.

Lume ergueu a cabeça, mas ela só olhava para o horizonte, nunca para o alto das árvores. Ele parou o balançar de seu rabo preto para evitar chamar a atenção dela, então deixou-o terminar de enrolar quando ela parou de procurar.

Seus sentidos estão mais aguçados do que antes. O amarelo de seus orbes se iluminou. Coisinha perigosa. Ela tinha um olhar que ele pensou que poderia transformar um Demônio em chamas com concentração suficiente.

Ele pensou que gostaria de ver um Demônio entrar em combustão de repente, seria muito hilário.

Assim que ela terminou de cortar, o que ele presumiu ser sua lenha, ela saiu para entrar.

Isso deu a ele tempo para si mesmo. Falcon desceu cuidadosamente de seu poleiro e circulou toda a casa em um grande raio para não ser visto pelas janelas.

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