Um caminhante da morte

Lume era um alvo fácil assim. No momento em que o Dêmonio terminasse sua refeição, provavelmente começaria a investigar o cheiro humano que exalava de sua casa. No momento, ele estava procurando sangue fresco, uma refeição grátis, mas logo iria se interessar por ela.

O incenso de máscara que ela acendeu na grade da varanda não seria suficiente, não depois que a carcaça tivesse desaparecido.

VAMOS!

Então aconteceu. Não terminou de comer sua própria espécie como um maldito selvagem, mas virou a cabeça para o lado para olhar para a floresta.

Esferas vermelhas brilhantes apareceram.

Ela esperava olhos vermelhos, mas estes eram estranhos. Os dela se alargaram quando ela percebeu que não era um Demônio, e a lua crescente destacou o lado de uma caveira branca.

Merda! Lume se abaixou e estendeu os braços para se esconder. Um Caminhante da morte?

Ela franziu os lábios enquanto franzia as sobrancelhas com força. Seus olhos traçaram a neve reflexiva ao lado dela enquanto ela pensava.

Eu não posso lutar contra um Caminhante da morte sozinha.

Ainda assim, ela ergueu a cabeça um pouco para poder vê-lo comer o último Demônio que havia matado. Foi só agora que ela percebeu que tinha sido capaz de ver a parte de trás de um crânio o tempo todo.

Eu nunca lutei com um Caminhante da morte antes. Quão diferente poderia realmente ser? Nada poderia sobreviver a uma flecha entre os olhos, bem na testa onde estava o cérebro. Ela duvidava que um Caminhante da morte fosse diferente.

Hum. Mas ouvi dizer que seus crânios são basicamente impenetráveis.

Um debate mental guerreou fortemente dentro dela.

Ela não sabia quantos Caminhante da morte havia no mundo, mas a guarda tinha certeza de quatro deles. Havia um chifre de veado com um crânio de lobo como rosto, um que

muitos rastrearam e perderam a vida.

Um chifre de búfalo com um crânio de

lobo. Um com caveira de cabra com chifres de bode espetados na cabeça como o próprio diabo, era implacável.

Cada Caçador de demônios dentro da

guarda foi instruído a nunca enfrentá-lo.

Havia um novo que só havia sido avistado uma vez nas últimas duas semanas. Ela recebeu uma mensagem de pombo sobre isso, assim como a maioria das aldeias.

O novo Caminhante da morte tinha chifres na cabeça e um crânio de coelho. Era maior do que qualquer um que eles já tinham ouvido falar e era raivoso, atacando tudo e qualquer coisa ao alcance da voz.

Outro aviso de 'não se envolver' foi dado por Caçadores de demônioss agora mortos que lançaram um pássaro mensageiro antes de sua morte.

Houve avistamentos de um quinto, mas ninguém conseguiu dar uma boa olhada nele antes de recuar para a segurança até agora.

Muitos membros da guarda morreram nas mãos de Caminhantes da morte e Demônios. Ela tinha certeza de que havia muito mais de ambos.

Muitas vezes, as informações eram perdidas devido à morte constante.

Lume levantou-se, mais uma vez apontando sua arma.

Mas se eu matar um Caminhante da morte e obter seu crânio como prova...

Ela puxou a corda do arco o mais longe que pôde, esperando por um golpe poderoso o suficiente para atravessar seu crânio. Eles podem me deixar voltar para a guarda.

Lume foi dispensada por violar uma ordem.

Era uma ordem que ela nunca seguiria, mesmo que isso significasse que ela nunca poderia fazer parte da guarda e só poderia caçar Demônios como fazia agora, em sua casa ou em suas andanças.

Ela não tinha mais permissão para lutar ao lado dos membros da guarda, caçar com eles ou ficar a menos de dezesseis quilômetros de uma fortaleza de Caçador de demônios.

Ela não tinha permissão nem para usar o uniforme, mas era a coisa mais segura de se usar. Ele a escondeu nas sombras, assim como os próprios Demônios.

Eu vou matá-lo. Eu tenho que fazer.

Ela sentiu o sorriso malicioso se formar quando seu lábio superior se contraiu, seus olhos se curvando com ele. O Caminhante da morte começou a se virar, finalmente terminada sua refeição.

Se não, morrerei tentando.

Ela encontrou seus orbes vermelhos brilhantes e, em seguida, obteve uma visão frontal completa de seu rosto com caveira.

Todo o fogo em suas veias, todo o calor determinado, instantaneamente se esvaiu dela. Tanto que um suspiro surpreso saiu dela.

Felizmente, não a ouviu. Ele apenas balançou a cabeça como se estivesse tentando limpar seus pensamentos antes de se lançar para a direita, depois para a esquerda, antes de olhar para a casa.

A cor branca apagou o vermelho em seus orbes, seu corpo congelado como se estivesse nas garras do medo. Era quase como se tivesse visto um Fantasma.

O Caminhante da morte disparou para o lado e desapareceu na floresta.

Aparentemente, nunca viu uma agora chocada Lume em cima dela, que começou a se curvar sobre as pernas enquanto ela se ajoelhava lá. Seu arco e flecha caíram de cada lado dela para descansar contra o telhado enquanto a compreensão soprou através dela, limpando a névoa de suas memórias.

Uma caveira de coelho... Tinha uma caveira de coelho. Ela deixou seus olhos arregalados e incrédulos caírem sobre o telhado coberto de orvalho. Ela nunca hesitou antes, nunca se esquivou de um inimigo uma vez que decidiu matá-lo, mesmo que fosse um risco.

Ela até teve uma foto perfeita dele quando ele olhou para a varanda imóvel como pedra.

Em vez disso, ela perdeu completamente toda a sua vontade.

Eu vi um Caminhante da morte naquela noite. Isso é o que ela tinha visto quando era pequena. Foi isso que a trouxe para casa.

Era difícil confundir aquela caveira quando ela a vira brevemente no passado. Ela vinha tentando há anos limpar a névoa embaçada de sua memória, juntá-la, mas nunca teve nada real para colocá-la ao lado. Até agora.