Quatro anos depois

Selina

Eram para ser dois anos fora, fui tão bem nos estudos que consegui estender meu visto por mais dois anos nos EUA. Tinha terminado estudos e feito uma graduação em perita criminal e medicina forense. Se pudesse, permaneceria morando em Nova York, mas meu tempo tinha vencido como estudante. Precisava voltar e fazer algumas especializações e conseguir retorno como uma profissional.

Suspirando já com saudade de toda agitação de Manhattan, desembarquei no aeroporto internacional de Florianópolis.

Vi meus pais acenando e os encontrei sorrindo, minha saudade era grande, mesmo que eles tenham ido me visitar uma vez e nós falamos por vídeos chamadas.

— Olha você, tão linda! Minha mãe está se derretendo emocionada. Me vendo.

— Oi mãe. Também senti saudades. A abracei forte.

— Pai. Ele quase me sufocou no abraço.

— Está maravilhosa filha, parece tão americana! Rimos com seu comentário.

Pegamos as malas e fomos ao estacionamento. Era hora do almoço e paramos para comer antes de seguir para São José. As conversas animadas, dividindo sobre minha formatura e estágio. Meu pai animado, já querendo arrumar trabalho para mim.

Cheguei em casa esgotada, foram mais de doze horas de voo.

Fui para quarto, minha mãe o tinha mantido como deixei, porém bem limpo. Dei uma olhada em volta, parecia uma época tão distante, era uma menina, assim como meu pai disse. Foi uma menina e voltou uma mulher. Era isso, tinha tido muitas experiências que me fizeram amadurecer e crescer como pessoa, estava pronta para continuar com minha vida, mais segura, forte e independente.

Depois de um banho relaxante, apaguei na cama, me despreocupado com tudo, merecia uns dias de férias.

Senti a cama afundando. Acordei com gritos e pulos.

— Ah! Você voltou! Estou tão feliz, acorda, acorda! Sentei e ajustei a visão e comecei a rir e compartilhar gritinhos com Mariana, desde crianças éramos amigas e mesmo fora não perdemos contato.

— Oiiii! Abracei forte e rolamos na cama até cair rindo.

— Aí meu deus nem acredito que voltou! Disse me ajudando levantar.

— Em carne e osso amiga! Falei ainda me apertando num abraço.

— Deixa ver você. Se tá linda! Disse chorona.

— A não sem lágrimas, é pra ser feliz! Falo voltando abraça-la.

— São lágrimas de alegria sua boba. Mariana diz enxugando para não borrar a maquiagem

Vejo que está muito bonita também.

— Vem contar tudo, o que perdi? Peço e nos sentamos na cama como velhas e boas amigas fofocando e rindo, fazendo planos de sair.

Levamos um tempinho até descobrir que já era manhã de outro dia e ela ter que ir para faculdade.

Fui tomar um banho e me arrumar. Entrando na cozinha ouvindo barulho.

— Olha ela aí! Descansou bem? Meu pai pediu tomando café.

— Ótima pai! Falei me enroscado com as palavras, a gente se acostuma com outra língua. Beijei bochecha do meu velho. Depois da minha mãe. — Bom dia! Disse sorrindo.

— Olha que energia boa! Minha mãe disse. — Vou para o centro, quero fazer algumas compras, seus avós estão vindo, querem te ver.

— A não, sem festas de boas vindas! Mari já quer sair e comemorar também. Falo puxando cadeira e sentado. Pelo uma xícara de café e faço uma cara de satisfação. — O café aqui é único. Falo.

— Nisso concordo! Meu pai diz. — Então falei com meu amigo da corregedoria e...

— Eduardo! Minha mãe reclamou. — Ela acabou de chegar!

— Mas ela disse que iria procurar um trabalho. Meu pai se defendeu.

— Tudo bem mãe, e pai agradeço a ajuda, mas a verdade é que já tenho algo em vista. Falo meus pais parecendo surpresos.

— Como assim, então vai ficar? Minha mãe pede animada.

Detesto tirar a sua felicidade. — É um trabalho temporário, e depois resolvo sobre se fico. Explico. Mesmo triste eles aceitam. — Mas vamos às compras, quero ver como está a cidade! Falo animada, minha mãe volta ficar radiante.