Ele não gosta de você, sua boba

Deixei meu celular de lado tirando o short e fui para água. Gelada e refrescante, sentindo as ondas, meus cabelos flutuando, mergulhei algumas vezes, esperava ter lugares bonitos assim para ver em Manhattan. Me mantendo olhando o horizonte, contemplei a vista até sentir algo me puxar para baixo e o terror me tomar ao engolir água, tentando me soltar do que me agarrava. Só podia pensar em algum animal. Debati chutando e conseguindo emergir buscando fôlego e nadando para praia pisando na areia, quase chorando com susto, caindo na areia tossindo água salgada.

As risadas tomaram minha volta. E vendo todos rindo e meu irmão na água.

— Ah, para, foi só brincadeira! Ele disse depois de me assustar.

O medo que me causou me fez tremer, busquei ar, meus olhos se enchendo. Foi assustador.

Ergui o encarando, mas não queria chorar ali. — Eu te odeio, odeio mais que tudo! Falei segurando as lágrimas e virei correndo para casa.

— Selina, ei volta aqui! Ele gritou.

Não queria desculpas dele, queria era distância, me tranquei no quarto e deixei chorar sentando no chão, não era primeira vez que Carlos me maltratava, me humilhando na frente dos amigos, nunca faria algo como fez na água, só de pensar me faz tremer com medo na hora.

— Selina, sou eu, você está bem? A voz veio através da porta.

Que ótimo era Adrian. Não queria olhar para ele feito uma garotinha chorona.

— Ei, fala comigo! Ele insistiu, vi a maçaneta mexer. Tinha trancado. — Abre aqui! Pediu.

Me neguei, acalmando minhas lágrimas. — Estou bem! Falei.

— O que seu irmão fez foi horrível, prometo que vou dar o troco nele, mas sério abre quero ver como está! Pediu.

Por que? Me questionei. Como ele era tão legal comigo? E estava ali preocupado. Minha cabeça girou, e lembrando o que minha amiga disse. Ele deve gostar de você boba!

— Selina...voltou chamar.

Secando as lágrimas levantei, era aniversário dele e também não poderia estragar.

Abri a porta deixando entrar.

— Sinto muito! Ele disse de forma tão gentil.

— Não é sua culpa, e no fundo eu o provoquei! Não sei porque me odeia tanto! Falei chorosa.

— Não te odeia, tá ele foi babaca, mas não odeia! Você está bem? Adrian pediu-me olhando.

Assenti. — Tirando a garganta ardendo e o frio, estou sim! Falei me encolhendo.

— Tá bem, vem aqui! Ele me puxou abraçando.

O calor do abraço aconchegante, seu corpo grande me aqueceu tão rápido que até esqueci de respirar. Embora brava com meu irmão, podia encontrar um motivo para dispensar toda raiva, o fato de cara lindo como Adrian se preocupar comigo, e vim até mim. Era um sonho, e devia acordar a qualquer momento. Pisquei algumas vezes e era bem real, meu coração pulsando rápido.

— Melhor? Vou dar um jeito no Carlos. Adrian falou sorrindo ao me afastar olhando.

Assenti sentindo-me envergonhada com a proximidade.

— Você está usando lentes? Adrian perguntou olhando para meus olhos.

— É, eu sou meio desastrada e poderia perder meus óculos. Expliquei.

— Você fica uma gracinha sem eles! Falou sorrindo.

Meu coração flutuando com as palavras, e o sorriso com seus dentes brancos e alinhados. Ele podia me ignorar como todos os garotos faziam, mas não ele sempre era gentil. Talvez Mariana estivesse certa, pensei ou melhor não pensei direito, porque no instante seguinte só o beijei.

Senti seus lábios colando nos meus, queria saber o gosto e a intensidade dos seus sentimentos por mim. E foi tão breve.

— O que tá fazendo? Adrian me segurou, afastando, franzindo a cara e fechando.

— Eu...aí meu deus, não queria! Comecei entrar em pânico percebendo o que fiz.

— Ficou louca Selina! Isso...quero dizer, esqueci isso, só queria saber como estava! Adrian disse em tom bravo, afastando como se fosse alguma coisa asquerosa.