Por Teu Amor: Inconveniente

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...~ Samuel Monteiro ~...

A minha cabeça estava explodindo, um sentimento ruim estava presente novamente, mas dessa vez era diferente, era uma sensação pior. Medo, angústia, tudo misturado em um só sentimento avassalador.

Aquelas palavras ecoavam na minha cabeça a noite inteira, quem seja que tenha mandado aquela carta sabe que não sou o Lorenzo e pode contar tudo para a Aurora. Na verdade, eu nem sei se isso seria uma ideia ruim ou uma ótima oportunidade de acabar com tudo isso de uma vez, porquê se for para mim

 dizer a verdade, terei que pensar em um modo de falar isso e nem em um ano eu consegui.

Após me arrumar desço às escadas rapidamente, ainda estava atordoado com tudo de ontem e com vergonha do que fiz com a Ariela.

— Bom dia, Lorenzo. Está melhor hoje? — Ariela diz ao se aproximar. Ela estava arrumada formalmente, como hoje era seu primeiro dia na empresa, é óbvio que não poderia ir com aqueles vestidos extravagantes e sensuais que ela usava no dia a dia.

— Não muito, mas vai passar. Eu queria te pedir perdão por ontem, passei um pouco dos limites e acabei te machucando.

— Está tudo bem, você estava bastante nervoso e eu posso não saber o que aconteceu, mas se quiser conversar estou aqui. — Sorri gentilmente.

— Obrigado, mas não será necessário. — Digo tentando passar isso para mim mesmo, não posso ficar preso nisso. De novo não. — Está pronta para o seu primeiro dia na empresa?

O seu sorriso se alarga.

— Estou muito e ainda estou muito grata por essa oportunidade. Não sabe como é importante para mim a sua ajuda. — Diz ao pegar a minha mão. — Obrigada mesmo, não sei como vou poder retribuir isso algum dia.

Sinto o seu toque e não consigo tirar a minha mão, mesmo eu querendo. Porém, Gael limpa a garganta tentando chamar a nossa atenção e me fazendo tirar a minha mão da dela.

— Atrapalhei algo? Desculpe os meus modos, a minha garganta está horrível. — Diz sarcástico.

— Está um pouco atrasado, o que me faz ter certeza que o encontro foi bom ontem.

— Pode se dizer que foi tal boa quanto a sua com a Aurora.

Dou um sorriso bobo ao lembrar de ontem, realmente foi incrível, tirando a carta misteriosa.

— Vamos tomar café então? — Ariela diz. Nós concordamos e fomos juntos para a mesa.

Após terminar o café, viemos para a empresa, como eu tinha algumas pendências para resolver e não estava com cabeça para nada, pedi para a minha outra funcionária guiar Ariela pela empresa, para mostrar todos os lugares e como tudo funcionava por ali.

Enquanto isso fui para minha sala com Gael, eu precisava conversar com alguém sobre aquela carta, aquela angústia no meu peito estava insuportável, pior do quê antes, agora estou com medo do que pode acontecer.

— Caraca...você não descobriu quem foi? — Gael pergunta incrédulo também.

— Não, por isso estou com esse nervosismo, cara. Eu não sei quem foi e não sei do que essa pessoa é capaz.

— Acredita que a pessoa pode contar para Aurora a verdade?

— Eu não sei, mas suponho que para me mandar uma carta com aquilo escrito, algo bom não quer.

— Eu acho que tenho uma suspeita de quem seja.

— Quem?

— Ariela.

É claro que ele iria dizer que seria ela. Gael não suporta a Ariela, mas não acredito que seja ela.

— Eu pensei nisso, mas tenho certeza que não foi ela.

— Eu não teria tanta certeza. Ela chegou aqui completamente do nada, ficou na sua casa e apareceu isso da noite para o dia, sério que acha que é uma coincidência?

Ele me encara, me fazendo parar e pensar. Eu não sei, não confio na Ariela e sei que ela não merece a minha confiança, porém acredito que se ela soubesse de algo me falaria.

— Eu não sei mais de nada, Gael. Eu não sei o que fazer. — Giro a cadeira e me levanto.

— Você sabe muito bem o que tem que fazer, Samuel. Só falta coragem, mas sabe.

Gael se levanta, bate a mão no meu ombro e sai do escritório, me deixando mais nervoso ainda.

É, eu sabia o que tinha que fazer, mas é tão difícil ter a coragem para realmente ir lá e dizer tudo o que tenho que dizer. Porque a verdade é tão difícil?

.........

...~ Aurora Constancio ~...

O dia amanheceu muito bem, novamente dormi e acordei sorrindo, sentindo um dos melhores sentimentos e sensações que eu poderia sentir na minha vida, a felicidade de estar com alguém que eu amo novamente.

Tudo estava voltando ao seu devido lugar, depois de um ano tempestuoso, finalmente os dias alegres e ensolarados chegaram e eu não posso desperdiçar nenhum momento sequer.

Tomo um banho quente e depois me arrumo para ir à universidade. Desço às escadas com pressa, pois acabei me atrasando um pouco hoje, isso que dar ficar sonhando e sonhando.

Dou bom dia para minha mãe e às meninas, bebo um pouco de suco e antes que eu perca o primeiro horário saio rapidamente de casa.

Saio de casa tentando achar a chave do carro na minha bolsa e como eu estava apressada eu estava ficando nervosa, quando olho para frente vejo Lorenzo encostado na frente do seu carro me encarando enquanto sorria.

— Meu amor, o que faz aqui? — Pergunto surpresa.

— Não mereço um abraço antes? — Ele diz se aproximando.

Abraço ele forte e dou-lhe um beijo demorado.

— Não devia estar no trabalho?— Pergunto após nos afastamos.

— Sim, mas como eu não parava de pensar na Senhorita, foi meio que inevitável eu vir aqui. — Diz ao me dar um selinho. — Não gostou da surpresa?

— É claro que eu gostei, nada melhor que ter o seu beijo de manhã também.

Ele olha o relógio.

— Não está meio atrasada?

— Um pouquinho. — Sorrio.

— Vem, eu te levo. Não quero que se atrase mais por minha culpa. — Colocando a mão na minha cintura, ele leva-me até o carro.

— Talvez eu deva me atrasar mais vezes. — Digo brincando ao entrar no carro.

— Não brinca com isso, mocinha.

Fomos conversando o caminho inteiro, era tão bom a risada dele, ele mudou muito e, ao mesmo tempo continuava o mesmo por quem eu me apaixonei, me fazendo ficar mais apaixonada ainda por essa nova versão dele.

Ele estaciona o carro em frente ao ‘campus’ e eu viro-me para beijar os seus lábios mais uma vez antes de me separar dele.

— Obrigada por me trazer, agora vou ter um bom começo de dia. — Digo segurando seu rosto e olhando nos seus olhos.

— Eu também, posso até dizer que com esse beijo posso aguentar o dia todo naquele escritório.

— Isso é bom. — Beijo ele novamente. — Bom, tenho que entrar agora.

Ele faz um biquinho com os lábios. Eu dou um sorriso bobo com aquilo.

— Nos vemos de noite? — Ele diz antes que eu abra a porta.

Dou um sorriso e afirmo com a cabeça ao sair do carro.

Vou correndo para a aula e nem olho para trás para ver se Lorenzo ainda está me esperando entrar. Por sorte quando chego à aula o professor ainda não havia chegado.

.........

...~ Ariela Martínez ~...

Conforme o planejamento consegui fazer o Samuel ficar esperto sobre o seu pequeno segredo, agora que em sabe que alguém mais sabe, tenho que fazer ele confiar em mim e só assim fazer ele se afastar para sempre da Aurora.

Única coisa que consegue me fazer ter o interesse de estar presa nessa empresa é estar mais perto dele, preciso me aproximar com cuidado para não haver nenhuma suspeita, mas não acredito que ele suspeite de algo, até pediu desculpas por ter supostamente me "machucado ". A pessoa que tenho que tomar cuidado é o Gael, ele é esperto e me odeia, o que muda totalmente o foco e pode muito bem fazer o Samuel mudar sua visão boa sobre mim.

Mas tudo no seu devido tempo será resolvido.

— Lorenzo? — Falo ao bater da porta do escritório.

Ele estava tão sexy, não sabia que ele poderia se tornar ainda mais bonito ao se passar pelo irmão.

— Entre, Ariela. Algum problema? — Ele me pergunta largando os papéis com os quais estava trabalhando .

— Trouxe esse café, vejo que ainda está bastante tenso. Cafeína pode ajudar à manter os ânimos. — Coloco a xícara cuidadosamente em sua mesa. — Aqui está.

— Muito obrigado, Ariela. Acho que estou precisando mesmo.

— Tem certeza que não quer conversar? Posso não ser uma das melhores companhias nesse momento, mas queria poder ajudar.

Ele respira fundo e coloca a xícara de volta na mesa.

— Ninguém pode me ajudar, Ariela. A situação é bem mais complicada do que você pensa.

— Tem algo haver com a carta? — Pergunto. Ele me olha confuso.

Só depois pude perceber a merda que eu fiz.

— Como você sabe que foi uma carta? Não lembro de ter te contado algo sobre isso.

Droga! O que eu faço agora? Tenho que pensar em algo para ele não perceber que fui eu, ele descobrir agora não seria nada bom para meus planos.

— Ai desculpa, Lorenzo...eu meio que ouvi uma conversa sua com o Gael. Mil desculpas, sei que não deveria, mas foi sem querer e não pude deixar de ouvir.

Vejo seu rosto relaxar mais uma vez. Um alívio paira sobre o meu rosto.

— Não tem problema. Mas respondendo a sua pergunta, sim, é sobre ela.

— Eu sinto muito...mas eu quero que saiba que pode contar comigo, tá bom? — Me sento na cadeira enfrente à ele . — Sei que não cheguei em um momento propício, mas quero que saiba que eu gosto de você e quero que sejamos amigos. Pode contar comigo sempre.

Ele fica me ouvindo em silêncio, parecia hipnotizado e eu aproveito o momento para uma aproximação mais...íntima. Seguro sua mão e sorrio para ele.

— Pode confiar em mim.

.........

...~ Aurora Constancio ~...

Alguns professores tinham faltado e então na hora do almoço eu pensei em fazer uma visita ao Lorenzo na empresa, já que ele me surpreendeu hoje de manhã, porquê não retribuir?

— Boa tarde, no que posso ajudar? — A recepcionista diz

— Boa tarde, eu sou Aurora Monteiro e queria saber onde fica a sala do meu marido.

— Senhora Monteiro, que prazer vê-la aqui. — Diz ao me reconhecer. — Posso anunciar sua chegada se preferir.

— Não, eu queria fazer uma surpresa.

— É só subir de elevador até o 15° andar, na porta no final corredor é a sala dele.

— Muito Obrigada.

Pego o elevador e subo até o décimo quinto andar, fico pensando em qual vai ser sua reação ao me ver.

A porta estava aberta e ao entrar fui recebida por uma visão que preferiria não ter visto.

Eles estavam de mãos dadas.

Sinto um nó na garganta apenas ao ver aquela cena, eu sabia que essa garota estava dando em cima dele, eu sabia que tinha algo de errado nela e depois disso não haveria mais dúvidas.

— Estou atrapalhando alguma coisa? — Falo assim que consigo abrir a boca para falar algo.

Lorenzo me olha assustado e tira a mão dele da dela.

— Aurora?

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