Onde eu estou? Que lugar é esse? A minha cabeça dói, a minha garganta está seca e o meu corpo todo está dolorido. Parecia que eu dormia à anos e quando finalmente abro os meus olhos parecia que o mundo estava diferente, a luz nos meus olhos me fazia ver bolinhas pretas flutuantes. Vejo uma silhueta e quando olho direito vejo uma mulher, me parecia familiar porém...eu não sabia dizer o seu nome.
— Lorenzo, meu amor...você está bem? Quer que eu chame um médico? Meu Deus, finalmente abriu os olhos! — A moça falava, em seus olhos dava para ver muita felicidade e emoção. — Lorenzo? Você está bem?
— Lorenzo? Me chamou de Lorenzo? —Digo tentando entender, esse nome não me era estranho...mas...eu não sabia dizer se era mesmo meu nome, eu esqueci meu nome?
.........
Lorenzo finalmente acordou, porém ele estava estranho, parecia confuso, chamei o Doutor para vê-lo e ver se ele está bem. Quando finalmente ele termina de ver os sinais vitais de Lorenzo, ele me chama para conversar fora do quarto.
— E então, Doutor? Ele está bem? — Pergunto assim que ele fecha a porta.
— Ele está bem, está fora de perigo. — O Doutor diz sorrindo.
— Tem certeza? Ele me parecia...confuso. Ele não lembra que se chama Lorenzo. Tem algo de errado Doutor.
— Seu marido passou por um trauma grande, ficou desaparecido, quando foi encontrado estava muito debilitado. É normal pacientes que passaram por tais traumas acordarem e ficarem um pouco "confusos", mas ele está bem. — Assim que termina de falar, ele vira as costas e sai. Entro no quarto novamente.
— Boas notícias...o Doutor disse que você está bem, isso significa que logo vai voltar pra casa. — Digo me aproximando da cama. Ele olhava fixo para um canto, seu pensamento estava longe, ele estava longe.
— Eu...não consigo me lembrar de nada do que aconteceu. Nem quem eu sou, muito menos como vim parar aqui. Como posso estar bem se parece estar faltando algo em mim? — Ele diz voltando seu olhar para mim.
— O Doutor disse que é normal...você passou por algo traumático...vai passar e você se lembrará de tudo...e de mim. — Seguro sua mão. Ele me olhava tentando achar algo que pudesse saber quem sou eu, me doía saber que ele não fazia a menor ideia de quem eu era.
— Como vim parar aqui? — Ele pergunta tirando sua mão da minha. Eu me afasto e respiro fundo.
— Foi....um acidente de avião. Você estava indo para Londres com seu irmão e...aconteceu tudo isso.
— Tudo isso o que?
— O avião caiu na praia, você ficou desaparecido e...te acharam 1 dia depois.
— E....meu irmão?
Assim que ele faz a pergunta, eu engulo seco, o que eu faço? Devo dizer que o irmão dele ainda está desaparecido? Ele está com problemas demais por agora.
— Não...temos notícias dele ainda, mas temos esperanças que ele ainda esteja vivo.
— Está tudo tão confuso...
— Fique tranquilo...vai dar tudo certo. Você vai ver. — Seguro sua mão, dessa vez ele me olha nos olhos e aperta minha mão.
O tempo de visita acabou, o Doutor disse que era bom eu ir para casa descansar, que Lorenzo ficaria bem, mas eu não consigo deixar ele, principalmente agora que ele finalmente acordou.
Eu estava cansada, precisava ficar em pé e não dormir, então fui pegar um café no refeitório do hospital, quando volto vejo Valentina e Lucas.
— Valentina...! — Dou um abraço nela e em Lucas.
— Recebemos sua mensagem, Lorenzo está bem? — Valentina pergunta.
— Ah Tina...O Doutor disse para não se preocupar, que ele está bem, mas ele parece confuso, ele não se lembra de mim ou do próprio nome, parece que algumas partes da memória dele...sumiram. Eu sumi da mente dele.
— Não diz isso Aurora, acredita no Doutor, ele está bem, como você mesmo disse é apenas uma confusão mental. Ele não iria esquecer de você. — Lucas diz tentando me consolar. Talvez ele tenha razão, eu e Lorenzo nos amamos, uma maldita confusão mental não iria apagar isso.
— É, você tem razão. — Digo tentando me convencer disso.
.........
Estar nesse quarto de hospital e não fazer a menor ideia do quê aconteceu comigo era horrível, uma espécie de tortura. Eu tinha sensações estranhas, aquela moça...Aurora, eu conheço ela...eu sei disso, eu sinto isso, mas algo me impede te der sequer alguma lembrança, é como se "eu" não fosse "eu". Isso é estranho.
— Com licença...vim trocar o sei medicamento. — A enfermeira diz ao entrar no quarto, me tirando dos meus pensamentos. Ela tira uma seringa do bolso e injeta no soro.
— Posso te perguntar algo? — Pergunto antes que ela saia. Ela se volta para mim e assente. — Essa confusão...vai passar? Ou vou ficar sem memória para sempre?
— Olha, você está bem, é normal ter essa perda de memória, mas é algo momentâneo, vai passar. — Ela diz e caminha até a porta.
— Antes que ir....posso pedir para ver como está meu nome na ficha?
— Claro. — Ela pega uma folha na pasta da minha cama.— Consta como Lorenzo Monteiro. — Ela coloca a folha novamente e se vira para ir embora.
— Lorenzo...esse nome é familiar, mas não consigo me ver sendo chamado assim....é como se não fosse eu.
.........
Valentina tenta convencer Aurora a ir embora para casa, pelo menos para tomar um banho ou comer, ela tinha passado muito tempo no hospital preocupada, mas ela recusou, não quer sair de perto do Lorenzo. Lucas então acompanha Valentina até em casa.
— O que está acontecendo aqui? Que cara são essas? — Valentina diz ao entrar em casa e se deparar com todos cabisbaixo.
— Ligaram do corpo de bombeiros...— Fernanda começa falando.
— Soube algo do Samuel? Não me diga que...— Valentina diz pensando já o pior.
— Suspenderam as buscas, Valentina. Samuel foi dado como morto. — Maittê termina o que a mãe começou.
—Mas...eles podem fazer isso? Eles tem que continuar!
— Não há nada para se fazer meu amor. Nesses casos de desaparecidos no mar é difícil serem encontrados com vida.— Lucas diz.
— Mas o Lorenzo apareceu, ele está bem.
— Ele não estava na água. Vasculharam os arredores todos, não encontraram nada.
— Eles acham que ele pode ter se afogado e o corpo pode ter sido arrastado para mais fundo da água. — Fernanda diz.
— Meu Deus....como vou dizer mais essa para Aurora? O marido está sem memória e agora o cunhado está morto...que tragédia.
— Como assim sem memória? — Fernanda pergunta.
— É, pois é. Parece que o Lorenzo não se lembra de nada antes do acidente ou depois. Aurora está arrasada.
— Minha filha....está tudo um desastre...vou ver como ela está. — Fernanda diz caminhando até a escada.
Valentina se senta no sofá colocando a mão na cabeça, Lucas senta ao seu lado e abraça ela.
— Vai ficar tudo bem.
.........
Eu estava observando Lorenzo enquanto dormia, já que eu não conseguia pregar o olho, minha cabeça estava tão cheia que até meu sono foi afetado.
Viro para o lado quando ouço a porta se abrir devagar, minha mãe entra no quarto e caminha até mim observando Lorenzo.
— Está tudo bem ? — Ela pergunta falando baixinho para não acordar Lorenzo.
— Melhor conversarmos lá fora, não quero acordar o Lorenzo, ele precisa descansar. — Nós vamos até lá fora para falar sem interrupções.
— Sua irmã me contou tudo...sinto muito querida. Espero que isso passe logo.
— Eu também mãe, odeio olhar para ele e saber que ele esqueceu de tudo o que vivemos.
— Tenho certeza que ele se lembra, apenas está confuso com tudo. É normal.
— Todos dizem isso, espero ser verdade. — Respiro fundo. .— Soube algo sobre o Samuel? Ainda não encontraram ele?
Minha mãe desvia o olhar, ela suspira fundo e pede para que eu me sente, nesse momento já estava esperando o pior.
— Aurora...Suspenderam as buscas, deram Samuel como morto. — Nesse momento meu coração para.Meu Deus, como posso dar essa notícia para o Lorenzo?
— Lorenzo nem lembra do irmão...como posso dizer que ele morreu? Mas...tem certeza? Eles não podem deixar de procurar alguém....
— Aurora, vamos ser realistas, Samuel está desaparecido a quase 2 semanas no mar, mesmo que continuem as buscas, não iriam encontrar ele com vida. Samuel está morto.
— Não...— Minha mãe me abraça e eu começo a chorar outrar vez. Não tínhamos muito contato, porém das poucas vezes que vi Samuel, eu soube que ele era uma boa pessoa, não merecia esse fim. Eu estava tão preocupada com o Lorenzo que não lembrava dele, me sinto culpada por minha negligência. Eu não faço ideia de como vou dar essa notícia para Lorenzo, ele ainda está instável...mesmo que não se lembre das coisas, Samuel é irmão dele. E agora ele nunca mais vai vê-lo.
.........
3 dias depois...
Contar para Lorenzo da morte do irmão não foi fácil para mim, na verdade nem sabia se eu conseguiria dizer isso para ele, porém era o certo a se fazer. Por mais que não se lembrasse de muito coisa, Lorenzo sentiu muito a morte de Samuel e hoje é seu funeral. Mesmo sabendo que não encontraram o corpo dele, nós achamos que era uma questão de respeito e homenagem a eles, fizemos uma lápide com o seu nome e uma cerimônia para os amigos e familiares. Não foi um momento fácil para Lorenzo, mas eu estava com ele, todos nós estávamos com ele.
.........
Era uma sensação tão Estranha, estar ali, em um funeral do meu próprio irmão e não lembrar de quase nada sobre ele, nem momentos, nem conversas ou algo do tipo. Mas eu sentia...a dor de perder alguém, mesmo não conseguindo esboçar nenhum tipo de sentimento naquele momento, mas estava doendo muito.
— Lorenzo? Você está bem? — Aurora dizia ao se aproximar de mim. Tiro minhas mãos do bolso da calça e passo em meu rosto.
— Não. Eu não consigo me lembrar do meu próprio irmão e agora ele está morto. Eu não consigo nem dizer o que eu estou sentindo sobre isso! — Assim que as palavras saem da minha boca, Aurora vem me abraçar e pela primeira vez eu me sinto bem para retribuir. Era estranho abraçar ela, mas me transmitia algo bom, era como se seu abraço me dissesse algo que eu não pudesse entender. Era a paz entre toda aquela tempestade.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 36
Comments
ANA ROSA Silva
Lorenzo deve estar vivo em outro lugar e sem memória tbm
2024-10-19
1
Chris Oliveira
Que loucura tudo isso? Será que o Lorenzo está mesmo morto?
2024-01-21
1
Chris Oliveira
Senhorrrr eles têm que procurar mais
2024-01-21
1