Por Teu Amor: Inauguração

...~ Samuel Monteiro ~...

Pela primeira vez pude dormir tranquilamente, não tive que ter uma luta contra mil e um pensamentos, pois só tinha ela na minha cabeça, mesmo estando numa situação difícil eu queria poder lutar por ela, mas sei que com isso tudo posso perder ela, por estar mentindo para todos.

Hoje é a inauguração da Red, finalmente iremos abrir as portas para todos e agora eu poderia ficar tranquilo com a empresa. Gael está sendo meu braço direito na empresa e sócio majoritário também, não poderia existir outra pessoa para comandar essa empresa comigo.

— Seu pai estaria orgulhoso se você e o seu irmão também, Lorenzo. — Roger, um dos sócios de Londres diz ao brindar conosco. O meu coração aperta somente em escutar isso.

— Bom...vou te acompanhar em tour pela empresa Sr. Roger. Já volto sócio. — Gael diz percebendo como fiquei com o comentário.

Aquela tristeza de repente volta para meu peito, mesmo depois de um ano ainda sentia a dor que senti ao descobrir sobre tudo, quem eu realmente era e que o meu irmão estava morto. Bebo o champanhe que estava na minha mão e tento não pensar nisso, quando olho para o lado e vejo Aurora entrando com as irmãs, a mãe e o cunhado Lucas.

Ela me olha e sorri a abaixar a cabeça, coloco a taça em um canto e vou até ela.

— Você está linda. — Falo ao aproximar-me.

— Obrigada, você está muito elegante. — Ela diz me olhando de cima a baixo.

— Na verdade, vocês todas estão lindas. — Falo percebendo que ela não estava sozinha, esqueci dessa parte quando olhei Aurora, quando estou com ela parece que todos desaparecem.

— Que isso, você é muito gentil. — Lucas diz zoando.

— Obrigada pelo convite, Lorenzo e os meus parabéns, você fez um ótimo trabalho. — Fernanda diz.

— Obrigado, mas isso eu devo ao Gael que pelo ano todo que estive fora ficou cuidando para quê tudo ficasse impecável.

— E em falar do Gael, sabe onde ele está? — Maittê pergunta. Gael me disse que eles haviam saído algumas vezes e que ela era uma boa companhia.

— Está com um sócio da empresa.

— Vou procurar ele. Com licença. — Diz saindo.

— Bom...vamos pegar uma bebida? — Valentina diz olhando para a mãe e o namorado.

— Estou sem beber amor, lembra?

— Vamos pegar um suco, mas vamos logo. — Ela diz puxando Lucas que estava sem entender nada, deixando eu e Aurora sozinhos.

— E então? Como foi o trabalho? — Falo puxando assunto, ela sorri.

— É sério? Quer falar realmente sobre isso? — Ela diz a arquear as sobrancelhas. Eu dou um sorriso e me aproximo.

— Tem razão, quero falar sobre o quanto eu pensei em você ontem.

— Só ontem? Só pensou em mim ontem?

— Você sabe que não.

— Ultimamente eu não ando te entendendo muito bem.

— Está falando da Ariela?

— O que você acha? — Diz desviando o olhar.

— Pensei que já tínhamos resolvido sobre isso.

— Ela já saiu da sua casa? — Cruza os braços. Eu não digo nada, somente suspiro e desvio o olhar por 1 segundo. Ela sorri desgostosa e revira os olhos. — Foi o que eu pensei.

Ela se vira para sair de perto de mim e eu seguro seu braço, puxando ela para um beijo.

Ao me afastar dos seus lábios, ela sorri e olha para o lado ficando totalmente seria e quando eu olho vejo Ariela parada na nossa frente, nos olhando e sorrindo com a mão na cintura.

— Me desculpe se eu atrapalhei vocês...só vim te parabenizar, isso está incrível. — Ela diz vindo me abraçar, Aurora fica olhando seria.

— É...obrigado, Ariela. — Olho para Aurora e ela desvia o olhar com raiva. — Conhece Aurora?

— Ah sim, a moça que foi te procurar em casa. Como vai? — Diz sorrindo simpática.

— Estou bem, obrigada. — Aurora responde ríspida. Era nítido a tensão entre as duas apenas pelo olhar de Aurora.

— Quero te apresentar formalmente agora, Aurora é minha esposa. A mulher da minha vida. — Falo olhando para Aurora que sorri sem acreditar que falei isso. Ariela perdeu o sorriso por alguns segundos, mas depois colocou um mais largo ainda no rosto e abraçou Aurora, que claramente não esperava a atitude.

— Felicidades, eu não sabia. Fico feliz por vocês.

— É claro que fica. — Aurora susurra baixinho ao meu lado.

O resto da inauguração foi um sucesso, todos estavam prestigiando a nova empresa da Red em Nassau e eu claro que estava feliz por tudo ter dado certo.

Por outro lado, eu e Aurora estávamos mais próximos, percebi que tentar me afastar dela não faria tudo ficar melhor. Vou lutar por seu amor, vou fazer de tudo para ganhar o seu amor por eu ser o Samuel, não por ela achar que sou o Lorenzo, e quando for a hora certa eu direi toda a verdade.

— Chegamos, Senhorita. — Falo ao estacionar o carro em frente à sua casa. — Obrigada por ter ido hoje. Sua presença foi muito importante para mim.

— Eu não poderia perder por nada. Eu disse que sempre estaria ao seu lado. — Ela diz ao colocar sua mão sobre a minha. — E sobre o que você disse para a Ariela...não precisava, não quero que se sinta pressionado.

— Não estou sobre pressão, eu falei porquê é a verdade, você é minha mulher e eu te amo.

— Você realmente está pronto? Sua memória...

— Minha memória vai voltar algum dia, o que realmente eu quero lembrar é dos nossos momentos que vamos criar a partir de agora. O que ficou para trás eu quero que permaneça lá. — Olho em seus olhos e levo minha mão até seu rosto, acariciando sua bochecha me aproximo e lhe dou um beijo, ela sorri parecendo estar sem jeito, estava corada.Eu sinto que ela sente o mesmo que eu, não por achar que sou o Lorenzo, mas simplesmente porquê gosta de estar ao meu lado. — Eu te amo, Aurora. Me perdoa...por tudo.

Falo com minha testa encostada na sua também. Ela coloca a mão no meu rosto e me beija novamente.

— Eu não tenho o que te perdoar, nada foi sua culpa, você sabe.

— Um dia...prometo te dizer tudo e quando esse dia chegar, espero que você se lembre do que está sentindo agora, nesse exato momento.

— Eu te amo e é isso o que importa. Nada do que me disser vai mudar isso meu amor. Nada.

Beijo seus lábios uma última vez antes de dizer boa noite e ela sai do carro, entrando em casa logo depois.

Ao chegar em casa vou direto para meu quarto, Gael tinha se encarregado de trazer Ariela de volta quando fosse embora da festa, já devem ter chegado.

Eu estava muito cansado com o dia de hoje, porém faria tudo de novo.

Vou para o banheiro e tomo um banho quente e depois vou para a cama descansar, quando ouço alguém bater a porta, peço que entre e Gael abre a porta, entrando logo em seguida.

— Pensei que já estava dormindo. — Falo me levantando.

— Escutei você chegar e vim te dar boa noite e te parabenizar, hoje foi incrível. — Diz apertando minha mão em um cumprimento.

— Graças a você que me ajudou nisso.

— Amigos são para isso, para apoiar o outro.

— Obrigado, por tudo.

— Você é meu amigo, meu irmão do peito, sempre estarei aqui para você. — Diz batendo no meu ombro. — Tenha uma boa noite, amanhã começamos na empresa. — Diz caminhando até a porta e logo saindo.

— Boa noite.

Me deito na cama e fecho os olhos por alguns segundos, os abrindo logo em seguida e pegando meu celular ao lado no criado mudo. Vou no contato da Aurora e lhe envio uma mensagem.

" Tenho um convite irrecusável para lhe fazer. Amanhã, você, eu, sozinhos, em um restaurante, flores, uma comida deliciosa, à noite, um jantar perfeito.

Te busco às 20:30. E uma boa noite para você. "

Não demora muito para chegar uma notificação.

" Acho que será perfeito, eu aceito sim. Boa noite.

Eu te amo. "

Desligo o celular com um sorriso no rosto e fecho os olhos apenas imaginando como vai ser amanhã a noite. Em como eu estou louco para ficar ao lado dela outra vez.

Na manhã seguinte acordo bem cedo, tomo um banho e me arrumo para ir à empresa. Desço às escadas e vou até o escritório pegar minha pasta que eu tinha deixado ontem lá, quando me viro para sair vejo Ariela entrar com uma xícara de café nas mãos.

— Toma,aqui está seu café. — Ela diz me oferecendo a xícara, olho para ela sem entender.

— Obrigado, Ariela, mas não precisava se incomodar. — Digo pegando a xícara das mãos dela, o cheiro estava bom e dou um gole. Estava do jeito que gosto, uma colher de açúcar apenas para não ficar muito açucarado e nem amargo.

— Você sai sem comer ou beber nada, então tomei a iniciativa de lhe trazer esse café. — Ela diz me encarando e sorrindo. Saio do escritório, caminhando até a porta. — E também porquê queria te propor uma coisa. Se estiver de acordo é claro.

Me viro para olhá-la.

— Pode falar então.

— Eu estou muito grata por ter me deixado ficar aqui na sua casa, mesmo não se lembrando de mim e muito menos tendo qualquer vínculo comigo. Então para retribuir tudo o que está fazendo, eu queria poder fazer algo como trabalhar, sei que não tenho nenhuma experiência, mas posso aprender o que quiser.

— Está me pedindo um emprego?

— Se estiver de acordo, acho que seria uma oportunidade boa trabalhar na sua empresa, principalmente porquê eu poderia sair da sua casa e ter minha renda e não dar nenhum trabalho com sua esposa. — Entreito meus olhos.

— O que tem a Aurora?

— Eu sei que deve achar um incômodo uma mulher solteira morando na casa do seu marido, não sou nenhuma boba. E também eu não quero ser um incômodo para vocês.

— Ariela, eu acho muito bom você querer se ocupar e fazer algo para mudar sua situação, eu vou falar com o Gael e podemos ver o que vamos fazer. E sobre a Aurora, não se preocupe, tudo está indo muito bem. Agora preciso ir, mas quando eu voltar trago notícias.

— Muito obrigada. Não sabe como sou grata por você...— Diz me abraçando, sou pego de surpresa com o ato. — Ah meu Deus...me desculpe...não deveria ter feito isso.

— Ahn...está tudo bem, não se preocupe. Bom, já estou indo, até logo, Ariela.

Saio de casa e entro no carro, dirigindo a empresa e pensando no abraço que Ariela me deu, ele né dispertou algumas lembranças que pensava que estavam enterradas. Ter ela por perto é estranho e desagradável, mas sinto que está mudada de certa forma, só espero que não me traga mais problemas com a Aurora.

.........

...~Ariela Martínez ~...

Vejo ele entrando no carro e depois sumindo conforme o carro subia a rua. Cada vez mais eu tinha a quase certeza das minhas suspeitas " sem cabimento " como Coral diz.

Fecho a porta e subo as escadas indo para o quarto dele, fecho a porta cuidadosamente e observo cada canto, o cheiro, a organização...tão famíliar.

Sento na cama e ligo para Coral, precisava falar com ela como estava indo o meu plano.

— Oi, Coral? Tenho atualizações. — Falo assim que ela me atende.

— Oi, amiga. Pode falar então.

— Eu sei como vou ter as certezas que preciso para confirmar as minhas suspeitas.

— E o que pensa em fazer então?

— Vou trabalhar na empresa dele. Com certeza na empresa, passando horas perto dele vou conseguir arrancar as últimas peças do quebra cabeça.

— Mas vocês moram na mesma casa, se fosse pada descobrir algo já teria descoberto.

— Você acha que estou louca não é mesmo?

— Não é isso, Ariela...é só que o que você está dizendo é um pouco sem cabimento algum.

Coral sempre teve dúvidas, mas eu não, eu tenho certeza e eu vou provar.

— Eu sei o que estou dizendo, Coral! Junta as peças, vê o que está diante dos seus olhos. Lorenzo não está sendo 100% sincero!

— Ele teve um acidente trágico, Ariela, é normal que esteja mudado.

— A ponto de voltar para Londres e tomar conta da empresa que ele sempre quis distância? Ele se mudou para Nassau simplesmente para ficar longe dos negócios e agora trouxe a emprega para Nassau?

— Talvez ele queira continuar fazendo o que os pais e o irmão se dedicaram tanto.

— Acorda, Coral! O Lorenzo não é dizendo quem ele realmente é, ele não é o Lorenzo, esse é o Samuel! É o meu Samuel!

— Mas porque ele iria se passar pelo irmão morto? Isso não tem sentido!

— Eu suponho que sei o porquê.

— Então diz!

— Para ficar com a namorada do irmão. Ele se apaixonou pela namorada do Lorenzo. Aurora é o motivo e é por isso que tenho que tirar essa songa monga do meu caminho!

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