Por Teu Amor: Uma Decisão

Ir à praia depois de descobrir toda a verdade é estranho, saber que o meu irmão está em algum lugar desse mar, não sei o que dói mais, meu irmão morto ou não ter o corpo dele para ter um último momento para me despedir.

Nesse momento eu não sei o que fazer, todas as minhas palavras estão travadas na garganta, e como vou fazer para resolver essa situação é a grande pergunta. O que fazer? Machucar a mulher que amo dizendo que ouve um engano na hora de me identificar? Dizer que o homem que ela ama está morto?

— Lorenzo? — Aurora diz atrás de mim, por um segundo penso ser coisa da minha cabeça, porém aquele momento era real.

— Aurora? O que está fazendo aqui?

— Eu precisava pensar, a brisa do mar me ajuda. E você? Se sente melhor?

— Aurora...eu sinto muito por hoje.

— Está tudo bem, não peça desculpas.

— Eu preciso muito mais que te pedir desculpas. Eu preciso te dizer tudo o que está me atormentando.

— Então me diz.

— Aurora...quando eu acordei naquela cama de hospital e te vi eu senti algo tão bom, senti que te conhecia e não só isso, mas que você era muito especial para mim. — Dou uma pausa e a olho nos olhos. — Esses dias estão sendo um pouco demais para mim, eu sei que eu já te dei muitas explicações e sei que em cada uma delas eu te machuquei, mas agora tudo faz sentido para mim.

Eu olhava em seus olhos e podia sentir meu coração batendo mais forte, sentir ela tão perto de mim me fazia bem, mas eu sabia que não era o certo, ela está enganada sobre quem eu sou e não posso continuar com isso.

— Eu entendo você e todos seus motivos para que tenha mudado, você perdeu seu irmão.

— Aurora, eu não...— Penso em dizer a verdade, acabar com tudo isso agora mesmo, mas minha garganta trava. Respiro fundo antes de continuar. — Eu não posso ser o Lorenzo que você quer que eu seja agora, eu não consigo ser ele.

— Claro que pode, olha para mim...— Ela segurava meu rosto para olhar em meus olhos. — Eu estou com você e vamos lutar juntos para tudo voltar a ser como era antes.

— Não Aurora! Para de buscar o Lorenzo em mim, eu não sou ele! Eu nunca vou ser ele! — Mercebo que ela se assusta com o meueu tom de voz e dá um passo para trás, me olhando com os olhos lacrimejando. — Tem muita coisa que precisa saber, mas não consigo dizer agora.

— E o que quer dizer com isso? Que eu devo desistir de você? Ou que você não sente mais o mesmo por mim? — Aurora diz desviando o olhar para os lados ao limpar as lágrimas.

— Talvez seja melhor assim, eu não sentir nada.

Vejo o seu olhar se transforma de tristeza para decepção. Não era fácil dizer aquilo, mas enquanto eu não conseguir forças para contar a verdade para todos é melhor mantê-la longe de mim, será melhor assim.

— Se você acha que assim vai facilitar para as coisas, não posso te dizer o contrário, a vida é sua não é mesmo? — Vejo Aurora virar as costas e sair sem dizer mais nada.

Afastar Aurora não era fácil, eu amei Aurora desde o primeiro dia que vi ela, Lorenzo estava feliz por apresentar a mulher que iria se casar, eu tinha acabado de terminar um relacionamento de 5 anos e estava passando por um momento frágil, porém Aurora foi uma luz no final do túnel para mim, sempre soube que nunca teria a oportunidade de tê-la em meus braços e isso me fazia ser um egoísta com meu irmão para amar sua namorada, tentei acabar com esse sentimento e então Lorenzo pediu ela em casamento e eu sabia que meu amor por ela teria que acabar para o bem da minha relação com Lorenzo, mas tê-la tão perto depois do acidente...que não sei como driblar esse sentimento, pois sei que seu amor não me pertence e jamais irá pertencer.

.........

Vou para casa chorando, agora realmente tinha acabado, Lorenzo mudou depois do acidente, eu não o reconheço mais.

Vou para meu quarto e tomo um banho para ir dormir e tentar esquecer tudo o que aconteceu hoje, tentar esquecer que perdi o Lorenzo.

Saio do banho e vejo Valentina e Maittê sentadas na cama. Olho para elas e tiro a toalha do meu cabelo.

— O que fazem aqui?

— Você estava chorando? — Maittê diz

— Meninas, estou cansada, melhor vocês me deixarem dormir. — Falo tentando desviar do assunto.

— Não quer conversar? Sabe que nós estamos aqui para você, não sabe? — Valentina diz.

— Eu sei, mas por favor, me deixem ficar sozinha.

Antes de sair do quarto elas me dão um beijo na testa e assim me deixam sozinha no quarto.

...《1 semana depois...》...

1 semana se passou e até hoje não tive notícias do Lorenzo, pensei muito sobre o que ele me disse, sobre não ser o Lorenzo e não poder ser ele outra vez, eu pensei em ligar e conversar com ele para acertar as coisas e ficarmos bem outra vez, mas não consigo discar seu número.

Tento focar nos livros e nos meus estudos, mas meu pensamento está no Lorenzo. Por mais que eu tente, eu não consigo parar de pensar nele ou ter vontade de ir vê-lo, mas se ele sentisse o mesmo já teria vindo falar comigo.

— Posso entrar? — Ouço a voz da minha mãe ao bater a porta. Viro minha cadeira giratória para ver a minha mãe entrar. — Filipa me informou que você não tocou na comida hoje. Está me preocupando.

— Mãe, estou bem, não se preocupe. — Digo me virando para olhar os livros na minha mesa.

— Filha, eu sei que está sendo difícil, mas não quero te ver mal desse jeito.

— Eu nãos quero falar sobre isso. Mãe, desculpa, mas quero poder estudar em paz, então por favor, não me fale sobre esse assunto novamente.

— Eu te entendo, me desculpe, meu amor. Vou te deixar estudar, mas antes vou trazer alguma coisa para você comer. — Ela me beija na testa e depois sai do quarto.

.........

Tento manter o meu pensamento longe de Aurora, mas não consigo, se passaram 1 semana e não pude vê-la novamente, tento reprimir essa vontade idiota de ir bater na porta ela e falar toda a verdade, falar que amo ela, mas percebo o quão egoísta isso é.

— Uma semana sem ver a Aurora, temos um recorde mundial dos homens apaixonados. — Gael diz ao entrar no escritório. Viro minha cadeira para ele e dou um sorriso com seu comentário.

— Sabe que você ficar me lembrando do nome dela toda vez não me ajuda à esquecer dela, não sabe?

— Eu sei e é por isso que continuo falando dela.

— Você é um péssimo amigo. — Gael ri.

— Mudando de assunto. Já pensou no que fazer?

Respiro fundo antes de dizer alguma coisa.

— Sim, pensei e pensei muito.

— E decidiu contar a verdade?

— Gael, não irei contar a verdade. Irei continuar como Lorenzo.

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