Depois que entro em casa dou uma olhada pela janela e vejo o carro de Lorenzo indo embora, dou uma leve suspirada e olho para o sofá, percebendo a presença de Valentina que me olhava esperançosa.
— O que foi? Tem algo no meu rosto? —Pergunto.
— Não vai falar como foi o jantar? Chegou suspirando, quer dizer que foi tudo bem?
— Foi tudo bem, sim. Até conheci um amigo dele de Londres. — Digo ao me sentar.
— Como? Não foi um jantar à dois?
— Na verdade não...mas foi um jantar maravilhoso, Lorenzo parecia bem mais confortável que antes.
— Fico feliz que esteja tudo bem.
— É...quase, ainda as coisas estão estranhas entre nós.
— Não se preocupe, tenho certeza que quando ele lembrar de você tudo vai se ajeitar. Tenha paciência maninha.
— Eu espero. Bom, vou me deitar. Boa noite, Tininha. — Dou um beijo em sua testa e ela faz careta.
— Sabe que odeio esse apelido não é?
— Eu sei. — Digo á um passo do primeiro degrau da escada. Ela ri e se levanta.
— Boa noite, também vou me deitar.
.........
04:00 AM.
Não consegui dormir, fiquei a noite toda tentando tirar meu pensamento daquelas visões, sonhos ou lembrança seja lá o que elas forem, mas não consegui, ainda tinha Aurora que não saía da minha cabeça, tinha algo nela que me faz gritar por dentro, tem algo estranho acontecendo e eu não sei como lidar com mais essa.
Decido ir à praia para respirar e pensar um pouco, a noite estava linda. Caminhando pela areia e olhando ao horizonte, vejo ao longe uma silhueta de uma mulher, quando me aproximo vejo um rosto familiar.
— Sem sono? — Digo me aproximando. Ela estava olhando o mar e quando ouve minha voz me olha surpresa em me ver.
— O que disse? — Diz sorrindo.
— Perguntei se está sem sono.
— Ah...sim, estava pensando de mais e decidi respirar o ar fresco do mar. E você?
— Digamos que o mesmo que você. — Ela assente com a cabeça e ficamos em silêncio olhando para o mar. A atmosfera desse lugar era incrível. — Ahn...eu tenho que te contar uma coisa. Ando tendo algumas visões.
— Visões?
— São flashs de momentos, conversas com meu irmão. Alguns são com contextos, outros não sei bem do que se trata.
— Isso é...incrível,Lorenzo ! Isso quer dizer que você está se lembrando aos poucos.— Fala animada. Parecia estar satisfeita em ouvir aquilo.
— Eu sei, mas ainda não me lembro sobre você ou sobre nós. Muito menos sobre o acidente.
— Está se lembrando aos poucos, tem que ter calma. Só não tenha pressa, tudo vai estar no seu devido lugar no momento certo.
— Eu sei que te machuca eu não conseguir me lembrar de nós. Eu não quero te machucar. — Ela me olha nos olhos e se aproxima e segura meu rosto com a sua mão, seu olhar decia dos meus olhos para meus lábios, tinha uma mistura de tristeza e pena.
— Eu te amo do jeito que for. independente de se lembrar ou não de mim, eu te amo, Lorenzo. Sempre e para sempre. — Seus lábios gentilmente vão se aproximando dos meus e por alguns segundos eu considero a possibilidade de apenas deixar acontecer, mas novamente as visões aparecem, me fazendo recuar.
" — Está pronto? Posso entrar ou vou ver uma réplica minha pelada? — Eu digo ao bater na porta entreaberta.
— Ah que bom, trouxe seu humor também. — Ele diz retribuindo a piada. Abro a porta e entro olhando ele de cima abaixo tentando pôr a gravata.
— Quer uma ajudinha garanhão? Tanto tempo usando uma gravata e não sabe colocar uma. Depois diz que eu sou o "ignorante". — Digo arrumando sua gravata.
— Meu Deus, não pensei no nervosismo quando pedi Aurora em casamento.— Diz ao rir nervoso.
— O bom é que não vai se arrepender no altar. Aurora é uma boa moça, fico feliz por vocês. — Digo sentindo um nó na garganta.
— Tem razão, fiz uma ótima escolha. Agora falta você levar alguém ao altar. — faço que " não " com a cabeça e coloco minhas mãos em seus ombros por trás enquanto ainda se olhava no espelho.
— Hoje é seu casamento, nada de falar de mim. Vamos logo que quem se atrasa é a noiva não o noivo. — "
E tudo volta para onde parou novamente. Aurora olhava-me confusa.
— Está tudo bem? — Ela me olhava tentando entender.
— Desculpa, mas preciso ir. — Tiro a sua mão do meu rosto e viro-me para ir embora, sem olhar para trás e sentindo um nó no estômago vou embora tentando entender o que foi aquilo.
.........
Passei o resto da noite tentando entender o que aconteceu, nós estávamos indo tão bem e de repente ele recuou bruscamente e foi embora, me deixando ali, sem entender o que tinha acontecido.
As vezes não entendo o Lorenzo, depois que ele voltou do acidente simplesmente se tornou outra pessoa, de repente não é mais o Lorenzo que eu conheci e não sei como lidar com isso.
— Bom dia, vou tomar café na universidade. Amo vocês. — Pego minha bolsa e vou em direção à porta.
— Espere aí mocinha. Não é bom sair sem comer nada. — Minha mãe diz se levantando. — Pegue pelo menos um suco ou uma fruta para comer no carro.
— Eu vou comer na universidade, não se preocupe, estou atrasada, beijo. — Abro e porta e saio de casa indo para meu carro.
Assisto as aulas e depois de estudar na biblioteca volto para casa. Lorenzo não me ligou e nem me mandou sequer alguma mensagem, pensei em perguntar sobre ontem, porém não consegui ter coragem, as coisas estão estáveis entre nós e eu realmente não sei como isso vai funcionar daqui para frente.
.........
Ando bem atordoado com as visões que tenho visto ultimamente, está tudo tão confuso na minha mente, estou lembrando de conversas com o meu irmão, mas sinto que tem algo estranho nelas, tem algumas que eu não entendo o seu sentido e outras que compreendo totalmente, pois consigo lembrar do contexto, porém algumas estão me deixando confuso.
— Posso entrar? — Ouço o gael bater na porta. levanto-me e abro para ele entrar. — Bom dia.
— Oi, bom dia! Dormiu bem? — Digo tentando transparecer estar bem e tranquilo.
— Dormi, sim. Estava pensando em tomar café fora, quer me acompanhar? A gente pode conversar mais e podemos conhecer a cidade.
— Me parece uma boa ideia, estou precisando sair de casa mesmo.
— Por isso saiu ontem de madrugada? — Olho para ele arqueando as sobrancelhas. — Tenho sono leve.
— É, sai um pouco para respirar. — Sou breve e mudo de assunto. — Vamos? Estou com fome.
— Vamos, claro. Está bonitão hoje hein. — Diz ao bater no meu ombro.
Nós vamos até uma cafeteria perto de casa, no caminho conversamos sobre diversas coisas, sinto que posso confiar nele, sinto-me leve com ele, acredito que antes do acidente tínhamos uma relação muito íntima e próxima e pelas lembranças que ando tendo só confirma isso.
— Lorenzo? Ah, oi cara! Que bom te ver aqui, foi mal por não ter ido te visitar quando teve alta, ando numa correria. — Lucas diz vindo na nossa direção.
— Sem problemas, Lucas. — Digo o cumprimentado. — Ah! Já ia me esquecer, esse é Gael, um amigo próximo. Gael, esse é Lucas, namora uma das irmãs da minha...esposa. — Digo tentando esquecer o quanto é estranho falar disso.
— Muito prazer. Já ouvi falar de você, Samuel disse que não pôde vir ao casamento por não estar na cidade no momento. — Lucas diz ao cumprimenta Gael com um aperto de mãos.
— Sim, se eu soubesse que seria a última vez que estaríamos todos juntos eu teria pegado o primeiro voo para Nassau. — Gael percebe o meu desconforto ao falar desse assunto. — Bom...vamos nos sentar.
Nós sentamos-nos numa mesa próxima à saída e ficamos a conversar até fazer os nossos pedidos. Gael e Lucas deram-se bem logo de cara e ficaram a falar sobre Londres e outras coisas, preferi ficar um pouco na minha.
— Está calado, Lorenzo. — Lucas diz.
— Estamos falando demais? — Gael diz a colocar a mão no meu ombro.
— Não, estou gostando das suas histórias.
— Você e Samuel teriam muito mais. Lembro que uma vez vocês dois deram uma festa, Samuel bebeu todas e caiu no sono, você aproveitou-se disso para dar um susto nele e pediu a minha ajuda para levar ele para o carro, mas não disse para aonde iria, quando ele acordou estavam no avião e ele surtou. — Gael diz a rir, Lucas ri também. Sinto um desconforto e tento rir disso, pois é uma memória feliz do meu irmão, porém tudo o que eu sinto é uma pontada no peito e um desconforto enorme me causando frio na barriga. Não consigo ficar mais ali.
— Preciso sair daqui, tô sufocando. — Digo me levantando e desabotoando três botões da minha camisa. Vou para fora tentar respirar, estava sem ar, a minha cabeça doía e respirar estava cada vez mais difícil e novamente aquelas visões.
" — E você Samuel, gostando de alguém? Será que o próximo casamento que iremos será o seu? — Aurora diz. Consigo sentir o nó na minha garganta, se ela soubesse o que sinto por ela, será que as coisas ficariam do mesmo jeito? Que pergunta idiota, claro que não, ela ama o meu irmão.
— Prefiro deixar os casamentos para o meu irmão. Até porque não se encontra a pessoa certa duas vezes. — Digo tentando desviar do assunto, porém só consigo olhar para ela.
— Samuel está fugindo de compromisso depois da última. Ariela o nome dela. — Lorenzo diz, me lembrando de detalhes que prefiro esquecer.
— Vamos mudar o foco dessa conversa, quem são os noivos são vocês. Vou pegar mais champanhe. —"
" — Fico feliz em te ver de novo. A última vez você foi embora tão rápido. — Fernanda, mãe da Aurora diz de aproximando de mim.
— Desculpa, eu tinha uns negócios para resolver e acabei não aproveitando o aniversário da sua filha. Mas é bom ver a senhora outra vez e agora sou oficialmente o irmão do seu genro.— Fernanda sorri gentilmente e eu proponho um brinde entre nós.
— Você não me parece muito alegre para quem veio celebrar o casamento do irmão.— Diz percebendo meu olhar fixo longe da festa — Não está feliz por seu irmão?
— Meu irmão ama sua filha e agora eles oficialmente estão casados, ele está feliz ao lado dela e não posso pensar em outro lugar melhor para ele estar. Então sim, estou feliz pelos dois. — Assim que termino de falar, Fernanda sorri gentilmente para mim parecendo me entender. Ela coloca a mão no meu ombro e me olha nos olhos.
— Fico feliz que esteja aqui. — "
E de repente tudo volta ao seu lugar.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
Chris Oliveira
Acho que a memória voltou!!! E agora??
2024-01-21
1
Chris Oliveira
😱😱😱😱😱😱
2024-01-21
1
Louca por magia
Aos poucos as lembranças voltando /Whimper/
2024-01-09
1