Por Teu Amor: Engano

— Lorenzo? Cara, está me ouvindo? — Ouço a voz do Gael e volto minha atenção para a realidade.

— Vamos para o Hospital. — Lucas diz apoiando meu braço em cima do seu ombro.

— Não preciso de hospital, preciso sair daqui, me tirem daqui. — Falo tentando me recompor. Lucas e Gael me levam para o carro e vamos para casa. Eles me perguntam se eu estou bem e o que aconteceu, mas eu simplesmente não era responder por agora, preciso de um tempo para pensar sozinho.

— Tem certeza que não quer ir ao médico? Esse mal estar pode ser algo grave. — Lucas diz ao entrarmos em casa. Me sento no sofá sofá respiro fundo.

— Estou bem, Lucas, não preciso de médico. Vou subir para o quarto, tomar um banho e irei me sentir melhor.

— Então tá bom. Vou ligar para a Aurora e dizer o que aconteceu. — Lucas diz ao pegar o celular.

— Não. — Digo bruscamente. Eles me olham. — Não quero que avise à ela. Desculpe, mas vou para meu quarto. — Sem deixar eles dizerem nada, subo as escadas e vou para meu quarto.

Desabotoo minha camisa por completo e passo a mão pela minha cabeça. Eu posso me recordar plenamente sobre o dia do acidente, sobre mim, a Aurora, meu irmão...De repente tudo desaba, a verdade veio à tona e eu posso me lembrar de tudo outra vez, todos estavam errados esse tempo todo, tudo muda de agora em diante.

— Meu Deus...! — Digo para mim mesmo.

— Lorenzo? Você está bem? Cara estou preocupado com você. — Gael diz ao entrar.

— Eu...me lembro de tudo. Tudo veio na minha cabeça assim...de repente.

— Cara, isso é demais! Que bom!

— Não está nada bem, Gael. Ouve um engano.

— Um engano? Como um engano?

— Eu não sou o Lorenzo, Gael. — Gael me olha confuso.

— Lorenzo...eu acho que você está um pouco confuso, amigo. — Ele diz não acreditando em mim. Tento pensar em algo para conhecê-lo.

— No braço esquerdo, tem uma tatuagem que você fez com o nome Jéssica. Era sua ex, você fez dois dias antes do término, você sempre se odiou por isso. — Digo olhando sério para ele. Gael me olhava perplexo, olhou seu braço e me olhou novamente.

— Não sou o Lorenzo, Gael, sou o Samuel.

Gael ficou tentando entender por alguns minutos, rle andava de um lado para o outro, não posso culpá-lo por estar achando confuso.

— Isso...isso não pode ser. Como?

— Eu também não entendo.

— Mas acharam você com sua, quer dizer, com a identidade do Lorenzo. Eu nem sei mais como identificar você.

— No dia do acidente, Lorenzo me emprestou o seu casaco , nele tinha a identidade do Lorenzo. Na hora do acidente eu ainda estava com o casaco, Gael.

— Isso é muito louco. Como que pode ser possível?

— Eu sei disso, eu também estou ficando louco com isso. Mas é a verdade, Gael. Samuel não morreu no acidente, porque Samuel sou eu! Sou eu, Gael!

.........

Fui para a universidade cedo, mas quando cheguei lá percebi que tinha esquecido meu livro e como precisava dele para uma prova decidi ir buscar en casa antes que o intervalo para o almoço termine.

Desço do carro e corro rapidamente para a porta e escuto algumas vozes, era a Valentina e o Lucas.

— Mas ele está bem? Como que aconteceu? — Ouço a voz de Valentina nervosa

— Está, ele disse que está, mas passou muito mal. — Lucas dizia.

— Obrigada por avisar, vou dizer para a Aurora quando chegar.

— Não pode contar à ela.

— E, porque não?

— Lorenzo não quer que ela saiba.

— Não quer que ela saiba?

— Não quer que eu saiba o que? — Falo ao entrar depois de escutar a conversas deles. — Não vão me dizer?

— Aurora...o que está fazendo aqui? Era para estar na universidade. — Valentina fala, seu nervosismo já entrega tudo.

— Esqueci um livro importante, aproveitei o intervalo para buscar. Agora me fale o que estavam dizendo.

— Desculpe, mas não posso dizer.

— Lucas, ouvi o nome do Lorenzo, por favor me diz o que aconteceu.

.........

— O que pensa em fazer sobre isso? — Gael pergunta.

— Eu não sei. É uma situação muito complicada.

— Eu não sei se estou feliz por descobrir que está vivo ou se entro em desespero por saber que o Lorenzo está morto. — Ele diz se sentando ao meu lado. — O que pensa em fazer sobre a Aurora?

— Vou dizer a verdade. Aurora tem que saber que não sou quem pensa que sou. — Nós somos interrompidos pela companhia.

— Está esperando alguém? — Gael diz ao ouvir a campainha.

— Gael, não quero ver ninguém.

— Fica tranquilo, fique aqui e eu vou cuidar disso. — Diz ao sair do quarto. Me levanto e abro a porta para ver quem está em casa. Chego perto das grades da escada e tenho uma visão completa da sala de estar e a entrada.

— Aurora? O que faz aqui? — Gael diz ao abrir a porta e Aurora entrar nervosa.

— Vim ver o Lorenzo, aonde ele está? Lucas me disse que ele estava se sentindo mal. — Aurora entra em casa e observa a casa inteira.

— Ele...está bem, Aurora. Mas está descansando, que tal você voltar outra hora? Depois ele te liga.

— Eu preciso falar com ele, Gael. Onde ele está? Está no quarto? — Assisto tudo de cima da escada, eu não queria encará-la agora, mas eu devo alguma explicação.

— Estou aqui, Aurora. — Falo ao descer às escadas. — O que veio fazer aqui?

— Eu...soube que passou mal, fiquei preocupada. Você está bem? Foi ao médico? — Diz se aproximando, dou um passo para trás.

— Aurora, eu estou bem. Só preciso descansar.

— Eu posso pelo menos ficar e te ajudar à ficar melhor ?

— Não quero que me leve a mal, mas preciso ficar sozinho. Depois te explico, mas agora não é um bom momento.

Aurora me olhava com uma tristeza no olhar, mas pareceu ceder. Eu não queria fazer isso com ela, eu estava sendo rude, falando bruscamente com ela, não era o que eu queria, porém era necessário. Eu não podia falar com ela normalmente depois das minhas memórias voltarem. Não sou o cara que ela está esperando e não vou poder ser, por mais que eu não saiba como contar isso à ela, um dia terei que contar, é uma coisa fora do meu controle.

— Eu te acompanho até a porta, Aurora. — Gael diz ao perceber o clima tenso. Vejo lágrimas nos olhos dela, aquilo me machucava, pois eu sabia que o motivo de suas lágrimas era eu.

— Claro...sinto muito por ter incomodado. — Fala saindo rapidamente sem olhar para trás. Gael fecha a porta e olha para mim já sabendo o que estava sentindo.

— Tem certeza do que está fazendo? — Ele me pergunta me olhando intrigante.

— Eu não sei mais de nada, Gael.

.........

Saio da casa dele com os olhos completamente inundado de lágrimas, ele não me quis com ele, simplesmente pediu para mim deixar ele em paz e eu pensei que as coisas estavam se ajeitando entre nós, mas na verdade agora eu não sei de absolutamente nada.

Chego em casa e subo as escadas sem querer que ninguém me veja, não queria explicar do motivo de eu estar chorando, principalmente minha mãe ou alguma das meninas, não queria falar disso com ninguém, simplesmente só queria deitar na cama e esquecer de tudo por alguns momentos.

Vou para meu quarto discretamente e vou direto para o banheiro para tomar um banho e aliviar aquela dor no peito que eu estava sentindo, dor de ter quase perdido o amor da minha vida, a dor de ter perdido alguém importante e depois de ter um pouco de esperança, parece estar tudo voltando a perder o sentido do mesmo jeito de quando descobri sobre o acidente.

Saio do banho e me deparo com Maittê e Valentina sentadas na minha cama lendo um livro.

— O que vocês fazem aqui? — Digo tirando a toalha do meu cabelo.

— Vimos você chegar silenciosamente, então decidimos te esperar aqui. — Valentina diz.

— Parece abatida, aconteceu alguma coisa? Não tinha ido visitar o Lorenzo? — Maittê pergunta, mas logo tento desviar o foco e começo à secar meu cabelo em frente ao espelho sem dizer uma palavra.

— Ah não vai nos dizer? Qual é Aurora, o que aconteceu?

— Não importa tá? Agora...por favor, eu preciso me trocar, nos falamos depois.

—Ela está tentando se livrar da gente, Maittê.

— Estou entendendo, Valentina. Mas se quer assim, estão está bem, mas quando quiser conversar estaremos aqui, esperando por você. — Antes de sair elas me dão um beijo na bochecha e saem do quarto.

.........

23:30 da noite.

Fiquei pensando em muitas coisas desde que Aurora foi embora, muitas coisas estão ecoando na minha cabeça, estou em um labirinto sem caminho certo ou saída.

— O que eu faço, Lorenzo? Como vou dizer que você se foi para a Aurora? Como posso ferir seus sentimentos assim? — Falo sentado em frente à lareira.

— Falando sozinho? — Diz Gael parado em pé ao meu lado.

— Não, estou falando com Lorenzo...aonde quer que ele esteja. Se isso existe, sei que vai me dar alguma ideia.

— Eu sei que está sendo difícil para você, não consigo me ver no seu lugar, mas você sabe o que tem que fazer.

— Eu sei, mas algo não me permite. Eu queria ter ido hoje mesmo e ter falado com a Aurora a verdade.

— Sabe o que te impede? Seu amor por essa garota.

— Não vamos falar disso outra vez, por favor. — Me levanto tentando fugir do assunto. Gael sempre tenta pagar de meu psicólogo.

— Você ainda é apaixonado por ela e não tente negar. — Ele diz me encurralando. — Sou seu melhor amigo, te conheço muito bem.

— Eu sei que cometi um erro em amar a namorada do meu irmão, mas eu vi que não era o certo e esse sentimento desapareceu.

— Claro, simples assim. Você não me engana, você não estar com medo de dizer a verdade e magoar a Aurora, você tem medo de dizer a verdade e perder ela para sempre, assim como perdeu o Lorenzo. — É difícil negar, ele tem razão e eu me acho um idiota egoísta.

— Gael, minha cabeça está cheia se coisas, tive um dia difícil, eu realmente não quero falar da Aurora. Vou sair um pouco, boa noite.

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Comments

ANA ROSA Silva

ANA ROSA Silva

Eu tbm acho q ele tá vivo

2024-10-19

1

Edvania Montenegro

Edvania Montenegro

Eu acho que o Lorenzo está vivo.

2024-02-04

1

Chris Oliveira

Chris Oliveira

Que sinuca de bico hein, Samuel?

2024-01-21

1

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