—Não posso acreditar que esse vídeo idiota tenha viralizado assim. Eu só estava tentando causar uma boa impressão, não me tornar uma celebridade escolar —.
Harper soltou uma risada enquanto olhávamos no celular as reproduções que o vídeo de mim jogando basquete na aula de educação física tinha.
—Vamos, não seja tão modesto. Você tem um talento impressionante para esse esporte, é normal que todos queiram te ver em ação, você enlouqueceu as garotas naquele dia — disse ele.
Balancei a cabeça, me sentindo absurdamente exposto.
—É que nunca pensei que iriam gravar o jogo. Eu só... queria impressionar você naquele dia — admiti envergonhado.
Harper arqueou uma sobrancelha, olhando para mim com estranheza.
—Espera... você fez toda aquela demonstração de habilidade só para me impressionar? — perguntou incrédulo. — Você é mesmo idiota.
Engoli em seco, percebendo que tinha falado demais. Agora teria que ser honesto sobre os motivos que me levaram a me exibir daquela maneira tão ridícula.
Harper refletiu por alguns instantes e depois colocou a mão no meu ombro em sinal de apoio.
—Ethan, não deixe que uns imbecis do passado impeçam você de continuar no basquete, não deixe que o passado o impeça de brilhar como o aclamado Ethan, o rei do jogo desta escola — aconselhou com um tom zombeteiro.
De volta às aulas, caminhávamos distraídos pelo corredor quando fomos interceptados por Tyler, o capitão do time de basquete, acompanhado pelo treinador.
—Ethan, Harper! Que bom encontrá-los — exclamou Tyler com um largo sorriso. — O treinador e eu queremos fazer uma proposta especial para o Ethan, depois de vê-lo em ação nesse vídeo. Vocês são exatamente o talento que precisamos no time.
Troquei um olhar inseguro com Harper enquanto o treinador assentia entusiasmado.
—É verdade, Ethan, você tem uma habilidade impressionante. Com você em nossas fileiras, podemos aspirar ao campeonato estadual.
Senti um nó na garganta. Por dentro, uma parte de mim ansiava por aceitar a oferta e voltar ao meu amado basquete. Mas então eu lembrava dos meus antigos falsos amigos e a amargura voltava.
—Eu... sinto muito, isso é inesperado — murmurei, incapaz de dar uma negativa direta.
Harper me olhou compreensivo. Ele sabia o quanto me custava recusar aquela oportunidade. Mas eu não me sentia pronto para reviver aquele passado traumático.
—Pense nisso, Ethan, e nos dê uma resposta, certo? — insistiu Tyler. — Você poderia ser nosso trunfo no caminho para o campeonato. Vamos, Ethan, sei que ama basquete, não deixe o passado arruinar sua paixão.
—Pense muito, vamos dar créditos extras por fazer parte do time, então você não precisaria estudar tanto nas outras matérias — acrescentou o treinador em uma óbvia tentativa de suborno acadêmico.
Senti o sangue ferver, mas mantive a calma. Não pretendia me deixar manipular por ninguém. Imediatamente percebi que eram uns idiotas.
—Está bem, pessoal, prometo pensar nisso e comunico algo nos próximos dias — respondi forçando um sorriso.
—Ótimo! Estaremos ansiosos — exclamou Tyler, dando um tapinha nas minhas costas antes de sair com o treinador.
Os observei se afastarem com um olhar sombrio.
—Claro, sumam hippies, bem que podem ir para o inferno com o time de idiotas de vocês — pensei para mim mesmo.
Harper deve ter notado minha irritação porque colocou a mão no meu ombro.
—Tranquilo, amigo, está claro que você não quer estar com esses idiotas. Vou arranjar uma saída para que não te incomodem mais — me reconfortou.
Senti o sangue voltar a circular normalmente graças às suas palavras. Assenti agradecido. Pelo menos ainda tinha ao meu lado a única amizade real e desinteressada de que precisava.
—Bem, eu poderia considerar, talvez esses créditos extras me interessem, afinal, disse que pensaria — disse, tentando provocar Harper.
—Sabe... se não quiser se juntar ao time de basquete, poderia vir comigo para o clube de pintura — sugeriu Harper de repente. — Como eu sou o presidente, posso autorizar sua entrada sem problemas.
O olhei surpreso com o convite inesperado e depois soltei uma risada.
—Uau, você acha mesmo que vou considerar entrar para o time de basquete que está tentando me subornar com pintura? — brinquei, dando-lhe um amistoso cotovelo nas costelas.
Harper corou levemente e desviou o olhar.
—Bem, é só uma ideia para que você não precise socializar com esses idiotas... — murmurou.
Sorri com ternura ao notar os ciúmes evidentes dele por ter que —compartilhar-me— com outros. Rodeei seus ombros com um braço em um meio abraço.
—Me lisonjeia que queira monopolizar assim a minha amizade, mas ambos sabemos que sou péssimo desenhando — ri. — Embora estar com você em qualquer lugar soe muito melhor do que com qualquer time de basquete.
Harper relaxou os ombros e deu um sorriso tímido, corando mais, mas desta vez de contentamento pela minha resposta.
—Entendo se no final decidir voltar para o seu esporte, só quero que saiba que pode contar comigo — sussurrou enquanto entrávamos na sala de aula.
—Vai, me mostre alguns dos seus desenhos enquanto esperamos a aula começar — pedi a Harper com interesse genuíno. — Você sempre se gaba das suas grandes obras de arte, mas nunca me deixa ver.
Harper revirou os olhos, mas pegou seu caderno de esboços com um pequeno sorriso de orgulho.
—Está bem, só porque você é meu amigo, farei uma exceção —.
Ele me entregou o caderno aberto, e eu comecei a admirar suas criações. Eram principalmente retratos a carvão, tão detalhados que pareciam fotografias em preto e branco.
—Uau... você tem um talento impressionante, Harper, isso parece muito profissional — elogiei, passando cuidadosamente as páginas.
De repente, notei que uma folha estava arrancada pela metade de maneira grosseira.
—Ei, por que você arrancou essa pági...? — comecei a perguntar distraído.
Mas Harper arrancou o caderno de mim abruptamente, com as bochechas coradas de vermelho.
—A aula está prestes a começar, é melhor você ir para o seu lugar — murmurou evasivo, evitando olhar nos meus olhos.
Arqueei uma sobrancelha, intrigado com sua reação, mas decidi não pressionar mais. Depois eu conseguiria descobrir qual desenho ele queria tanto esconder de mim, talvez até pudesse ser eu.
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Atualizado até capítulo 110
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