A Fúria do Alfa

Ao saírem da casa, Draco encara o jeito de Saphira andar e fica impressionado com sua seriedade, afinal ele está acostumado com aquela mulher divertida que gosta de bagunçar com as crianças. Ele se aproxima e pergunta:

— Você e ela pareciam conhecidas que se dão bem, o que aconteceu?

— Eu disse que queria descobrir a verdade, foi o que fiz e isso estabeleceu… novos limites entre nós, não nos odiamos, mas não somos amigas também. — diz Saphira.

— Você parece ficar confortável em uma posição de liderança. — diz Draco enquanto caminha lentamente ao lado dela.

— Liderança? Imagina. — Saphira ri timidamente e continua — Eu só costumo dizer o que penso.

— Está no seu sangue, querida. — diz Ametista se aproximando.

Os lobos em volta começam a encarar Saphira e Ametista sorri maliciosamente dizendo:

— É alfa, tem muitos concorrentes desejando sua amante milenar.

— Como é? — pergunta Draco surpreso.

— Os lobos estão todos a olhando com desejo, observando cada curva do corpo com essa roupa colada. — diz Ametista girando Saphira.

Draco olha em volta e percebe os olhares, então ele passa a mão pela cintura de Saphira que coloca a mão na testa e diz:

— Olha o que você fez Ametista.

— Eu estou me divertindo muito. — diz Ametista rindo.

Draco chama a atenção dos lobos e diz:

— Hoje quero que conheçam minha companheira para a temporada de bruma e namorada.

Eles cochicham entre si e Draco continua:

— Ela agora fará parte de nosso conselho.

— Senhor, acha ela preparada para isso? Não estou tentando questionar sua decisão, só quero entender. — diz um dos lobos.

— Saphira é a última loba milenar e tem sua bruxa guardiã aqui para comprovar.

Todos ficam chocados e Ametista pergunta:

— Acham que ela é adequada?

Todos se curvam e ao se levantar dizem:

— Que um casamento futuro torne nossa alcateia mais forte e respeitada.

— Não se apressem, estamos começando agora o namoro. — diz Saphira.

— Tudo bem, aguardamos ansiosamente por seus feitos, senhorita. — diz um dos lobos.

Saphira começa a ficar nervosa, tantas pessoas depositando suas esperanças nela a deixa preocupada. Draco a abraça e sussurra em seu ouvido:

— Está comigo, não se preocupe com nada e se for pesado demais me diga que eu dividirei o peso com você.

O que ele diz a faz sentir um grande alívio. Os dias se passam e a notícia logo se espalha, uma loba milenar fêmea ao lado do alfa. Outras alcateias tentam marcar uma reunião para conhecer Saphira, mas Draco recusa todas com a desculpa de estarem ocupados com assuntos da alcateia, Saphira então diz:

— Será que fizemos certo em contar?

— Está tudo bem-querida, eles logo ficariam sabendo, aquele tal de Sebastian andou espalhando pelos quatro ventos. — diz Clarisse se aproximando.

— Sebastian não passa de uma cobra. — diz Saphira irritada.

— Agora que não a tem, ele quer colocar os outros líderes para cobiçá-la. — diz Ametista se aproximando.

— Ele pode fazer o que quiser, eu não sou um objeto a ser negociado, muito menos um útero alugável. — diz Saphira irritada.

— Vamos mudar de assunto, soube que precisava falar comigo. — diz Ametista tentando aliviar a situação.

— Sim, quero saber se consegue ajudar com algo. — diz Saphira a arrastando para fora.

Rosana se aproxima e diz:

— Ela é ótima em tudo o que faz, justamente por se entregar de corpo e alma, vai ser bom para ela distrair a cabeça enquanto trabalha.

— Só espero que ela peça ajuda quando ficar difícil. — diz Draco preocupado.

— Fala como seu pai, se ele estivesse aqui, ficaria orgulhoso do alfa que se tornou. — diz Rosana sorrindo.

— Meu pai era muito mais esperto que eu, não cairia tão facilmente. — diz Draco rindo e vendo Saphira se afastar com Maik e Ametista do lado de fora.

— Ele era forte, mas tinha um coração bom demais, se fosse um pouco mais duro não teria sido morto. — diz Rosana.

— Morto? — pergunta Draco surpreso.

Rosana percebe o que disse e tenta consertar:

— Não teria morrido, sabe como ele era, confiava cegamente que nada lhe aconteceria.

— Mãe, que história é essa? — pergunta Draco nervoso.

Enquanto a discussão começa, Saphira vai até à entrada do subsolo dizendo:

— Quero saber se pode ajudar a deixar os lycans mais conscientes depois da transformação, Draco me disse que consegue fazê-los recuar e pararem um ataque, mas não mais que isso e Maik disse que consegue controlar porque uma bruxa o ajudou.

— Eu poderia trabalhar com eles, mas teria que ser em noite de lua cheia, eles precisam estar na forma de lycan. — diz Ametista.

— Mas isso seria perigoso para você. — diz Saphira preocupada.

— Você pode controlá-los Saphira. — diz Maik.

— Eu?! — pergunta Saphira surpresa.

— Lembra aquele dia na sala? — pergunta Maik.

— Quando você recuou? — pergunta Saphira tentando se recordar.

— Sim, como um lycan, eu me sinto assim na sua presença. — diz Maik.

— Sério? Por que não me disse antes? Eu poderia melhorar, deve ter sido horrível esse tempo todo. — diz Saphira preocupada.

— Não, relaxa, não foi o que eu quis dizer. — Maik ri e continua. — Você causa um efeito em nós lycans.

— Ele tem razão querida, os lobos milenares eram conhecidos por terem muitos lycans protegendo seus castelos no passado, isso porque sua influência sobre eles, vai além de uma simples ordem, é como uma conexão, eles sentem que devem respeitá-la. — diz Ametista.

— Então… essa “influência” da qual vocês falam, posso usá-la para ajudá-los? — pergunta Saphira.

— Bom… podemos tentar primeiro com um deles, para ter certeza que ametista não se machucará. — diz Maik sorrindo.

— Tudo bem, mas por que o sorriso? — pergunta Saphira curiosa.

— É bom ver alguém tentando ajudar criaturas como eu. — diz Maik.

— Ah, eu…

Antes que Saphira possa terminar, Clarisse se aproxima correndo e dizendo:

— Saphira, vem ajudar por favor!

— O que aconteceu? — pergunta Saphira preocupada.

— É o Draco, ele acabou de saber que o pai foi assassinado e está perdendo o controle. — diz Clarisse tentando acalmar a respiração.

— Vou ligar para Jhoe. — diz Maik preocupado.

— Não vai dar tempo, Saphira vai! — diz Ametista.

Saphira corre na direção da entrada e Ametista impede que os lobos a sigam, dizendo:

— Não, deixem ela ir sozinha, será melhor que ela não tenha distrações porque ainda não controla bem suas habilidades.

— Tem certeza? Ele é um alfa, pode machucá-la. — diz Maik preocupado ainda na tentativa de fazer a ligação.

— Ela já apanhou de alfas antes, conhece mais ou menos a força deles. — diz Ametista com um olhar tão preocupado quanto os outros.

— Por que você não parece confiante? — pergunta Clarisse.

— Não é isso, ela sofreu muito nas mãos de alfas e espero que isso não seja um gatilho para ela… em contra—partida, sei que ela consegue se defender, confio nela. — diz Ametista.

Saphira entra pela sala e vê Rosana chorando e dizendo:

— Querida, ele perdeu o controle, está furioso.

— Eu vou ajudar ele. — diz Saphira se levantando.

Rosana segura sua mão e diz:

— Andrew sempre dizia que quando um alfa estiver tendo um acesso de raiva, não devemos nos aproximar, é perigoso demais.

— Não vou deixá-lo passar por isso sozinho. — diz Saphira se aproximando.

Ela dá passos cautelosos na direção de Draco que está com suas garras e dentes a mostra com os olhos vermelhos. A dor é insuportável, pois a raiva está tentando forçar a transformação sem uma lua cheia. Saphira então começa a falar:

— Draco, tente se acalmar por favor.

— Fique longe! — diz Draco em um grunhido.

Draco quebra coisas e joga por toda a sala, por um momento Saphira exita, lembrando dos alfas em seu passando tentando machucá-la, então seus momentos com ele vem a mente, ela respira fundo e se aproxima dizendo:

— Eu não tenho medo.

— Não quero te machucar! — diz Draco arrancando pedaços da parede com suas garras.

Jhoe chega ao lado de fora e os outros contam o que está acontecendo, ele então segue devagar e Saphira faz sinal para não se aproximar e diz:

— Tira Rosana daqui.

Draco fica cada vez mais fora de controle e ela decide ir e ficar cara a cara com ele dizendo:

— Você não vai me machucar, eu confio em você.

Draco a encara com as mãos para trás e sangue escorrendo de sua boca pelas gengivas que estão se rasgando por causa das presas e os olhos de Saphira estão brilhando, como se ela tentasse acessar o lado lobo dele. Jhoe e Rosana param e observam incrédulos a cena. Saphira então diz:

— Você se lembra do que me disse? — ela para e pega uma de suas mãos, então continua — Você me disse que estaria ao meu lado não importa o que acontecesse, que se o peso fosse demais eu poderia dividir com você.

Draco permanece imóvel e ela continua:

— Pois eu quero que divida comigo a dor que está sentindo, me deixe te ajudar, aliviar essa dor que rasga seu peito.

As memórias da mãe sendo morta vem a mente e ela não contem as lágrimas.

— Eu sei como é, me deixa te mostrar como aliviar a dor.

Draco começa a chorar e cai de joelhos, aos pés de Saphira que o abraça contra o peito dizendo:

— Está tudo bem, vai ficar tudo bem.

Camila da escada pergunta baixinho a Jhoe:

— Acabou?

Saphira então vê as crianças descendo e ficando ao lado das pernas da mãe, ela acena e diz:

— Venham, o tio precisa de um abraço milagroso.

As crianças correm até ele e o abraçam dizendo:

— Não fica triste tio, a gente vai cuidar de você.