Capítulo 14

O dia amanheceu, Brandon acordou com batidas de louças que vinha da cozinha, era fácil perceber que Alice não era acostumada a lidar na cozinha ou a jovem estava nervosa. Ele colocou os pés no chão e sentou na cama apoiando os cotovelos nas pernas e as mãos nos cabelos.

Seus olhos estavam fechados e Brandon ainda lutava contra a sua consciência, a dúvida da desconfiança ainda se mantinha acesa o deixando impaciente para qualquer um que ouse se aproximar. Ele pega o lençol e passa na cintura, depois levanta-se e entra no banheiro

Na cozinha, Alice terminava de passar o café à moda antiga, assim o aroma invade todos os poucos cômodos da cabana, além do bolo fresquinho amanteigado que ela acabou de fazer. Na realidade, ela estava seguindo as receitas do livro de família que achou no quarto de cima dentro de uma caixa empoeirada.

Ao finalizar, lavou tudo e guardou a louça limpa no armário, colocou a medida de dois dedos de café na caneca e saiu da cozinha entrando na sala, mirou para o quarto que seu professor estava “hospedado” e continuou andando, abriu a porta e saiu da cabana.

Alguns minutos depois, Brandon saiu do quarto se sentindo um tremendo idiota, pois usava uma camisa xadrez, calça jeans e botas, um estilo totalmente diferente do que ele costumava usar, foi tudo o que encontrou no armário, mas agora limpas, pois Alice tinha colocado para lavar na máquina durante a noite, e pela manhã entrou de fininho e guardou tudo no guarda-roupa.

Ele também segurava um boné, que logo colocou na cabeça, entrou na cozinha e viu a mesa com lanches, o bolo exalava um aroma satisfatório. Brandon não resistiu, puxou a cadeira e sentou para tomar o café da manhã.

Posteriormente, saiu da cabana dando de cara com um lindo dia, o lago era um espetáculo à parte, agora com a claridade do dia ele pôde sentir melhor o oxigênio agradável do lugar, além da paz absurda que nutriu para dentro do seu peito.

Brandon - Esse lugar é incrível!

Falou baixinho e desceu os degraus, olhou para o lado mais a frente na plataforma de madeira, Alice sentada de pés descalços submersos na água, além de tá concentrada lendo um livro com uma manta cobrindo os ombros. Ela virou o rosto na sua direção e sorriu enquanto acenava com a mão.

Brandon - Garota, doida!

Ele caminhou até onde ela estava, Alice fechou o livro e encostou no canto levantando-se rápido, se posicionando frente a frente com Brandon que parou há dois metros de distância dela.

Brandon - E então, para onde vocês me trouxeram?

Ele abriu as mãos no ar.

Alice - Eu fiz tudo sozinha!

Brandon - Você está mentindo.

Alice - A culpa toda é minha, não tenho cúmplice.

Brandon - E você acha que eu vou cair nessa? Quantos anos acha que eu tenho, garota? Não sou um avulso na vida, sei onde meus pés pisam.

Alice - Professor, o senhor precisa acreditar em mim.

Brandon - Então, o que você está esperando? Me convença!

Ele cruzou os braços na frente do corpo e passou por ela, se aproximando da borda, olhando a imensidão da calmaria do lago.

Alice - Depois das provas, eu fiquei lendo um livro embaixo de uma árvore no pátio da faculdade, estava tão gostoso aquele clima fresco do vento se chocando na minha pele que nem me dei conta do tempo passar.

Ele continuou calado.

Alice - Quando eu verifiquei a hora no relógio, tomei um susto, pois já estava tarde, eu entrei novamente na universidade para usar o banheiro antes de ir para casa.

Ela também levou a visão no lago.

Alice - O zelador estava terminando de limpar o primeiro andar, recordo que ele me indagou do porque eu estava ainda naquele horário, pois todos os alunos haviam ido embora.

Ele virou o rosto a olhando.

Brandon - E onde entra a minha noiva nessa história?

Alice - Ele disse que somente o banheiro do segundo andar estava funcionando, inclusive me deu a informação que o senhor era o único professor que se encontrava na instituição, corrigindo as provas.

Brandon - E?

Alice - Eu subi correndo, entrei com tudo em uma cabine qualquer do banheiro feminino. Bem...

Ela pausou tentando lembrar com mais detalhes.

Alice - Foi questão de um minuto depois, alguém entrou no banheiro batendo salto no piso, abriu a torneira para lavar as mãos.

Brandon começou a olhar nos olhos dela, procurando confirmação da verdade pelas expressões faciais.

Alice - Momento depois outra pessoa entrou, um homem.

Brandon - O que conversaram?

Alice - Um plano de sequestro!

Os olhos dele se enchem de água.

Alice - Pela conversa, o cativeiro já estava preparado, queria fazer o senhor assinar um documento, acho que se tratava de um testamento.

Ele amassa os lábios e abaixa a cabeça em derrota, estava extremamente abalado com tudo, principalmente por saber que Nina era a cabeça disso tudo.

Alice - Depois de fazer o senhor assinar, iam lhe matar!

Nesse momento, Brandon fechou os olhos com força deixando uma lágrima solitária escorrer pelo o seu rosto, fechou os punhos e os apertou o máximo possível, deixando as veias dos braços sobressaltadas.

Brandon - Você lembra o nome do homem?

Alice - Não, infelizmente não foi mencionado.

Brandon - Tem mais alguma coisa que você não queira me dizer?

Ela sabia que tinha, pois a noiva dele teve relações sexuais com o suposto cúmplice, entretanto Alice resolveu não relatar essa parte, quis poupa-lo de mais uma decepção.

Brandon - Tem mais alguma coisa?

Reforçou a pergunta.

Alice - É só isso, senhor!

Brandon - Não é essa a resposta que seus olhos dizem.

Alice - Mas é só isso.

Ela desviou o olhar para o chão.

Brandon - Nem precisa me falar, eu já sei o que pode ser.

Ela não confirmou nada.

Brandon - O que fez com o meu carro?

Alice - Está guardado.

Brandon - Aonde?

Alice - O senhor confia em mim?