Capítulo 17

Alice caminhou até a pequena casinha de pesca que ficava do outro lado do lago, puxou com toda dificuldade do mundo um barquinho movido a remo para a água. Pegou iscas e uma vara de bambú que costumava usar quando ia pescar com seu avô e colocou dentro barco, procurou também um cesto que usava para colocar os peixes, mas para a sua surpresa, estava completamente deteriorado, o tempo acabou com metade das coisas que tinha alí.

Ela subiu no barquinho e começou a remar até o meio do lago, colocou a isca na ponta da corda da vara e jogou o mais longe possível na água. Sua cabeça estava fervendo, uma dor de cabeça enjoada e também se encontrava bastante preocupada com o que o professor Brandon poderia fazer contra ela, pois sua relação com sua mãe ultimamente não estava nada boa, se ela soubesse que a filha sequestrou alguém iria ficar furiosa.

Alice - Por que será que a minha mãe está me evitando? O que eu fiz?

Ela não tinha resposta para tal pergunta, como um relacionamento saudável de mãe e filha mudou tão drasticamente assim, Alice queria saber os reais motivos.

Alice - Ah...

Ela suspirou profundamente e mirou na água que estava mexendo muito.

Alice - Um peixe!

Ela começou a puxar a vara e conseguiu visualizar o peixe.

...

Enquanto isso, na cabana, Brandon vestiu uma camisa xadrez e sorriu dessa vez, não era o seu estilo, mais parecia um carpinteiro da floresta. Ele saiu da cabana e viu o barquinho no meio do lago, dava para ver que era Alice.

Brandon - Por que essa garota me intriga tanto?

Ele sentou na cadeira de balanço e ficou a observando de longe.

Brandon - Suas palavras pareciam sinceras.

As horas foram se passando, já  passava das 14:00 da tarde quando Alice terminou a pesca e retornou para o lado da cabana, saiu do barco e o amarrou com cordas na árvore para que a maresia da água não o levasse para longe.

Ela tirou dois peixes de dentro e caminhou lentamente na direção da cabana, Brandon continuava no mesmo lugar, balançando na cadeira, lendo um livro que encontrou na mesinha de centro na sala.

Brandon - Peixes? Hum... Quer dizer que além de ser a garota fora do seu tempo ainda é uma excelente pescadora?

Ele brincou, mas ela parou no primeiro degrau com um semblante tranquilo, porém, era notório o quão brava ela estava.

Alice - Não me lembro de ter te emprestado o meu livro.

Brandon - Ah, é seu?

Ele perguntou com ironia.

Alice - O que você acha? Tem mais alguém aqui?

Ele sorriu e fechou o livro o colocando em cima da mesinha do lado.

Brandon - Quer ajuda?

Alice o olhou desconfiada, pois ele queria ir embora, ela o entregou o celular e não entendia essa reação dele agora.

Alice - Por quê não foi embora? Pensei que tinha ligado para a polícia.

Brandon - É, eu fiz uma ligação, mas não para a polícia.

Ela deu de ombros.

Alice - Para mim tanto faz.

Brandon - Posso passar alguns dias aqui na sua cabana?

Ela franziu o cenho.

Alice - E porque quer ficar aqui mais alguns dias?

Brandon - Acho que novos ares vão me fazer bem.

Ela não se aguentou e sorriu.

Alice - Você acha mesmo que sou boba? 

Ele não respondeu, continuou se balançando.

Alice - Sou sua aluna de psicologia e aprendi com o mestre.

Brandon - Hum...

Alice - Você não vai me enganar com esse papinho de ficar para respirar novos ares, você fala uma coisa e suas expressões faciais dizem outra.

Brandon - Ah é, espertinha?

Ele levantou da cadeira e se aproximou.

Brandon - Já que você é uma ótima aluna e aprendeu direitinho, me diz então? 

Alice - Você não confia nem 1% em mim, só está aqui para colher o máximo de informações possíveis e uma pista para seguir na direção correta, mas sei que no fundo você tem dúvidas quanto a sua noiva, por isso ficou.

Brandon - Isso é a sua opinião. (risos)

Alice - É, e fez algum sentido para você?

Brandon - Talvez!

Eles se olham próximos demais até Brandon parar com os joguinhos por achar que estava indo longe demais.

Brandon - Tudo bem.

Ele se afasta tentando recompor seus pensamentos.

Alice - Vou limpar os peixes.

Ela passa por ele e entra na cabana direto para a cozinha, pega uma bacia e coloca os peixes dentro enchendo de água. O celular dela começa a vibrar no bolso da calça jeans, como tudo já estava às claras entre o professor, Alice atendeu sem receio, mas com muita cautela, não queria que Brandon soubesse que seu amigo Tom lhe ajudou.

Alice 📱 - Oi.

Tom 📱- E aí sequestradora, como estão as coisas por aí? (risos)

Brandon entrou e se encostou na aduela da porta da sala com os braços cruzados na frente do corpo, ficou a olhando descaradamente falando ao celular com alguém que ele não fazia ideia de quem seja.

Alice 📱- Para de falar isso, eu já te disse!

Ela falou baixinho e virou olhando Brandon, ele apenas sorriu um tanto quanto cínico.

Tom 📱- Ele tá escutando? Você soltou ele?

Alice 📱- Aham...

O amigo deu uma gargalhada no outro lado da linha.

Tom 📱- Você é uma péssima sequestradora.

Alice 📱- Eu não sou...

Ela olha novamente para o professor e põe o celular na curvatura do ombro, inclinou a cabeça para o lado prendendo o aparelho ali enquanto limpava os peixes.

Alice 📱- Eu te conto tudo depois, agora é impossível.

Ela cochichou e Brandon balançou a cabeça em negação.

Tom 📱- Ué, se ele está solto porque não foi embora?

Alice 📱- É uma longa história, fomos atacados por um urso.

Tom 📱- Sério? E você não filmou? (Risos)

Alice 📱 - Você não para, né? Suas brincadeiras não tem limites.

Ela lavou as mãos, enxugou com uma toalha de prato e finalizou a ligação guardando o celular no bolso da calça jeans. Olhou para trás e Brandon sentou no sofá apoiando uma perna em cima da outra.

Brandon - Seu cúmplice?

Ela virou.

Alice - Já disse que fiz tudo sozinha! E você pode ir embora a hora que quiser.

Chateada, Alice encostou tudo ali e subiu para o quarto de cima, pois tinha um banheiro lá que ela estava usando.

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