Capítulo 6

Alice - Meus pêsames!

Ele continuou a olhando profundamente, Alice meio que corou e desviou o olhar para o chão, Brandon então mirou no sinal que ela tinha no pescoço, mas logo também desviou o olhar para outro lugar.

Lea - Sentimos muito, professor!

Brandon - Obrigado meninas, agradeço por terem vindo!

Nina - Vocês são alunas de psicologia, né?

Alice - Sim!

Nina - Hum...

Ela olhou Alice dos pés à cabeça e entortou um pouco os lábios disfarçadamente. Um advogado se aproximou e Brandon lhe deu atenção, as meninas então se afastam e sentam mais a frente no sofá.

Advogado - Brandon, minhas condolências!

Ele apenas mexeu um pouco a cabeça e se retirou do lugar de onde estava.

Nina - Onde vai, querido?

Brandon - Vou tomar um remédio e descansar um pouco lá em cima, estou com muita dor de cabeça.

Nina - Eu vou com você!

Ele para no meio da sala e estica o braço abrindo a mão no ar.

Brandon - Não, eu preciso ficar um tempo sozinho.

Ela recua e olha para o advogado que continuava no mesmo lugar com as mãos dentro dos bolsos do casaco.

Nina - Como quiser!

Brandon sai da sala, Nina fecha os olhos em derrota, posteriormente sai disfarçadamente um pouco chorosa até o jardim, mas o advogado foi atrás e puxou o braço dela com uma certa brutalidade.

Advogado - Ei?

Nina - Me solta! Você está me machucando, Egon!

Ela dá um sopapo se soltando dele.

Egon - O que está fazendo?

Nina - Como assim?

Ambos começam a olhar para os lados para checar se tinha alguém por perto.

Egon - Sua burra, você era para ter se casado com ele na semana passada!

Ela bufou.

Nina - Ele estava adiando, por conta do pai dele!

Egon - Pelo o que eu percebi, o Brandon está cada vez se afastando de você, não quis sua companhia, e isso não é um bom sinal.

Nina - Claro que quer!

Egon - Espera um minuto...

Ele coloca a mão para trás desconfiado de algo e se aproxima, ela dá dois passos para trás.

Egon - Você se apaixonou por ele?

Nina - Eu...

Egon - Ah , isso não faz diferença!

Ele tira um cigarro do bolso do casaco e acende com o isqueiro.

Egon - Esse cara acabou de herdar uma fortuna imensurável, ainda mais por ser filho único.

Ele traga e joga a fumaça para o alto.

Egon - Você tem que casar com ele o mais rápido possível, e nossa aposentadoria estará garantida para o resto de nossas vidas.

Um tanto quanto incomodada, Nina cruza os braços na frente do corpo e anda um pouco naquele espaço.

Nina - Ele não vai querer casar agora, não depois da morte do pai, tá recente.

Egon - Então teremos que agir do nosso modo.

Ela enrugou a testa.

Nina - Do nosso modo? Eu não sabia que tínhamos um modo de agir.

Ironizou sorrindo.

Egon - Eu vou pensar em um plano!

Nina - Depende do plano, você me entendeu?

Ele sorriu e tragou mais um pouco, se aproximou e jogou a fumaça no rosto dela, Nina fechou os olhos e a boca.

Egon - Vai ser como tem que ser, e você vai acatar!

Ela abriu os olhos.

Nina - E se eu não acatar?

Egon - Eu ponho você na cadeia, lembra?

Nina - Você é um lixo, um ser humano desprezível!

Egon - Pelo menos eu não sou você, e nunca fiz o que você fez.

Ela engole a seco, o advogado tira o óculos escuro do bolso e coloca nos olhos, joga a ponta de cigarro no chão e a amassa com os pés.

Egon - Te ligo para combinarmos.

Ele passou por ela e seguiu caminho novamente para a mansão onde estava acontecendo o velório. Logo a tarde chegou e todo o processo de cortejo até o cemitério foi feito, como previsto, Josef foi sepultado no final da tarde e tudo se encerrou ali.

Brandon ficou um tempo sozinho de frente para a terra mexida e fofa recém jogada no buraco, jogou uma rosa e saiu andando a caminho da saída. Nina estava o esperando de frente ao carro e acenou para o noivo com a mão, ele foi ao seu encontro.

Nina - Podemos ir?

Brandon - Sim!

Ele entrou no lado do banco do passageiro e colocou o cinto.

Nina - Vai ficar no seu apartamento ou no meu?

Ele respondeu ainda mirando a rua.

Brandon - No meu!

Nina - É impressão minha ou você está se distanciando.

Ele a olhou nos olhos.

Brandon - Você acha isso?

Nina - É, um pouquinho!

Brandon - É apenas por esses dias, daqui um tempo tudo volta como era antes.

Nina - Tem certeza?

Brandon - Sim, eu estou apenas vivendo o luto! Preciso passar por essa fase, ando um pouco desatento e com certeza ficarei ainda mais, mas peço que tente me compreender.

Ela se aproxima e lhe dá um selinho nos lábios de leve.

Nina - Claro que eu compreendo, meu amor!

Se sentindo mais tranquila, Nina dá partida no carro e pega caminho para o apartamento onde Brandon morava. Como combinado, ela o deixou sozinho e foi para casa.

Quando entrou no seu apartamento, Brandon tirou todas as roupas e foi direto para o banheiro tomar um banho demorado. Cada vez que a água batia em sua pele, mais ardia e doía, parecia que tinha levado uma surra de tão exausto que se encontrava.

Depois disso, vestiu algo confortável e foi até a cozinha esquentar uma sopa que tinha no freezer, sentou na mesa e comeu contemplando o som do silêncio que sua casa transmitia naquele momento.

...

Já eram 19:30h, quando Alice se despediu da amiga no ponto de ônibus, depois foi para casa, mas quando estava subindo os degraus para o seu andar foi surpreendida por Tom, que saiu do nada da porta de serviço lhe dando um susto.

Alice - AI, MEU DEUS!

Ela gritou alto e levou a mão no peito um pouco sem fôlego, percebendo que tinha sido uma brincadeira de mal gosto, Tom tira a máscara preta que estava no rosto.

Tom - Calma, sou eu!

Alice - Seu imbecil, infantil!

Ela começa a socá-lo e puxa a máscara das mãos dele.

Tom - Ai, isso dói!

Alice - E é para doer mesmo!

Irritada, joga a máscara na própria bolsa.

Alice - Você um dia vai me infartar!

Tom - Era só uma brincadeira.

Ela tira a chave da bolsa e abre a porta.

Alice - Boa noite!

Tom - Espere, eu...

Nem deu tempo de ele completar, pois Alice bateu a porta na cara dele com raiva, sem ter o que fazer no momento, Tom apenas suspirou e foi embora.