Ao entrar no quarto, Brandon para, logo após dar um passo à frente, fecha os olhos e abaixa a cabeça novamente depois de presenciar a cena triste do pai deitado naquela cama. Uma enfermeira estava sentada numa poltrona confortável ao lado, lendo uma revista perto de um abajur com pouca iluminação, apenas o suficiente para a leitura.
Enfermeira - Senhor!
Exclamou já se levantando e encostando a revista do lado.
Brandon - Como ele está?
Ele se aproxima da cama e fita os remédios que estavam em cima da mesinha do criado mudo e começa a ler cada um deles, mesmo com um pouco de dificuldade por está sem seus óculos de grau, em alguns momentos semicerrou os olhos na tentativa de ler as minúsculas letras.
Enfermeira - O médico acabou de sair, bem...
Ele vira o rosto olhando para a mulher que estava em pé próximo a janela, com os braços esticados na frente do corpo, digamos que um pouco retraída.
Brandon - Vamos lá fora um pouco.
Ela confirma com a cabeça e ambos saem do quarto para falar no corredor daquela ala.
Brandon - E então?
Enfermeira - Seu pai está nas últimas senhor, a demência piora ainda mais o quadro de saúde dele, infelizmente.
Brandon - Não, não!
Ele leva as mãos a cabeça e caminha até o meio do corredor, para, e encosta a testa na parede em derrota ou decepção, era um misto de sensações que se passavam na sua cabeça e corpo.
Brandon - Ligue para o médico dele, quero que ele volte para falar comigo.
Enfermeira - Mas o doutor acabou de sair.
Ele a olha.
Brandon - Não importa, ligue para ele e peça para vir até aqui agora.
Enfermeira - Sim, senhor!
Ele caminhou de volta para o quarto e segurou a maçaneta, mas antes de entrar ficou alguns segundos pensativo.
Brandon - Vou entrar para ficar com ele, preciso de um tempo sozinha com o meu pai.
Enfermeira - Ah, claro! Pode deixar, eu não atrapalharei o momento.
Ele amassou os lábios um no outro e entrou, encostou a porta delicadamente e caminhou lentamente até a cama, ajoelhou ao lado e segurou a mão do pai.
Brandon - Meu pai...
Por mais que Brandon tentasse a todo custo ser durão, ele sabia que era somente um casulo das suas reais emoções. Por dentro o seu corpo doía e tremia igual mil facadas no estômago, era como se tudo tivesse fugindo do seu autocontrole, mas a calmaria que ele mantinha era invejável até para si próprio.
Brandon - Sinto sua falta, das nossas conversas no jardim depois da meia noite, sempre com uma caneca de chá de camomila.
Ele suspira profundamente e deixa uma lágrima escorrer para a bochecha e se perder na linha do pescoço.
Brandon - Lembro que a mamãe brigava por ficarmos até tarde conversando, ela nos olhava da varanda e balançava a cabeça, logo depois descia e se juntava a nós.
Ele dá meio sorriso de canto de boca lembrando do passado, olha para o pai novamente que continuava de olhos fechados, respirava tão baixinho que Brandon conseguia sentir o ar da respiração próximo ao seu rosto.
Brandon - Queria tanto que o senhor pudesse me entender, o que dói mais em mim e o seu esquecimento.
De repente, Brandon sente o seu pai apertando a sua mão, ele arregala os olhos surpreso e fita o pai abrindo as pestanas praticamente em câmera lenta.
Brandon - Papai, você me entende?
Com uma voz extremamente fraca e cansada, Josef tenta mexer os lábios com dificuldade na tentativa de formar uma palavra.
Josef - A sua mãe...
Seu pai mira em qualquer lugar no quarto e fixa a visão no nada.
Brandon - Meu pai, o que disse?
Josef - Sua mãe está tão... tão bela hoje.
Brandon - O quê?
Ele acha estranho as palavras do pai, pois sua mãe havia falecido há anos.
Josef - Ela está linda!
O homem continuava mirando o nada, Brandon percebe e leva a visão para o lugar do quarto que seu pai olhava, mas não havia nada.
Brandon - Ele tá tendo alucinações!
Falou em pensamentos.
Josef - Cuide-se meu filho, nem... nem sempre as pessoas... são como demonstram ser.
Seu pai falava com muita dificuldade, puxando muito ar.
Brandon - O senhor me reconhece?
Josef estava olhando diretamente nos olhos do filho agora.
Josef - Sim, meu filho, Brandon!
Bastou esta palavra para acontecer o último suspiro forte, Brandon apertou a mão do pai e não se conteve na emoção, ele sabia que o pai havia partido.
Brandon - Meu Deus, meu pai!
Ainda ajoelhado rente a cama, Brandon apoia o rosto no peitoral do pai e chora, chora da dor da perda, da saudade que irá sentir e que já estava corroendo, também chora pois toda a dor acabou e seu pai não sofrerá mais. Esse era o fim do grande empresário, Josef Ramsey.
Batidas na porta, a funcionária fiel de anos do seu pai entra segurando uma bandeja de prata trazendo um copo de água. Mas ao perceber que o bom patrão havia falecido, Antonieta não segurou a emoção.
Antonieta - Oh, não!
Com o susto, a mulher derrubou a bandeja no chão, que de imediato emitiu-se um barulho de prataria e vidro quebrando. A emoção foi tão grande que Antonieta caiu sentada no carpete áspero, sendo amparada pela enfermeira.
O médico também chegou às pressas e entrou no quarto correndo, parou ao fitar a cena de Brandon ajoelhado perto da cama com o rosto no peito do pai. Ele apenas lamentou, pois já sabia que Josef faleceria a qualquer momento.
Brandon - Fiz o certo?
Médico - Sim! Foi o último pedido do seu pai, morrer em casa!
Brandon - Quando a demência não tinha afetado o suficiente para esquecer tudo, ele sempre falava que não queria morrer no hospital, me fez prometer.
O médico se aproximou e tocou o ombro de Brandon, deu algumas batidinhas o consolando da melhor maneira possível.
Brandon - Já sabíamos que isso aconteceria, só não queria aceitar.
Ele não comentou nada a respeito do pai ter lembrado dele, apenas quis guardar aquele momento em sua memória. O médico assinou o atestado de óbito e começou a resolver algumas questões burocráticas, logo o advogado da família chegou junto com a Nina.
A noite estava sendo muito dolorosa para Brandon, depois de ficar um bom tempo ao lado do corpo do pai, finalmente ele saiu do quarto e foi para o jardim, queria ficar um pouco sozinho e colocar suas ideias no lugar, pois a noite seria muito longa.
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Atualizado até capítulo 113
Comments
Vanessa Corrêa🦋🦋
Q triste 😢 .
O pai avisou Brandon p tomar cuidado com a cobra q deve ser Nina
2023-11-14
189
💖 케지아 라임 💜
Não imagino essa dor, perder minha vózinha foi terrível, pensei que não suportaria, pois ela era como uma segunda mãe para mim. Imagina perder meu pai ou minha mãe, Deusolivre
2025-02-01
1
Gabs🧡💛
Já era sabia ele tá falecendo e tá vendo a sua esposa
2025-01-15
0