Capítulo 20

Alice tomou um analgésico para dor e deitou no sofá para tentar dormir, virou de um lado para outro praticamente a madrugada inteira até adormecer de cansaço com o corpo um pouco trêmulo e suado.

Quando amanheceu, Brandon saiu do quarto e achou estranho, Alice não ter acordado ainda, mas não quis incomodá-la, foi para a cozinha e passou um café fresquinho, em seguida, colocou um pouco na caneca e saiu da cabana tomando.

O dia estava demasiadamente frio, ele olhou para o céu e as nuvens estavam se juntando ficando toda extensão acinzentada, com certeza iria chover. A floresta estava calma, apenas com o som relaxante dos pássaros brincando e o rio se movia em uma maresia bem fraca.

Brandon - É, bom dia!

Hoje, Brandon acordou mais animado e disposto a saber das tramóias da Nina, mesmo não acreditando o suficiente na Alice.

Ele vira o rosto olhando para a porta, fica pensativo.

Brandon - Como eu vou saber se essa menina está dizendo a verdade? Ela parece tão...

Ele não conclui a frase, apenas volta a atenção para o lago e toma mais um gole. Na realidade, Brandon achava que tudo isso se tratava de uma brincadeira premeditada de uma aluna problemática, mas não tinha muito o que fazer no momento, teria que acreditar mesmo desacreditando, afinal, ele iria ser sequestrado por bandidos e ser morto.

Brandon - Se for verdade, eu tenho uma gratidão pelo o resto da vida com essa garota.

Ele toma o restante do café e encosta a caneca na mesinha, senta na cadeira de balanço e tira o celular do bolso fazendo uma ligação para um amigo policial, contou mais ou menos do que se tratava, mas não mencionou Alice na conversa.

Brandon 📱 - Quero uma investigação às claras, porém sigilosa! Me indique um bom investigador, quero caçar a Nina onde ela estiver.

Ele escuta com atenção o que o policial falava e balança a cadeira, com sua invejável tranquilidade aparente.

Brandon 📱- Quero saber todos os passos dela, até seus horários, uma hora ou outra ela vai falhar e me mostrará a pista do bandido seu cúmplice.

Policial 📱- Já parou para pensar que pode ser alguém próximo da família?

Brandon 📱- Sim, e eu vou descobrir quem é o salafrário!

Ele aperta o braço da cadeira de balanço com raiva.

Policial 📱- Como você ficou sabendo dessa suposta ação? Pois alguém deve ter ouvido e ter lhe dito.

Brandon 📱 - Isso não vem ao caso, apenas faça tudo que eu pedi. Dinheiro não é o problema, quero o melhor dos melhores para me ajudar a desvendar esse quebra-cabeça embaralhado.

Policial 📱- Tudo bem, vou ver o que eu posso fazer, só tenha cuidado, Brandon! As coisas não são tão fáceis como você acha, não se arrisque.

Brandon 📱- Eu sei exatamente o que estou fazendo, Dennis!

Dennis 📱- Não sei, eu te conheço desde criança, sei muito bem quando está tramando algo perigoso.

Brandon deu um breve sorriso e brincou com a situação.

- Você sabe que não faço nada por impulso, tenho que ter certeza onde estou pisando para poder dar o primeiro passo.

Dennis 📱- Isso me irrita em você, essa calmaria! Se fosse comigo, eu já achava os envolvidos e metia bala, pronto, problema resolvido.

Brandon 📱- Não, preciso agir com cautela.

Dennis 📱- Se for uma quadrilha? Está preparado para correr esse risco?

Brandon 📱- Creio que não seja uma quadrilha, são apenas dois ambiciosos querendo tripudiar em cima do outro para se dar bem na vida. O que a Nina e esse canalha não sabem é que mexeram com o cara errado.

Dennis 📱- Cuidado, cuidado... eu já te falei para não agir fora da lei, deixa que eu encontre alguém de confiança que faça essa parte.

Brandon 📱- Você se acha o justiceiro, né meu amigo?

Os dois sorriram com o comentário, ficaram mais alguns minutos conversando até Brandon finalizar a ligação. E nesse momento, os primeiros pingos de chuva começaram a cair, o tempo fechou muito rápido.

Brandon - É, vou continuar por aqui uns dias.

Ele já ia levantando da cadeira quando o celular vibrou dentro do bolso da calça jeans, permaneceu sentado e pegou o aparelho para checar a mensagem de texto.

Nina ✉️ - Bom dia, amor!

Ele franziu a testa e relaxou as costas na cadeira, por um momento, pensou em não responder, mas resolveu entrar no jogo dela e começou a digitar uma mensagem de texto.

Brandon ✉️ - Bom dia! Onde você está?

Ele enviou e ficou esperando a resposta, mas Nina demorou um pouco para responder.

Nina ✉️ - Eu estou cuidando de uma tia minha, ela está muito mal no hospital.

Brandon - Essa mulher pensa que tá lidando com quem? 

Indagou a si mesmo.

Brandon - Ela não respondeu a minha pergunta, bandida, descarada. Apenas disse algo triste para me comover e mudar o foco da conversa.

Nina ✉️ - E você onde está?

Brandon ✉️ -Tirando umas férias!

Nina ✉️ - Mas você sumiu do nada, não me avisou, simplesmente decidiu e foi.

Brandon ✉️ - Você...

Ele ia escrever algo mas desistiu e apagou.

Nina ✉️ - Eu te amo!

Ele revirou os olhos.

Brandon ✉️ - Eu também!

Nina ✉️ - Por que você sempre responde assim? 

Ele entortou os lábios com raiva já querendo perder a paciência, mas se controlou.

Brandon ✉️ - Você sabe que sinto um carinho imenso por você, se não falo um eu te amo às vezes é porque não tenho esse hábito de demonstração de afeto.

Nina ✉️ - Eu gosto do seu jeito!

Brandon ✉️ - Desejo melhoras para a sua tia. Eu a conheço?

Dessa vez Nina demorou para enviar uma resposta, Brandon esperou um bom tempo, mas ela deu uma sumida.

Brandon - Mentirosa, que mulher dissimulada!

Ele levantou-se irritado e entrou dentro da cabana, a chuva estava muito forte e começava a trovejar. Como Alice ainda estava dormindo, Brandon entrou no quarto onde estava esses dias, tirou as botas e deitou na cama.

Brandon - O dinheiro corrompe quem não tem caráter, mostrando a verdadeira face de quem não tem escrúpulos ou sentimentos dentro do coração. Sempre a punhalada vem de quem menos esperamos.

Ele começa a lembrar das últimas palavras ditas pelo o pai, o alertando para ter cuidado com certas pessoas.

Brandon - Ele não estava tendo alucinações, queria me alertar.

Seu semblante tranquilo se entristece ao lembrar do fatídico dia, a saudade da perda ainda estava recente no seu coração, lhe doía lembrar dos últimos momentos com o finado pai, sempre iria doer.

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