Tian Ci estava sentado no interior do palanquim, a seu lado, Cheng Yi mal conseguia manter os olhos abertos. Ele a observava discretamente, notando como a cabeça dela cedia de sono, balançando com o movimento irregular da viagem.
Sem dizer uma palavra, Tian Ci inclinou-se ligeiramente para ela e bateu no próprio ombro, indicando que ela poderia se apoiar ali. Cheng Yi olhou para ele, hesitante, mas acabou voltando a apoiar a cabeça perto da janela. Não era confortável, e cada solavanco fazia sua cabeça bater contra o batente.
Com um suspiro silencioso, Tian Ci tomou uma decisão. Dessa vez, sem pedir permissão, ele deslizou para mais perto e, com delicadeza quase imperceptível, guiou a cabeça de Cheng Yi para o próprio ombro. Ela abriu os olhos por um momento, sonolenta, mas a exaustão era tanta que não protestou. Quando voltou a fechar os olhos, sentiu o calor de Tian Ci e, ele havia tirado ela do palanquim, e a carregado em seus braços, sem perceber, Cheng Yi aconchegou-se mais em seus braços antes de adormecer novamente. Tirando um leve sorriso de Tian Ci.
Horas depois, Cheng Yi despertou. Uma batida suave na porta chamou sua atenção, e ela se levantou de forma abrupta, tropeçando nos próprios pés devido ao sono pesado. Com pressa, abriu a porta, revelando uma jovem mulher que segurava uma bandeja cuidadosamente arrumada.
— Ainda estava dormindo? — perguntou a mulher com um sorriso envergonhado. — Desculpe se a incomodei.
— Não, eu já estava acordada. — Cheng Yi tentou soar convincente, ajeitando os cabelos desalinhados. — O que deseja?
A jovem ergueu ligeiramente a bandeja, apontando para o conteúdo.
— A partir de hoje, serei sua empregada pessoal. Vim cuidar de você. Trouxe comida e roupas.
Após um banho quente e relaxante, Cheng Yi vestiu as roupas trazidas pela empregada. Eram peças delicadas e de extremo bom gosto, ajustando-se perfeitamente ao corpo dela. Ela se olhou no espelho e, surpresa, comentou:
— Você comprou isso sob medida? Ficaram perfeitas!
A empregada sorriu timidamente.
— Não fui eu que escolhi. Apenas acompanhei o mestre Tian Ci. Ele mesmo escolheu cada detalhe. Para ser sincera, nunca o vi cuidar de alguém dessa forma. Ele realmente se preocupa com você.
Cheng Yi arqueou uma sobrancelha, desconfiada.
— Foi paga para dizer isso?
A empregada soltou uma risada leve.
— Não, senhorita.
Após um instante de silêncio, Cheng Yi perguntou, com uma leve curiosidade na voz:
— Onde está Tian Ci?
— Neste momento, não sei. Mas posso perguntar.
Quando a empregada começou a se levantar, Cheng Yi a interrompeu.
— Não é necessário.
A jovem sorriu e comentou:
— O mestre Tian Ci deixou uma lista de coisas que você talvez queira fazer. Há sugestões como pintura, leitura na biblioteca... Ele pensou em tudo para mantê-la ocupada e confortável.
Cheng Yi ficou em silêncio, surpresa e, ao mesmo tempo, tocada com a consideração dele. No entanto, não deixou transparecer demais.
Enquanto isso, Zang franzia o cenho enquanto verificava o estado de Tian Ci, que estava pálido e febril.
— Mestre, essa ferida deveria ter sido tratada há dias! Como deixou chegar a esse ponto?
Tian Ci tentou minimizar a preocupação.
— Não é nada grave.
— Nada? — Zang exclamou, incrédulo. — Sua perna está infeccionada, e agora você terá que ficar três dias sem andar! Como conseguiu carregar alguém ontem nesse estado?
Zang pegou o braço de Tian Ci, examinando marcas antigas e recentes. Ele arregalou os olhos ao notar uma cicatriz de queimadura.
— Essas marcas... Você foi preso? E essa queimadura? Quem fez isso?
Tian Ci desviou o olhar, mergulhando em suas lembranças. Ele se lembrou de ter sido capturado e drogado por Ling An, de ter fugido das correntes com esforço sobre-humano e dos ferimentos que acumulou ao longo da jornada. Lembrou-se também do incidente com Cheng Yi, quando ela derrubou sopa quente em seu braço por acidente. Apesar da dor, ele não quis preocupá-la e simplesmente saiu, fingindo indiferença.
Quando Cheng Yi fugiu para a floresta, Tian Ci, mesmo ferido, a procurou sob chuva intensa. O solo escorregadio o fez cair, agravando os ferimentos, mas ele continuou a busca, movido pelo desespero de encontrá-la antes que a tempestade piorasse. Quando finalmente a localizou, não hesitou em carregá-la de volta, ignorando a dor lancinante na perna. O frio congelador da manhã que teve que enfrentar, para procurar algo para ela comer, a lenha que teve que fazer para obter fogo, piorando ainda mais os ferimentos.
A voz de Zang o trouxe de volta ao presente.
— Mestre, está me ouvindo? — Zang perguntou, preocupado.
Tian Ci olhou para ele e murmurou, firme:
— Não importa o que aconteça. Se for para garantir a felicidade dela, eu daria minha vida.
No quarto, o médico sai, deixando instruções claras para Tian Ci repousar. Deixando uma receita de um medicamento para tomar três vezes ao dia. Zang, ainda irritado e preocupado, cruzou os braços, lançando um olhar severo ao mestre.
— Você ouviu o médico! Três dias sem andar. Não ouse desobedecer, ou desta vez nem eu poderei ajudá-lo.
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Atualizado até capítulo 36
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