Tian Ci some do local, e o Mestre Ling An chega perto de Cheng Yi e fala:
- Quem é aquele homem, você conhece ele?
Cheng Yi olha para o mestre e fala:
- Não, não conheço. Mestre você está bem? Você está ferido?
Ling An responde:
- Está tudo bem, não precisa se preocupar.
Cheng Yi olhando para o Mestre e diz:
- Não mente para mim, eu irei te ajudar.
Ao chegar na mansão, Cheng Yi ajudou o mestre Ling An a se acomodar no quarto. Com mãos firmes, mas gentis, começou a tratar a ferida dele. Ling An fechou os olhos e apertou o pano da cama com força, tentando conter qualquer som que pudesse preocupá-la. Ao aplicar o remédio, Cheng Yi soprou suavemente sobre o ferimento, na esperança de aliviar a dor.
Os olhos de Ling An se abriram de repente, e ele se afastou levemente.
— Não precisa fazer isso.
Murmurou, em um tom baixo e hesitante.
Cheng Yi, concentrada, pegou um pano para enfaixar a ferida. Enquanto trabalhava, respondeu calmamente:
— Preciso, sim. Você já me ajudou tantas vezes, mesmo sem me conhecer. O que faço agora nem chega perto do que devo a você.
Ling An a fitou surpreso, sem conseguir esconder o impacto das palavras dela.
— Eu não te salvei... só ajudei. Você poderia ter resolvido aquilo sozinha. Se não fosse eu, outra pessoa teria feito.
Um leve riso escapou dos lábios de Cheng Yi.
— Mestre, você é tão humilde que tenta evitar a palavra “salvar”, mas acabou dizendo mesmo assim.
Ling An desviou o olhar, desconcertado.
— Desculpa...
Cheng Yi ergueu a mão para tocar a testa dele, mas Ling An recuou rapidamente.
— O que está fazendo?
Perguntou, franzindo o cenho.
Ela riu de sua reação.
— Só queria saber se você está com febre.
Ling An cobriu a testa com a mão.
— Não estou com febre. Estou bem.
Cheng Yi se aproximou, decidida.
— Deixa eu ver.
Ela afastou a mão dele e tocou a sua testa com cuidado.
— Nossa, você está ardendo em febre!
Ling An virou o rosto, contrariado.
— Não estou, não!
Pela primeira vez, Cheng Yi o viu agindo como uma criança teimosa. Era uma visão inusitada do mestre sempre tão sério. Ela não conteve um sorriso.
— Agora tudo faz sentido. Mestre, é a primeira vez que você se machuca assim?
Ling An hesitou, mas virou-se para ela.
— Sim. Nunca me feri desse jeito antes. Os arranhões que tive foram insignificantes. Na minha mansão, são os outros que se machucam para me proteger. Mas hoje, foi a primeira vez que me feri para salvar alguém.
As palavras dele tocaram profundamente Cheng Yi, que o olhou com admiração. Após um breve silêncio, Ling An falou suavemente:
— Fique aqui esta noite. Não quero ficar sozinho.
Cheng Yi hesitou.
— Não sei se é apropriado... Mas, tudo bem. Você dorme na cama, e eu durmo em outra.
Ling An olhou ao redor e arqueou uma sobrancelha.
— Não há outra cama neste quarto.
Ela sorriu, buscando quebrar a tensão.
— Sem problemas. Eu trago meus lençóis do meu quarto e durmo no chão.
Cheng Yi saiu do quarto do mestre para pegar os lençóis, ao voltar, se depara com a guarda-costas Xuan Ji que a para, e pergunta:
- O que você está fazendo?
Cheng Yi, responde:
- Eu...
A Xuan Ji a interrompe sem deixá-la terminar de falar, e diz:
- Eu não quero saber. Onde você pensa que está indo? Está querendo fazer o quê? Não sabe que seu quarto fica em outra direção?
Cheng Yi se irrita e fala:
- Você me pergunta o que estou fazendo, e quando vou responder você fala que não quer saber. Então não precisarei te responder, já que você não vai me escutar.
Cheng Yi sai de lá brava, e com a cabeça cheia, ela não sabia o que fazer, a preocupação e a incerteza dominava os seus pensamentos. Se era para suportar alguém, só o mestre passava.
Cheng Yi entrou no quarto e, ao perceber que o mestre não estava na cama, sentiu uma pontada de preocupação. Olhou ao redor, mas não o encontrou. O seu coração acelerou. Ao continuar a procurar, encontrou-o na banheira. O corpo de Ling An estava completamente submerso, da cabeça aos pés.
— Como ele estava respirando debaixo d’água?
Sem pensar, Cheng Yi correu até ele, puxando-o para fora com todas as suas forças.
— Mestre, o que você está fazendo?!
Exclamou, a voz trêmula de pânico.
Ling An não respondia. Cheng Yi o levou às pressas para a cama, deitando-o cuidadosamente. Tentou pressionar a barriga dele algumas vezes, mas nada aconteceu. O desespero começou a tomar conta. Sem alternativa, inclinou-se e iniciou respiração boca a boca.
Depois de alguns instantes, os olhos de Ling An se abriram devagar. Quando percebeu o que estava acontecendo, seus lábios se moveram quase instintivamente. Enquanto se aproximava para mais uma tentativa, sentiu algo inesperado. Uma mão quente envolveu suavemente seu pescoço. Cheng Yi congelou, mas antes que pudesse reagir, a mão a puxou levemente para perto.
Os olhos de Ling An estavam agora abertos, ardendo com uma intensidade que ela nunca havia visto antes. Antes que pudesse processar o momento, seus lábios se encontraram.
Foi um toque breve, mas cheio de significados conflitantes. Cheng Yi ficou paralisada, o calor do gesto se espalhando por seu corpo como um raio. Quando ele finalmente a soltou, ela recuou rapidamente, a respiração entrecortada, as bochechas tingidas de um vermelho intenso.
— M-mestre...! — ela balbuciou, desviando o olhar.
Ling An um leve sorriso brincava em seus lábios, como se estivesse testando algo que nem ele compreendia. Sua voz saiu rouca, ainda enfraquecida:
— Que sonho esquisito.
Cheng Yi ficou de pé, o coração martelando no peito, sem saber como reagir.
— Eu... estava tentando salvar você! Pensei que não estivesse respirando!
Ele inclinou levemente a cabeça, ainda observando-a.
— Então foi isso? — murmurou, quase brincando, mas sua voz ainda carregava um tom grave.
Ela apertou as mãos contra o peito, tentando acalmar o turbilhão de emoções dentro dela.
— Sim, mestre. Eu faria qualquer coisa para salvá-lo. Não, qualquer coisa, não. Me expressei mal.
O sorriso no rosto dele desapareceu, dando lugar a um olhar mais sério.
— Cheng Yi... Eu não pedi que arriscasse tanto por mim.
Ela o encarou, finalmente reunindo coragem para falar:
— E eu não pedi para que você me salvasse. Mas fez mesmo assim. Então, me deixe retribuir.
Ling An desviou os olhos, um misto de cansaço e rendição estampado em seu rosto. Ele encostou a cabeça na cabeceira da cama, enquanto um silêncio incômodo se formava entre eles. Algo chama a atenção de Cheng Yi, o peito do mestre, onde havia uma cicatriz. Por um instante, algo ecoou em sua mente, um lampejo de memória perdido. Tentando ignorar a confusão, ela pensou:
— Deve ser algo normal. Ele é um mestre. Cicatrizes fazem parte da vida de alguém assim.
No entanto, algo dentro dela a incomodava. Essa cicatriz... pensou, ...não era apenas um ferimento recente.
— Por que, sinto que já vi isso antes?
Cheng Yi, tomada por um nervosismo crescente, pegou um pano e rapidamente cobriu o corpo do mestre, fechando os olhos em respeito.
— Você está com medo?
Perguntou Ling An, sua voz suave, mas firme.
Ela o olhou, surpresa com a pergunta.
— Medo? Do que eu deveria ter medo, mestre?
Retrucou, tentando soar tranquila.
Sentando com um suspiro pesado, Ling An diz:
— Cheng Yi, eu te conheço bem. Sou seu mestre, lembra? Posso ver no seu olhar. Você está escondendo algo... algo que te preocupa. Mesmo que não diga, eu sei.
Cheng Yi se aproximou, buscando conter as dúvidas que surgiam em seu coração. Colocou a mão na testa de Ling An e falou calmamente:
— Sua febre já diminuiu, mas isso não quer dizer que passou. Você ainda precisa descansar.
Ling An ergueu o olhar, seus olhos encontrando os dela com uma intensidade incomum.
— Se algo está te assustando, confie em mim. Se não quiser falar agora, tudo bem. Mas saiba que estarei ao seu lado. Sempre. Se alguém te ameaçar, eu cuidarei disso.
Antes que Cheng Yi pudesse responder, Ling An bocejou e deitou-se. Poucos segundos depois, adormeceu profundamente, como se o peso do mundo tivesse sido deixado para trás.
Cheng Yi observou-o em silêncio, refletindo sobre suas palavras. Ela finalmente voltou ao chão, onde havia preparado seu lugar para dormir. Mas os sonhos não foram gentis. Um pesadelo a despertou no meio da noite, fazendo-a ofegar.
Ao abrir os olhos, percebeu algo estranho. Ela não estava mais no chão. Virou o rosto e viu o mestre dormindo ao seu lado. Um sobressalto percorreu seu corpo.
— Estou na cama do mestre?!
Pensou, alarmada.
Porém, a sensação de calor e segurança que sentia a acalmou.
— É tão confortável... tão quentinho...
Murmurou mentalmente, enquanto o sono lentamente a envolvia novamente. Seus olhos se fecharam devagar, e a última coisa que sentiu foi a proximidade tranquilizadora de Ling An.
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Atualizado até capítulo 36
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