Recém-casados

— O seu pai acredita que é um bom momento para começarem a aparecer juntos. — Respondeu Eric calmamente.

— ... — Deann apareceu revirando os olhos e cruzando os braços após um breve suspiro, deixando bem claro que aquilo também não lhe deixava contente.

— ... — Joseph também suspirou em seguida, detestando a ideia, mas sem muito o que fazer. — Vamos então... — Disse apertando o botão do elevador.

— Foi bom conhece-la, Srta. Morey. — Logo seu rosto sutil se abaixou ao perceber o erro. — Desculpe-me... Sra. Everett! — Engoliu seco olhando-a e então o elevador chegou.

— Acho que pode me chamar de Deann. — Ela comprimiu seus lábios, saindo em uma direção contrária à de Eric, percebendo seu coração pulsar um tanto diferente.

— ... — Calado, Joseph se mantinha ao fundo do elevador, mantendo uma distancia de Sarah Deann que se mantinha em postura ereta próxima da porta.

Por mais que agora estavam registrados como marido e mulher, eles não tinham nenhum assunto para trocar e mesmo que tivessem, não tinham o interesse de interagir um com o outro. Mas ainda que deixassem claro o desgosto, Joseph não tirava da cabeça o fato de ter sido tão impactado pelos olhos daquela garota.

Enquanto o elevador descia sem interrupção, vira e mexe Joseph fitava a sua esposa disfarçadamente. Não que ela pudesse ver, mas era orgulhoso demais para admitir para si mesmo que pudesse estar a olhá-la seja lá por qual motivo. É para essa garota ser indiferente em sua vida pelos próximos seis meses e se não for, que seja para sentir apenas repulsa.

— ... — O elevador se abriu, fazendo Deann dar espaço para quem entrava.

— Olá Joseph... — Soltou aquela moça de vestido azul marinho e cabelo loiro.

— Olá Elle... — Soltou no mesmo tom sugestivo. — Que bom te ver! — A cumprimentou com um abraço e um beijo no rosto.

— ... — Deann não olhou para trás, mas o som do beijo e do tom meloso deles a fez revirar os olhos, quase vomitando.

— É mesmo? Pois achei que não parece, já que não me ligou depois daquela noite. — Soltou fazendo Deann erguer uma das sobrancelhas.

— Eu te garanto que não foi por falta de saudades! — Tinha quase o rosto colado no da loira e então, Deann apertou seus lábios um contra o outro. Estava quase chegando a hora de sair do elevador, então ela poderia escolher entre ficar calada ou falar algo que despertasse a ira de Joseph.

— Então eu posso esperar que você me ligue ainda esta semana? — Ela soltou aquilo e mais um pouco Deann acreditou que pudessem se agarrar ali.

— ... — Deann coçou a garganta ao mesmo tempo em que se virava para eles. — Desculpem-me a intromissão, mas eu acho que Joseph não poderá ligar mais pra você! — A moça franziu o cenho, boquiaberta sem entender.

— E quem é você? — Perguntou lançando um olhar rápido de cima abaixo.

— Ninguém! — Ela abriu um sorriso mostrando finalmente seus pequenos dentes. Era realmente um sorriso aberto e maléfico, pois ao lado da moça, Joseph tinha a pior das feições e foi assim que ela descobriu que sair do elevador calada não teria sido tão prazeroso. — Tchau Elle! — Disse deixando o elevador assim que a porta se abriu.

— Jos... — A mulher tentou respostas, mas Joseph saiu as pressas atrás de Deann, acompanhando-a pelo salão e falando pelos dentes.

— Eu já entendi a sua! — Disse parelho a ela enquanto caminhavam.

— Não sei do que está falando. — Disse serenamente.

— Sabe muito bem! — Caminhavam a caminho do carro já os esperando. — Você gosta de bancar a má!

— Eu? — Ela soltou rindo. — Que constatação idiota! — Ela ria, mas quando Joseph a pegou pelo braço bem no meio da entrada do prédio, Deann fechou seu sorriso debochado e olhou com fúria. — Solta o meu braço! — Disse respirando profundamente.

— ... — Joseph encarava aqueles olhos azuis e a ira da moça era completamente transparente. Olhando ao redor, percebeu que havia se excedido e então, afrouxou sua mão no braço dela a fazendo puxá-lo de uma só vez.

— ... — Deann entrou no carro de uma só vez e se colocou na outra ponta, mantendo-se de cara amarrada.

— ... — Joseph sentou-se com certo receio no banco e apertou seus dentes, engolindo seco em seguida. — Eu... — Tentou sair algo da boca dele, mas antes que pudesse gaguejar algo mais, Deann soltou.

— Se pegar no meu braço de novo... Aliás, se tentar tocar – deu ênfase na palavra – em mim de novo, não irei responder pacificamente. — Deixou claro, voltando a olhar para a janela assim que terminou as falas.

E a viagem de volta ao outro lado da cidade foi um silêncio absoluto. Se o clima no elevador onde ficaram sozinhos havia sido chato, aquele caminho de volta para um dos bairros pobres de Chicago acabou sendo terrível.

— ... — O carro parou e antes de fazer o motorista deixar o carro, Deann o orientou. — Pode deixar que eu saio sozinha. — Declarou para o homem pouco antes de abrir a porta. — Que horas eu tenho que estar pronta para voltar com você?

— A hora que decidir, senhora. — Respondeu o motorista. — Estarei a disposição o tempo que precisar.

— Bom... — Deann tentava pensar. — Eu não sei, daqui há uma hora mais ou menos?

— Como achar melhor, senhora. — Disse ligando o carro, enquanto Deann entrava em sua casa.

— Espera Mike. — Joseph soltou. — Vamos ficar um pouco mais ali na frente...

— Achei que quisesse voltar para casa, senhor.

— Vamos esperar por ela aqui. — Joseph soltou olhando o bairro ao redor. — Vou dar uma volta. — Disse deixando o carro, fazendo o motorista se desesperar.