Deann não teve coragem de voltar pra casa no exato momento em que foi demitida. Por mais que fosse forte, não saberia como dizer a sua mãe que havia perdido a única fonte de renda da casa. Sentou no banco da praça e ficou ali observando qualquer coisa enquanto procurava tomar coragem dentre um lamento e outro.
— Burra, burra, burra... — Ela disse dando algumas batidas na testa.
Não que devesse levar desaforos ou suportar abusos, mas às vezes odiava ser essa pessoa inflexível e difícil. Não era errado ser uma pessoa de culhões, mas em certos momentos, acreditava ser intransigente demais.
Quando enfim teve coragem de retornar para casa, encontrou sua mãe na cozinha a realizar algumas tarefas domésticas.
— Querida? — Ela disse estranhando de imediato a presença da filha naquele horário. — Deann... — Ela secou a mão rapidamente e deixou a cozinha caminhando até a filha. — O que houve? Está tudo bem?
— Mãe... — Apertou seus dentes e mau conseguia olhar para Elizabeth. — Eu... Eu tô bem! — Declarou. — Quer dizer... Eu... Eu perdi o emprego. — Soltou aquilo de uma só vez.
— Ah... — Sua mãe tinha a feição surpresa, mas ainda assim de alívio por saber que Deann não estava ali por um motivo de saúde. — Sente-se um pouco, meu bem... — Disse levando sua filha até a poltrona. — Aconteceu algo na lanchonete...
— É... Eu joguei café morno é um idiota que passou a mão em mim! — Explicou, expressando a raiva de se lembrar do momento. — O garoto era um imbecil, mas Charles me demitiu.
— O quê ele queria que você fizesse? — Elizabeth apoiava a filha. — Seu chefe foi injusto, Deann!
— Mas infelizmente ele é o chefe e eu sou só a garota do café! — Engoliu seco. — Bom, pelo menos eu era... — Olhava para vazio antes de ficar cabisbaixa. — Pelo menos eu era algo!
— Ei, ei... — Sua mãe tocou seu queixo, erguendo-o até que ela pudesse lhe olhar nos olhos. — Você é muito mais do que consegue ver, Deann! — Sorria. — Sei que você um dia irá enxergar isso!
— Mamãe... — Deann olhava-a com tristeza. — Não está preocupada com minha demissão? Quer dizer... Não sei se vou conseguir um emprego tão rápido, antes das nossas contas vencerem.
— ... — Elizabeth engoliu seco, sabendo que Deann ainda se preocupava com o menor de seus problemas. — Querida... — Preparava-se. — Eu preciso te contar algumas coisas...
— ... — Deann olhava para a face de otimismo de sua mãe se transformar.
— Eu fui ao médico há alguns dias atrás... — Dizia. — E hoje eu precisei ir a uma clínica especializada para averiguar o valor do tratamento para o que foi diagnosticado em meus exames.
— ... — A cada palavra de sua mãe, o coração de Deann batia com mais pressão. — Diagnosticado?
— ... — Elizabeth umedeceu seus lábios por um breve segundo e então, disse. — Querida... Eu estou com câncer de mama.
— O quê? — Deann soltou a mão de sua mãe com o choque da notícia e se colocou de pé de uma só vez. — O que está dizendo? Você não está com câncer nenhum, mãe... — A fase de negação foi imediata.
— Deann...
— Não mãe! — Deann respirava tão ofegante quanto após uma corrida. — Isso não é possível!
— ... — Elizabeth não sábia como ajuda-la naquele momento.
— Mãe... — Deann se ajoelhou diante dela e segurou sua mão. — Não pode ser... Não pode! — Seus olhos inundavam-se enquanto olhava com tristeza para Elizabeth. — Por favor, me diga que isso não é verdade!
— Eu sinto muito, meu amor... — Sua mãe disse ainda tentando ser forte, mas quando Deann se debruçou em seu colo para chorar, Elizabeth não pôde mais segurar suas lágrimas. — Eu sinto muito... — Chorava de forma silenciosa e triste.
~
Depois de toda aquela tristeza, Deann tentou se acalmar e entender todos os detalhes da situação em que se encontravam naquele momento. Não iria adiantar chorar e não procurar nenhuma solução, mas a jovem mulher se viu ainda mais perdida quando soube a quantia que teriam de desembolsar para o tratamento de sua mãe. O câncer estava no inicio e graças ao diagnóstico precoce, ainda tinham chances de combater a doença, mas para isso, seria necessário começar o quanto antes.
Sem plano de saúde, sem dinheiro, sem emprego... Deann se via completamente aflita e sem condições de fazer milagres, trocou suas roupas, pois ainda se encontrava com o uniforme alaranjado do Billy Burguer.
Colocou sua melhor roupa, amarrou seu cabelo de modo que o deixasse menos rebelde e pegou uma pasta com documentos, currículos e tudo o que pôde para ir as ruas em busca de soluções. Não era possível que num lugar tão grande como Chicago, ninguém pudesse lhe arrumar um emprego. Poderia limpar, arrumar, passar, escrever, cantar, dançar, dirigir... O que fosse preciso, desde que lhe dessem um trabalho remunerado.
No desespero, também foi capaz de ir aos bancos que conhecia em busca de um empréstimo ou qualquer coisa que pudessem lhe dar, mas só faltaram lhe insultar, pois como alguém que não tem absolutamente nada pagaria por um dinheiro emprestado?
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Atualizado até capítulo 201
Comments
ana
uau
2024-07-28
1
Marilena Yuriko Nishiyama
Deann é uma garota esforçada,não tem medo de encarar o trabalho não importando o que seja,contanto que seja remunerado e digno 👏🏻👏🏻👍🏻
2024-02-16
4
Marilena Yuriko Nishiyama
coitada da mãe da Deann descobrir que está com câncer de mama,agora mais que a Deann perdeu o emprego😔😔
2024-02-16
0