Capítulo 11

Ulisses e eu saímos logo cedo do dormitório para tomar café. Havia pouquíssimas pessoas no salão. Só 4 estudantes estavam na mesa da Lufa-Lufa.

Nossos pratos e cálices encheram-se no instante que sentamos à mesa. Ovos, bacon, torradas, salsichas assadas.

Meus olhos ainda estão um pouco vermelhos e inchados pelo ocorrido de antes, mas acho que dá pra disfarçar. Um maldito fantasma começou a me perseguir pelo corredor. Ele gritava e ria de um jeito assustador. Por sorte outro fantasma chegou e gritou com ele. Isso foi pior que ter assistido O Exorcista, e com certeza vai me impedir de dormir de noite.

Depois que ele foi embora, sentei no chão e fechei os olhos o mais forte que consegui. O Mal vai me encontrar no salão, pensei. Mas ele ainda não está aqui.

— Olha lá. — Ulisses indicou a porta com a cabeça. Malignan e mais dois garotos entraram no salão. Acenei para ele. — Malignan está com um olho roxo.

Mal chegou até nós e sentou ao meu lado. Os outros dois sentaram do outro lado da mesa.

— O que aconteceu com o seu rosto? — perguntei com a voz falhada.

— Isso não é importante. O que aconteceu com você? — Mal segurou o meu queixo e olhou nos meus olhos. Foquei o olhar na mão dele, para não encará-lo.

— Um fantasma. Ele me perseguiu e... me assustou. Não foi nada. Eu que sou medroso demais.

— Foi o Pirraça! — exclama o menino de olhos azuis. — Ele é uma lenda. O meu irmão falou sobre ele. É um Poltergeist.

— Tipo... O do filme? — pergunto. Mal solta o meu rosto, mas segura a minha mão por debaixo da mesa.

— O que é um filme? — pergunta o menino número 2.

Encaro ele, sem saber se está falando sério ou se está brincando com a minha cara.

— Filme. Aquilo que se vê na televisão.

— Televisão — repete o menino de olhos azuis. — Ah! Ah! Isso eu sei! O meu pai já falou disso. Ele disse que um bruxo enfeitiçou uma dessas. Deu um problemão no ministério. É uma coisa que os trouxas passam o dia todo olhando, não é? As pessoas dentro dela se mexem. Mas não é como nos quadros.

— Vocês não conhecem televisão? — perguntei, olhando para cada um dos garotos na mesa.

— Não temos acesso às coisas dos trouxas, baixinho — explica Malignan.

Olhei perplexo para eles. Eu não consigo nem imaginar a minha vida sem os filmes. Que tipo de pessoa eu seria se nunca tivesse assistido De Volta Para o Futuro? Quantas pessoas eu já teria chutado por causa da minha vida infeliz se nunca tivesse assistido Rambo? Com o que eu sonharia se nunca tivesse assistido Peter Pan?

— Isso é inaceitável. Vocês não podem viver sem ter assistido De Volta Para o Futuro — digo enquanto balanço a cabeça. — É um ícone dos cinemas. Vocês podem ir lá em casa nas férias. Podemos assistir juntos. — Os garotos me olham como se eu fosse um louco.

— Baixinho. Você lembra da minha mãe, não é? — Aceno que sim com a cabeça. — Multiplica por 4. Esses são os pais dos dois. Nós jamais poderíamos ir na casa de trouxas. Mas o Abbott pode te fazer companhia, certo? — Mal olha para Ulisses, procurando uma confirmação.

— Sim, claro.

— Mal, você não pode nem tentar? — pergunto com a voz baixa. Ele aperta a minha mão um pouco mais forte e fica com os olhos sérios. Estou quase pedindo desculpas quando ele diz:

— Tá legal. Prometo que eu vou tentar. — Abro um sorriso gigante. — Mas você não pode ficar chateado se eu não conseguir.

— Tá bom! Você já foi na praia? Tem uma praia que eu, Cole e a minha mãe amamos! A areia de lá é tão leve, e a água é azul cristalina! Podemos ir?

Continuamos conversando por muito tempo. Mal apresentou os dois garotos. O de olhos azuis se chama Ajax e o menino fofo de cabelos enrolados é o Nott. Ou Theodore. Ele disse que tanto faz.

Um sino bateu no alto, indicando o início das aulas. Nós cinco saímos desesperados do salão. Nossa primeira aula era de História da Magia, que, ouvi dizer, era lecionada por um fantasma.

É horrível dizer isso, mas eu quase dormi na aula. Ulisses teve que me cutucar nas costelas algumas vezes durante a aula para que eu mantivesse os olhos abertos. Não é apenas a matéria que é chata. O professor fala tão devagar que dá vontade de... É melhor eu não terminar essa frase. O Prof. Binns era realmente muito velho quando adormeceu diante da lareira na sala dos professores e levantou na manhã seguinte para dar aulas, deixando o corpo para trás. Binns falava sem parar — parecendo um bicho preguiça, mas falando muito — enquanto a gente anotava nomes e datas de coisas que aconteceram muito tempo atrás. Será que ele realmente acha que eu consegui prestar atenção em alguma coisa?

Quando a nossa segunda aula da manhã terminou — Feitiços, com um professor duende que precisava ficar em cima de uma pilha de livros para ser visto —, fomos almoçar. Mal sentou-se com Nott e Ajax na mesa da sonserina, mas ele acenou e sorriu para mim.

Mal pegou um pedaço de pergaminho, uma pena e tinta. Com um aceno de varinha, o papel se transformou em um aviãozinho e voou por todo o salão até parar na mesa à minha frente.

...Quer fazer alguma coisa hoje à noite?...

Pego a minha pena e tinta na mochila e escrevo:

...Quer ir lá pro dormitório? Acho que os meninos vão brincar de mímica. Podemos dividir uma cama, se você não se importar....

Fico olhando para o papel, sem saber como mandar de volta. Então o pergaminho volta a virar um avião e voa até Malignan. Ele fica um minuto inteiro com os olhos grudados nas palavras. Mal amassa o papel e abaixa a cabeça.

— O que você escreveu de tão ruim? — pergunta Ulisses.

— Eu não escrevi nada demais...

Mal continuou de cabeça baixa. Os amigos até tentaram chamá-lo e fazer cócegas, mas não adiantou.

Quando enfim levantou a cabeça, seu rosto estava muito vermelho e sério. Eu o deixei com raiva de novo. Eu preciso aprender a controlar os meus impulsos. No que eu estava pensando? Mal é um sonserino, ele não iria dormir junto de vários lufanos.

Mal escreveu outra coisa no pergaminho e o lançou até mim. Demorei para abrir, com medo da resposta. Mas, antes que eu pudesse abrir, Ulisses pegou o papel.

— Você convidou um sonserino para ir na nossa comunal? — perguntou.

— Não pode?

— Não! Você é doido? Os mais velhos te expulsam se souberem disso.

— É só eles não saberem. — Dou uma piscadinha e pego o pergaminho. Ele escreveu Tá bem, me espere no corredor. Vou até lá quando o pessoal dormir. Levarei lanches. Ele me pegou nos lanches. — Ele estará lá. — Sorrio.

— Cara, você tá frito se alguém descobrir.

— Não vão descobrir.

...☆☆☆☆...

A primeira aula da tarde foi com a professora de rosto severo. A Professora Minerva McGonagall. Ela não é tão ruim quanto parece. É divertida e faz piadas conosco. Nossa aula com ela foi junto dos grifinórios. Sentei ao lado do menino tão amado por todos. Ele me cumprimentou quando sentei, e percebi que ele tinha uma cicatriz em formato de raio na testa. Perguntei sem filtro nenhum:

— Como você conseguiu essa cicatriz? — Potter pareceu meio constrangido.

— Ahn, é uma longa história. — Ele me olhou curioso. — Eu mesmo só fui descobrir há pouco tempo. — O garoto sorriu e estendeu a mão. — Harry Potter.

— É, eu sei. É meio difícil não saber quem você é. Todos por aqui sussurram o seu nome quando você passa. — Apertei a mão dele, sorrindo. — Aiden McKane.

Nota mental: perguntar pro Mal o que esse garoto fez de tão importante. Duvido que Mal vai me ignorar igual os outros.

A aula de Transfiguração foi tranquila. Ela começou explicando o que é a transfiguração e depois nos ensinou a transformar agulhas em palitos de fósforo. Consegui na terceira tentativa, logo depois da menina Mônica. Recebi parabéns e sorrisos de vários alunos. E quer saber? Eu gostei.

A segunda aula da tarde foi do lado de fora do castelo, numa estufa, com a Professora Sprout. Ela é a diretora na Lufa-Lufa, e é um anjo. Ela sorri bastante e adora fazer piadas e brincadeiras com os alunos. Ela disse que eu tenho o mesmo tamanho de uma Mandrágora, seja lá o que for isso, mas ela também disse que eu sou fofo demais para ser comparada com uma.

A Professora Sprout nos mostrou algumas ervas que são superimportantes em poções medicinais. Novamente os grifinorios estavam com a gente, mas eles não se saíram tão bem quando nós, lufanos, ao responder perguntas. Ganhamos 40 pontos no total e eles ganharam 20. Pelo o que Ulisses me contou, esses pontos são importantes para ganharmos a taça das casas no final do ano. Ele disse que a Lufa-Lufa não ganha a taça há muito tempo.

Fiz amizade com o Neville na aula de Herbologia. Ele é muito inteligente com essas coisas. Nevill disse que sempre gostou muito de Herbologia e que quando tinha quatro anos pediu um livro sobre plantas bizarras para a avó. É um garoto fofo e nervoso. Ele parece um pouco comigo, ficando animado ao falar de assuntos que gosta. Nevill também me agradeceu por ter ajudado ele a se levantar do chão e disse que me daria um presente por isso.

Mal posso esperar para contar para o Malignan e para a minha mãe.

......Continua.......

Mais populares

Comments

~•𝕄𝕠𝕞𝕞𝕪•~

~•𝕄𝕠𝕞𝕞𝕪•~

QUE FOFO, O HARRY

2024-03-02

1

~•𝕄𝕠𝕞𝕞𝕪•~

~•𝕄𝕠𝕞𝕞𝕪•~

as praia dq é td marrom slk

2024-03-02

1

~•𝕄𝕠𝕞𝕞𝕪•~

~•𝕄𝕠𝕞𝕞𝕪•~

eu qr um Mal, olha isso vei

2024-03-02

1

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!