...22/06...
Tá, esse cara chamado Hagrid não é o que eu esperava. Ele não é normal. Bom, eu tecnicamente também não sou. Mas ele... é diferente. É alto e gordo. Cabeludo e barbudo. Parece um gigante homem das cavernas vestindo um sobretudo que parece o lençol da cama da minha mãe. A única parte visível do seu rosto são os olhos, que parecem besouros negros.
—Vai me deixar entrar ou vai ficar encarando? — Hagrid pergunta, parecendo incomodado.
Saio da frente da porta. O gigante precisa se curvar para entrar.
—A propósito, feliz aniversário.
— Hum, obrigado.
Hagrid anda em direção à cozinha, com o corpo curvado pra frente, pra não bater nos lustres.
Ouço minha mãe gritando assim que ele entra.
— Caramba, Hagrid! Você me assustou!
— Minhas sinceras desculpas, senhora McKane. Não foi minha intenção. Posso sentar?
— Sim, é claro.
Hagrid caminha até o nosso velho sofá, que parece desmontar quando ele senta. Consigo ouvir as madeiras se partindo ao meio.
— Muito bem, Aiden, partiremos amanhã de manhã. Decore o que você vai precisar comprar.
— Hã... como vocês compram as coisas no mundo bruxo?
Hagrid levanta uma sobrancelha e olha pra minha mãe. Ele volta a me olhar depois de alguns segundos, e com uma voz de quem diz o óbvio ele responde:
— Com dinheiro, é claro.
— Bom saber que bruxos usam libra, isso é importante. — Assinto com a cabeça e finjo anotar a informação num caderno imaginário.
— Não usamos libra. Usamos galeões, sicles e nuques. Dezessete sicles fazem um galeão, e vinte e nove nuques fazem um sicle. — Hagrid tira moedas do bolso.
— Nós não temos essas moedas. Eu não sabia que bruxos existiam.
— Não? — Hagrid é cortado por uma tosse estranha da minha mãe. — Hã, bom, Gringotes troca dinheiro trouxa pela nossa moeda, garoto.
— O quê? Gringotes? Trouxas?
Hagrid solta um longo suspiro.
— Temos muito a conversar.
Explicando algumas coisas do mundo bruxo:
- As pessoas que não são bruxas são chamadas de trouxas.
- Gringotes é o banco dos bruxos. Hagrid disse que tem um dragão protegendo o lugar. Só existe um lugar mais seguro que Gringotes: Hogwarts.
- Hogwarts é o nome da escola onde vou estudar. Hagrid deixou escapar que há um cachorro de três cabeças protegendo algo. Eu tô ficando pirado.
- O esporte favorito dos bruxos é o quadribol, que consiste em VOAR EM VASSOURAS, bater em bolas e um cara tem o trabalho de voar atrás de uma bolinha de ouro muito rápida.
É muita informação pra minha cabecinha.
Hagrid e eu vamos para Londres comprar os meus materiais estranhos pela manhã. Aliás, o primeiro ano tem várias matérias legais!
Transfiguração;
Feitiços;
Poções;
História da Magia;
Defesa Contra as Artes das Trevas; Astronomia;
Herbologia.
Isso é maneiro demais! Espero que todos vocês também tenham a chance de receber suas cartas, vale a pena.
Assim que Cole gritou, percebi que ele havia conhecido o nosso amigo Hagrid.
Corri o mais rápido possível para ver a reação dele.
Quando entro na cozinha ouço Cole perguntar:
— Você é um gigante?
— Minha mãe era — Hagrid responde, paciente.
— Que irado!
O sofá range quando Hagrid levanta.
— Você está pronto, Aiden? — Pergunta ele. Aceno com a cabeça enquanto termino de dar um nó no cadarço — Ótimo, pegue um casaco e vamos.
— Aiden, você vai trazer um presente pra mim? — pergunta Cole, animado.
— Hmm... eu vou pensar. — Já pensei. É claro que vou trazer um presente, minha mãe me mataria.
Ela foi se despedir na porta de casa. Entregou um envelope para o Hagrid e disse baixinho que tem mil libras ali dentro. Finjo não escutar. Sei que esse dinheiro vai fazer falta.
— Você já decidiu se vai comprar uma coruja ou um sapo? — pergunta ela, passando os dedos pelo meu cabelo.
— Uma coruja. Elas são bem úteis. Podem trazer cartas para vocês. E os presentes. Com certeza vou mandar vários — respondo, tentando esquivar da mão dela.
Minha mãe sorri. E isso sempre melhora o meu dia 100%.
— Como vamos achar essas coisas estranhas em Londres? — penso em voz alta.
— Você só precisa ir ao lugar certo — respondeu Hagrid.
Nunca estive em Londres. Eu estaria completamente ferrado se Hagrid não estivesse aqui comigo. Ele parece saber o caminho de cor. Provavelmente por já ter feito esse trajeto milhares de vezes para levar garotos e garotas como eu.
Hagrid reclamou muito sobre "as coisas dos trouxas". O tamanho dos assentos do metrô foi a pior. Ele deixou escapar para um trouxa que não iria conseguir viver sem mágica.
Após subirmos uma escada rolante, chegamos em uma rua movimentada, com lojas por todos os lados.
Hagrid era enorme comparado às outras pessoas, então abria caminho pela multidão sem esforço. Passamos por várias livrarias e barracas de comida, mas nada que parecia vender livros de magia e luvas feita de couro de dragão. Isso me fez pensar se isso tudo não é uma brincadeira. Se eu não soubesse que Cole é burrinho e que a minha mãe me ama muito, suspeitaria.
— Chegamos. O Caldeirão Furado. Muitos bruxos frequentam.
Ao meu ponto de vista, parecia só um lugar que a minha mãe nunca me deixaria entrar. Os trouxas nem ao menos olhavam pra esse bar, como se nem conseguissem vê-lo. Talvez seja isso mesmo.
Nem pude perguntar, pois Hagrid abriu a porta e me empurrou pra dentro.
Esse lugar parece excursão de asilo. Muitos velhos. Algumas velhas estão sentadas juntas em um canto, bebendo de cálices (sério, qual a dificuldade de usar um copo normal?) e fumando cachimbos. Atrás do balcão um homem careca limpando um copo de vidro com um pano sujo conversa com um tio usando cartola.
Lugar agitado.
Todo o estandarte de conversa parou quando entramos. Todos parecem conhecer Hagrid; acenaram e sorriram pra ele.
— O de sempre, Hagrid? — pergunta o velho careca.
— Hoje não, Tom. Estou levando esse jovem para o Beco Diagonal.
Tom riu.
— Mas não te dão descanso, hein? Primeiro o Potter, agora... qual é o seu nome, rapaz?
— Aiden McKane, senhor — respondo, meio constrangido por causa dos olhares que viraram para nós ao mencionar o nome "Potter". Será uma celebridade aqui no mundo bruxo?
— McKane, é? — questiona Tom, me fitando com os olhos curiosos. — Não conheço esse sobrenome. Você é um nascido trouxa?
— Hã... acho que sim, senhor — respondo.
— Ótimo, mais um sangue ruim para poluir o nosso mundo — alguém exclama, no fundo do bar. Hagrid faz uma cara feia com esse comentário.
— Vamos seguindo, Aiden, não temos o dia todo — fala Hagrid, já me empurrando pelo bar.
Saímos num pequeno pátio, com absolutamente nada além de uma lata de lixo e algumas gramas nascendo.
— Quem é Potter? Algum ator ou coisa assim? — questiono.
— Harry Potter é a mais nova celebridade de Hogwarts. Ele salvou o nosso mundo quando tinha apenas um ano. Agora, onde está o meu guarda-chuva?
Hagrid puxou um guarda-chuva rosa de dentro do sobretudo.
Ele bateu com a ponta nos tijolos do muro.
— Três para cima... dois para o lado... — murmurou. — Tá legal, chegue para trás.
Ele bateu com o guarda-chuva três vezes na parede. O tijolo que ele tocou se mexeu. No meio dele apareceu um buraco pequeno, que foi aumentando cada vez mais. Em poucos segundos, havia uma passagem, que exibia uma rua de pedras na nossa frente.
— Esse é o Beco Diagonal — diz Hagrid.
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Atualizado até capítulo 26
Comments
🇩 🇮 🇪 🇬 🇴 💀🩶💔🩸
sabia que Harry Potter
2024-04-14
2
Maxie
Eu simplesmente estou amando essa novel, obrigada Queen 🤓☝🏼
2024-02-19
1
@Konan🩷💛💙 você precisa ser indicada para o Grammy urgentemente!
2024-01-15
1