Capítulo 9

Depois que todos comeram tudo o que podiam, as sobras desapareceram dos pratos deixando-os limpinhos como no início. Logo depois surgiram as sobremesas. Havia vários sabores de sorvete, tortas de maçãs, tortinhas de caramelo, bombas de chocolate, roscas fritas com geleia, bolos de frutas com calda de vinho, morangos, gelatinas, pudim de arroz...

Olhei maravilhado para tudo aquilo, pensando se não podia mandar um pouquinho para o Cole. Ele iria amar esses doces.

— Você consegue comer mais? — Gabriel, o monitor, pergunta. — Você já comeu muito.

— É você que faz a comida? — Malignan retruca. — É melhor calar a sua boca, se não quiser que eu arranque a sua língua. Deixe-o em paz.

— Malignan, que coisa horrível — repreendo-o.

— Não quis ofender — o monitor se defende, com um tom ofendido.

Malignan dá de ombros.

— Como é a sua família, Baixinho?

— Trouxas. Você sabe — respondo enquanto pego uma tortinha de caramelo.

— Não estou falando disso.

— Humm — Dou uma mordida no doce e penso por alguns instantes. — São divertidos. Todo mundo se ajuda lá em casa. Vive eu, meu irmão e a minha mãe. E a sua?

— Abbott, como é a sua família? — Malignan me ignora completamente.

— Ahn... tranquila. Meu pai é bruxo, minha mãe é nascida trouxa. Sou mestiço. Eles são legais.

O assunto encerrou.

Finalmente, as sobremesas também desapareceram, e o Prof. Dumbledore ficou de pé mais uma vez. O salão silenciou.

— Hum... só mais umas palavrinhas agora que já comemos e bebemos. Tenho alguns avisos de início de ano letivo para vocês.

“Os alunos do primeiro ano devem observar que é proibido andar na floresta da propriedade. E alguns dos nossos estudantes mais antigos fariam bem em se lembrar dessa proibição.”

Dumbledore parou de falar por alguns instantes, enquanto seus olhos fitavam a mesa vermelha.

— O Sr. Filch, o zelador, me pediu para lembrar a todos que não devem fazer mágicas no corredor durante os intervalos das aulas.

“Os testes de quadribol serão realizados na segunda semana de aulas. Quem estiver interessado em entrar para o time de sua casa deverá procurar Madame Hooch. E, por último, é preciso avisar que, este ano, o corredor do terceiro andar do lado direito está proibido a todos que não quiserem ter uma morte muito dolorosa.”

Senti meus olhos se enchendo outra vez. Mal deve ter percebido o quanto aquilo me assustou, pois sorriu e disse:

— Relaxa, seu medroso. Até parece que eu iria deixar você morrer. Ele nem deve estar falando sério.

— Ah, ele está, sim — Gabriel responde. — Deve ser algo sério, nem nós, monitores, fomos notificados sobre isso.

— Cara. Você deve estar querendo muito perder a língua.

— Você esqueceu que entrou hoje em Hogwarts, garotinho?

— Independente. Acabo com você rapidinho. Não ouse deixá-lo com medo de novo.

— Está me desafiando, sonserino? Gabriel franze o cenho.

— Entenda como quiser. — Mal semicerra os olhos. Dou-lhe um tapa na perna e indico Dumbledore com a cabeça.

— E agora, antes de irmos para a cama, vamos cantar o hino da escola! — exclamou Dumbledore. Várias pessoas soltaram pequenas reclamações. Até mesmo os outros professores estavam com sorrisos falsos nos rostos.

Dumbledore fez um leve movimento com a varinha como se estivesse tentando espantar uma mosca na ponta e apareceu no ar uma longa fita dourada, que subiu para o alto das mesas e se enrolou formando palavras.

— Cada um escolha sua música preferida — convidou Dumbledore —, e lá vamos nós!

E a escola cantou alto:

Hogwarts, Hogwarts, Hoggy Warty Hogwarts,

Nos ensine algo por favor,

Quer sejamos velhos e calvos

Quer moços de pernas raladas,

Temos as cabeças precisadas

De ideias interessantes

Pois estão ocas e cheias de ar,

Moscas mortas e fios de cotão.

Nos ensine o que vale a pena

Faça lembrar o que já esquecemos

Faça o melhor, faremos o resto,

Estudaremos até o cérebro se desmanchar.

Essa foi a que melhor deu a entender, mas as pessoas cantavam músicas diferentes, em vários tons e ritmos. Nós, do primeiro anos, cantamos de forma muito idiota, como se estivéssemos lendo, e não cantando — porque estávamos. Exceto Mal, que cantava em tom baixinho, de forma graciosa. Todos terminaram a música em tempos diferentes. E por fim só restaram os gêmeos da Grifinória cantando sozinhos.

Dumbledore mostrou os últimos versos com sua varinha e, quando eles terminaram, foi um dos que aplaudiram mais alto.

— Ah, a música – disse secando os olhos. — Uma mágica que transcende todas que fazemos aqui! E agora, hora de dormir. Andando!

— Baixinho, preciso ir com os outros. Te vejo amanhã, está bem? Se você ficar com medo, feche seus olhos o mais forte que conseguir e pense em mim. — Mal sorri de um jeito brincalhão. — Não tem com o que se preocupar. Você está seguro aqui. — Ele me abraça. Fico com o rosto quente e esqueço de abraçá-lo também. Então, Malignan corre até as pessoas ruins e me deixa aqui.

Seguimos Gabriel pelos alunos, saímos do salão e tomamos um caminho diferente das outras casas. Caminhamos por um corredor, que, talvez não acreditem em mim, os quadros se mexem. Tipo, as pessoas dentro dos quadros acenam e dizem oi.

Às vezes Gabriel virava para a esquerda e as vezes para a direita. Continuamos caminhando e chegamos numa escadaria iluminada. Descemos apenas para encontrar outro corredor. Passamos por mais quadros, às vezes de paisagens, frutas, pessoas, e eu já estava passando direto por um arco circular cheio de barris quando Gabriel segura o meu braço.

— É aqui — ele diz.

Estava cansado demais para desconfiar que fosse alguma piada, então apenas fiquei parado esperando.

Gabriel olhou para os lados para verificar se alguém havia nos seguido. Então disse:

— Não precisamos de nenhuma senha para entrar. Ao invés disso, devemos bater no segundo barril da segunda fileira em um ritmo específico. Vejam. — Ele bate algumas vezes no barril e uma passagem em formato circular se abre.

— Acho que vou dormir aqui no corredor — murmuro para Ulisses. — Eu nunca vou lembrar disso.

— Eu vou ficar aqui fazendo companhia pra você.

Somos os últimos a entrar. Sinto um cheiro fresquinho de terra. Mesmo agora, o ambiente parece ensolarado. Tem o teto baixo e as paredes circulares, fazendo parecer uma toca. As paredes estão decoradas com o brasão da casa — um texugo — e os sofás e cadeiras são estofados em amarelo e preto. Há muito cobre polido no local, e também várias plantas penduradas no teto ou no parapeito das janelas.

— Nossa diretora de casa, a professora Sprout, atua como mestra de Herbologia e traz vários espécimes para decorar a comunal — uma das razões as quais os Lufanos são bons em Herbologia. — explica Gabriel. — Garotos do primeiro ano, me sigam.

Passamos por portas redondas no outro lado da sala e subimos escadas aspirais até outra porta circular.

— Este é o dormitório do primeiro ano. Não precisam ficar aqui o tempo todo, é claro. Podem ficar na sala comunal o tempo que quiserem. Seus pertences estão ao lado das suas camas.

Então ele se foi.

Lâmpadas de cobre irradiam luz quente sobre nossas camas de dossel, todas cobertas por colchas retalhadas. Encontrei a minha cama graças à Tony. A pobrezinha está presa na gaiola.

— Estou mooorto — Ulisses diz com a voz arrastada e deita na cama ao lado da minha.

— Quer voar, garota? — Abro a portinha da gaiola e faço carinho na cabeça da Tony. Ela pia e fecha os olhos, aproveitando a carícia. — Você quer levar uma carta para casa?

— Alguém aí quer jogar xadrez bruxo? — Justino F-F pergunta. Ulisses levanta rapidinho da cama, gritando:

— Eu!

— Vou passar, valeu — digo.

Os garotos jogaram xadrez bruxo — com peças que se mexem sozinhas — até tarde. Enquanto eles jogavam, eu escrevia uma carta pra minha mãe e para Cole, contando tudo que acontecera. Desde o trem até agora. Contei sobre Mal, sobre Dumbledore e sobre os fantasmas. A carta ficou enooorme, mas não me importei. Coloquei as figurinhas e um sapo de chocolate que sobrou do trem.

Abri a janela e a Tony voou para fora imediatamente. Depois de organizar e guardar o material novamente, pulei até a cama de Justino para vê-los jogar. Ulisses e eu tiramos os doces do Mal das vestes e despejamos tudo sobre a colcha.

Sim, eu ainda consigo comer mais, Gabriel.

...Continua...

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Comments

~•𝕄𝕠𝕞𝕞𝕪•~

~•𝕄𝕠𝕞𝕞𝕪•~

continuaaaaa 😭😭😭😭😭

2024-02-14

1

~•𝕄𝕠𝕞𝕞𝕪•~

~•𝕄𝕠𝕞𝕞𝕪•~

n sei se rio ou choro dps d hino KKKKKKLLKK

2024-02-14

1

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