Não posso

Laura narrando

Dormi até as 8h da manhã e quando levantei corri para arrumar tudo. Lavei a roupa do Ravi e arrumei nosso quarto. Ele dormia na mesma cama que eu, não teve berço, e as vezes dormia na rede, mas a maioria das noites era na cama comigo.

Ele dormia me abraçando com a mãozinha no meu rosto, senti um vazio por não tê-lo aqui, mas além do cansaço, teve minha conversa com o Allan e foi até bom ele não estar no quarto comigo.

O dia passa rápido, almocei sozinha, meus pais só voltam a noite e eu já vou ter saído quando eles chegarem, vou ficar o dia inteiro sem ver meu amorzinho e hoje por ser domingo o movimento estica até 2h da manhã.

Lembrei que convidei o Allan para provar nossas massas, é especialidade da casa e realmente somos a melhor da região. Não sei se ele vem, nem mandei mensagem pra ele durante o dia.

Estava tentando fingir que não estava interessada e não ia ficar em cima dele, porque eu sentia que ia só quebrar a cara.

Ele não me falou muito sobre ele, não disse seu sobrenome, até dei uma stalkeada pelas redes sociais mas não achei ele ou Henrique, vai ver que o nome que eles usaram era falso. Mesmo não falando, pude perceber que são bem ricos. Não entendo de carros, mas os meninos do restaurante ficaram impressionados com a marca/modelo do carro que ele estava e entendi que é tipo exclusivo e com poucas unidades produzidas no país.

É minha amiga, ele é rico, bem rico mesmo, nem adianta fantasiar nada nessa sua cabecinha de vento. Ele pode ter a mulher que quiser, não vai se apaixonar por você, melhor parar Laura, antes de sofrer outra vez.

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Allan narrando

Seguimos pro restaurante e quando chegamos lá meus olhos varreram por todo o espaço procurando por ela.

Já fazia uma hora que tínhamos chegado e ela não tinha aparecido. Será que aconteceu alguma coisa? Será que tinha sido com ela ou com o filho dela? Eu já estava aflito, ela não me mandou mensagem durante o dia e agora meu coração estava apertado.

Vi que o garçom que nos atendeu ontem, estava em outra área e que todos os outros tinham trocado, deveria ser um rodízio de praças como chamam, uma forma de não privilegiar os funcionários e isso é bacana.

Reconheci o cara que estava conversando com ela quando estava indo embora ontem e fiz sinal o chamando.

- Oi, boa noite. Estou procurando a Laura. Não vi ela por aqui hoje. Sabe se aconteceu alguma coisa com ela?

- Não senhor, ela só não chegou ainda, domingo ela sempre passa no outro prédio e costuma chegar mais tarde aqui, mas pela hora, acredito que ela já chega. Melhor, acabou de chegar, ela vem entrando ali oh.

Segui seu olhar e meu coração acalmou.

Tirei 20 reais da carteira e entreguei pra ele que me olhou confuso

- Obrigado! Pode ficar, é pela informação.

Ele saiu e percebi que mesmo confuso ficou feliz com o dinheiro e seguiu diretamente para onde minha doce Laura estava, sabia que ele ia falar de mim, era algo normal pra eles, sempre reportar tudo a ela.

Vi quando os olhos dela me alcançaram e seu sorriso iluminou minha noite.

Henrique me entregou um guardanapo e eu levantei a sobrancelha o encarando.

- Pra você limpar essa baba que tá escorrendo aí da sua boca.

- Idiota!

Joguei o papel nele, que se fingiu de ofendido.

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Henrique narrando

Percebi que Allan estava aflito buscando a Laura. Cada movimento que os funcionários davam ele acompanhava, esperando ela aparecer.

Ele chamou um garçom e pensei que ele diria que ela não ia vir, já comecei a me preparar para aguentar as reclamações dele, mas quando o rapaz olhou pro lado e viu ela entrando, vi a felicidade estampada na cara do meu irmão.

Não tinha como ver aquela cena e não zoar. Dei um guardanapo e mandei ele limpar a baba imaginária. Aquela situação estava boa demais. Depois de tudo o que ele viveu e o quanto lutou com sua dor para evitar vir nessa cidade, ele merecia sim ser feliz.

Claro que as circunstâncias que nos trouxeram pra cá não são nada agradáveis, mas que se não fosse isso, ele nunca teria vindo. Allan é decidido e se põe algo na cabeça, não tem como mudar. Bom, não tinha né, ele sempre fez questão de dizer que nunca se prenderia a mulher nenhuma, mas tenho certeza que não é isso que ele pensa depois da Laura.

Ela vem sorrindo até nossa mesa e posso apostar que Allan queria levantar e correr para beijá-la, mas sei que ele respeitaria seu ambiente de trabalho e não iria fazer nada que pudesse prejudicar seu cargo aqui.

- Oi, boa noite! Que bom que vieram! Estão gostando das massas?

- Oi, a noite está realmente melhor agora! Pensei que não viria trabalhar e já estava pensando que podia ter acontecido algo com você ou seu filho!

Han? Filho? Ela tem filho e isso não incomoda o Allan? Ele tá rendido a ela por inteiro, não tem outra explicação.

- rsrs não não, acabei não falando, sempre venho mais tarde pra cá aos domingos porque a outra loja tem um movimento mais intenso no começo da noite e vou lá para auxiliar, e não se preocupe, estou bem e meu Ravi também. Acho que já deve ter chegado em casa nesse horário.

- Aaah doce Laura, quem diria, de MALUCA DO SINAL pra dona do coração do meu irmão. Preciso te dar os parabéns, e se me permitir, quero te abraçar pra ter certeza de que é uma pessoa real e não somente minha imaginação.

Fiz que ia levantar e Allan me olha furioso

- Nem tente, preserve sua vida!

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Laura narrando

É, foi bem estranho. Ele veio e eu já me assustei com isso e quando Henrique falou que eu era dona do coração do Allan, talvez eu tenha desaprendido a respirar.

- Vai ter que me perdoar, Henrique, mas não acho que as coisas sejam dessa forma. Preciso ir falar com o cliente na outra mesa, depois volto aqui. Aproveitem, vou pedir para o garçom uma atenção especial na mesa de vocês, são meus convidados.

Sai de lá rápido e parei o garçom no caminho, pedindo que ele não deixasse faltar massa na mesa dos dois. Falei com algumas pessoas e depois fui direto pra cozinha ver como tudo estava funcionando.

Ainda voltei no salão e falei com eles um pouco, mas não podia ficar conversando muito tempo durante o movimento de pico da noite.

Quando acalmou e boa parte dos clientes foram embora, vi que eles ainda estavam lá, pareciam conversar sobre algo sério e a cara que Allan fazia ao olhar repetidamente pro telefone me causava medo. Seja o que for, não era algo bom e parecia ter mudado ele. Não via mais aquele homem gostosão que fazia minha intimidade pulsar e sim um semblante decidido a destruir o que aparecesse na sua frente.

Por instinto lembrei do Davi. De como ele se transformava em um monstro quando estava com raiva ou quando bebia.

Eu estava caminhando até a mesa deles e parei bem próximo o encarando.

Quando ele levantou a cabeça e olhou pra mim eu quis correr e dei um passo para trás.

Acho que ele percebeu que eu queria fugir, ele levantou e veio até onde eu estava me abraçando.

- Não posso! Não posso Allan, eu sinto muito. Mas eu não posso continuar, não vou suportar viver tudo outra vez. Me desculpa.

Soltei seu abraço e corri pra dentro da cozinha do restaurante.

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Comments

bete 💗

bete 💗

complicado

2024-04-12

1

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