Vamos sair um pouco

Allan narrando

Depois do café seguimos pra farmácia. Notei que o Henrique estava concentrado em algo quando cheguei na mesa e parecia olhar para o lado de fora do hotel.

As coisas aqui estão diferentes, evoluiu um pouco e sei que a farmácia tem influência nesse crescimento. Mesmo não estando envolvido com as coisas que aconteciam aqui os números refletiam nos balancetes gerais da empresa, a recebi alguns relatórios sobre o avanço da cidade ao longo desses anos.

Só tinha o segurança quando chegamos, Henrique mandou fechar a unidade assim que soube do escândalo, os funcionários estavam em casa aguardando qualquer comunicado nosso ou chamado da polícia. Sei que eles já devem imaginar que vou fechar isso aqui. Sempre deixei claro o quanto essa unidade não me agradava. Se forem inteligentes eles vão procurar um novo emprego hoje mesmo.

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Henrique narrando

Chegamos na farmácia e o segurança informa que não teve problemas a noite. Meu medo era uma revolta por parte da população e de certa forma acho que apoiaria se eles tivessem tentado destruir o prédio.

Fui direto olhar as câmeras de segurança e acho que quem vai matar aquele desgraçado do Gilberto sou eu.

Respiro fundo várias vezes e quando Allan entra posso ver o ódio que cresce no seu olhar.

- Diz que aquele idiota se deu ao trabalho de pelo menos evitar as câmeras...

Balanço a cabeça em negativo e vejo Allan derrubando uma estante inteira no chão. O segurança entra correndo e eu peço pra ele sair.

Puxo Allan que estava no meio dos vidros e coloco ele sentado na poltrona que tem na sala.

- Que merda Henrique! Que merda! Esse cara é o que? Um doente? Um maníaco? Não tem o que fazer! Pega essa gravação e leva pro delegado agora. Não quero falar com ninguém, não preciso ouvir ninguém. O que tiver sido registrado já é o suficiente pra mim. Eu quero que ele apodreça no inferno. Vamos embora, agora!

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Allan narrando

Eu não precisaria ver as filmagens, a expressão de pavor que estava estampado na cara do Henrique já era o suficiente. Era o meu limite ali. Se ainda tinha algo pra fazer naquela cidade, seria apenas pagar para que os caras que estiverem na mesma prisão que o Gilberto façam ele sofrer em todos os seus buracos.

Era demais pra mim.

Eu precisava ir embora.

Quando chegássemos na matriz eu iria falar pro RH resolver as questões trabalhistas. Pagaria indenização para todos mas iria fechar essa unidade.

Saímos de lá e fomos direto pra delegacia. O delegado não era o mesmo da época do acidente dos meus pais, ele não devia fazer ideia de quem eu sou. Até que falei meu nome.

- Boa tarde! Sou Allan Monett, proprietário da Real Farm, preciso falar com o delegado, é urgente.

O policial que nos atendeu na recepção pede que aguarde e minutos depois nos encaminha até a sala do delegado.

- Bom dia, senhor Monett. Sou o delegado Marco Antônio, estou surpreso com o senhor ter vindo tão rápido, mas realmente agradecido por que me economiza muito tempo no processo.

- Bom dia. senhor delegado. Posso garantir que estou odiando ter sido obrigado a vir nessa maldita cidade. Este é Henrique Fernandes, meu advogado.

- Bom dia, senhor.

- Bom dia, senhor Fernandes. Bom, senhor Monett, soube o que aconteceu com sua família e imagino que por isso sua ira em vir até aqui, mas acredito que temos um problema tão grave quanto sua perda, não que eu esteja comparando as dores, não é minha intenção. Mas como disse, sua presença aqui nos faz ganhar muito tempo.

- Sim. senhor delegado. Sabemos que isso agiliza e foi um dos motivos que nos fizeram vir imediatamente quando soubemos do ocorrido.

- Senhor, trouxemos imagens de nossas câmeras de segurança, meu cliente está disposto a cooperar no que for necessário e desde já quero expor que não apoiamos a prática de crimes por nossos funcionários. Estamos ao lado da lei, e mesmo sempre zelando pelo bem da nossa empresa, neste momento o senhor Gilberto não terá nosso apoio. As imagens que trouxe nesse pen-drive irão me causar pesadelos por bastante tempo, mas, sendo sincero, tomara que aquele maldito sofra por um tempo infinito.

Henrique entregou o pen-drive e o delegado deu play nas filmagens. Achei que ele iria vomitar e pensei que eu faria o mesmo.

- Bom, acho que precisarei de um tempo para me recompor. Confesso que nada que tenha vivido até aqui me preparou para ver essas cenas. Agradeço a cooperação de vocês e adianto que farei o possível para que o responsável pague pelo crime que cometeu. Se tiverem interesse em falar com o funcionário de vocês, posso pedir para algum agente os acompanhar até a sala que ele está!

- Não faça isso delegado. Seria capaz de matá-lo se o visse em minha frente.

- Então melhor não ir mesmo, não quero ter que prendê-lo senhor Monett.

- Obrigado.

- Vou pedir que, se possível, permaneçam na cidade pelos próximos dias. Sei que irão cooperar com as investigações, mas alguns processos pedem a presença dos responsáveis pela empresa. Imagino que tenha uma rotina e não possa se afastar por tanto tempo e posso garantir que farei o mais rápido possível para resolver essa questão.

- Agradecemos senhor delegado. Realmente meu cliente tem alguns compromissos que não poderão ser evitados ou adiados, mas faremos o necessário para permanecer na cidade durante a investigação. Se nos der licença, vamos almoçar, porque nem vimos a hora passar pela manhã.

- Boa tarde, passar bem!

Voltamos pro hotel e notei as pessoas nos encarando. elas já devem saber quem somos e porque estamos aqui. Tomara que não venham me infernizar. Não sou culpado pelos erros do Gilberto e não quero descontar em alguém que não merece o ódio que sinto.

Pedi meu almoço no quarto, e ao terminar, acabei deitando. Não lembro quando foi a última vez que dormi durante a tarde, mas meu corpo agradeceu por aquele descanso

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Henrique narrando

Quando chegamos no hotel notei que as pessoas estavam nos reconhecendo, era o mal da cidade pequena, a rapidez que a fofoca se espalhava. Tomara que essa gente se mantenha calada porque conheço o Allan e ele partiria pra cima de qualquer um que falasse com ele.

Pedi meu almoço no quarto, assim como Allan fez e depois que comi me dediquei a ver os processos seguintes. Allan estava disposto a fechar a unidade e eu não iria ser contra dessa vez, mas precisava saber o que deveria ser feito e quais os problemas isso iria causar para nossa empresa.

Meu telefone tocou e vi que era o Allan

- Fala cara!

- Ei vamos sair um pouco? Não quero jantar no hotel

- Aceito sim. Vi que vai ter música ao vivo num restaurante, mas é na cidade vizinha, a gente pode ir e quem sabe encontramos a sua maluca da madrugada!

- Vai se ferrar, Henrique! Eu preciso mesmo é de uma bucet@ bem gostosa pra foder a noite toda e nessa cidade parece que só tem bruaca. Se arruma que a gente sai em meia hora.