Não posso desistir.

Laura narrando

(Contém cenas de abuso, se não estiver preparado recomendo que passe para o próximo capítulo)

Davi foi um escroto comigo. Vivi meses horríveis com ele , e hoje vejo que desde o inicio era uma relação tóxica. Ele bebia muito e sempre se alterava. Me xingava, dizia que eu era uma inútil, que não servia pra nada. Toda oportunidade que ele tinha de me humilhar ele fazia com gosto. Eu era submissa a ele. Estava presa naquele relacionamento e não conseguia enxergar uma saída. Tudo nele me causava medo e meu subconsciente dizia que se eu terminasse ele iria me matar. Então eu não tinha forças para dar fim ao nosso relacionamento porque tinha medo do que ele faria comigo.

Tentei diversas vezes o deixar. Mas ele sempre me manipulava. Usava as minhas emoções contra mim e me jurava amor eterno. Dizia que tinha perdido a cabeça por conta dos problemas, mas que me amava e iria mudar, que se eu escolhesse ficar ele seria melhor e agente poderia ser feliz, e eu sempre ficava.

Mas ele nunca mudou, na verdade, nunca mudou para melhor, ele sempre conseguia ser pior do que a última briga.

Quando descobri a gravidez foi como se o mundo se abrisse aos meus pés. A gente tinha brigado pela manhã, eu estava sentindo tontura e enjoo e não consegui preparar o café dele no horário certo antes de ele ir trabalhar e acabou saindo atrasado. Na hora do almoço a comida estava horrível porque eu não conseguia nem sentir o cheiro das verduras sem correr para vomitar e acabei fazendo de qualquer jeito. Ele me xingou de tantos nomes, dizia que eu não servia nem pra fazer comida e ficava querendo exigir fidelidade dele. Dizia que até pra ser puta eu dava trabalho e que ele já estava cansado das minhas reclamações.

Eu não trabalhava nessa época, estava afastada dos meus pais e era dependente dele pra tudo. Comecei a chorar e implorei para ele comprar um teste de gravidez porque eu reconheci os sinais do meu corpo. Depois de muita discussão ele saiu e voltou, bêbado, com o teste de farmácia numa sacola.

Fui pro banheiro e aqueles cinco minutos pareciam uma eternidade. Eu não precisava ver os dois tracinhos, eu já tinha certeza. Quando deu o tempo e eu virei o marcador, não sabia o que fazer a não ser chorar.

Sai do banheiro e ele tava dormindo, todo sujo, na cama que eu tinha trocado a colcha um pouco antes de ele chegar. Sentei no chão da sala e chorei mais ainda. Deus não podia fazer isso comigo. Eu não poderia estar grávida. Não tinha nada de bom em mim para oferecer a uma criança. O pai dele era um monstro. Como eu iria suportar?

No outro dia ele acordou e me encontrou dormindo no chão da sala, eu tinha chorado tanto que não tive forças pra levantar e dormi lá mesmo. Ele já veio gritando e outra vez me chamou de inútil.

Eu mostrei o teste pra ele, que quando percebeu que tinha dado positivo, me puxou pelo braço e arrastou pro quarto. Cai na cama e ele avançou pra cima de mim.

Ainda lembro da pressão que sua mão fazia no meu pescoço enquanto olhava pra mim dizendo que eu deveria me preparar para o inferno.

Eu sabia que ele era ruim, mas nunca tinha visto a face do demônio na minha frente.

Ele puxou minha camisola e com força rasgou a calcinha que eu usava, me causando dor.

Enfiou dois dedos em mim sem nenhum pudor ou cuidado. Eu já estava sem ar com seu aperto e me sentia violada por seus dedos. Ele parecia se divertir e quando soltou meu pescoço sua mão foi pros meus seios, ele apertava forte e me chupava, dizendo que eu era só mais uma puta barata e que não deveria ter engravidado, que eu estava ferrando a vida dele e que não deveria pensar que um filho seria suficiente para ele ser bom.

Eu desmaiei.

Não sei o que ele fez, se chegou a me penetraram com seu membro, eu não comia desde o café do dia anterior, estava fraca e sabia que ali seria meu fim.

Ele voltou no fim do dia, entrou em casa chorando, se ajoelhou na minha frente e implorava que eu o perdoasse. Dizia que ele estava fora de si quando me tratou daquela forma pela manhã. Que iria buscar ajuda médica para se tratar. Beijava minha barriga ainda lisa e implorava que eu e nosso filho o perdoasse. Ele não merecia mas iria se esforçar para ser digno daquela criança e da nossa família.

Mesmo que eu soubesse que não seria assim, mais uma vez eu o perdoei e aceitei suas desculpas.

Na semana seguine marquei a primeira consulta do pré-Natal no posto de saúde, estava nervosa, com medo, não fazia outra coisa além de vomitar e ter sensação de desmaio frequente.

O médico que me atendeu disse que eu estava fraca e precisaria de repouso e algumas vitaminas, passou medicação pro enjoo e algumas recomendações. Cheguei em casa animada para falar pro Davi que na próxima consulta ia poder ouvir o coração do bebê.

Mas ele tinha saído. Chegou de madrugada e fedia a bebida e cigarro. Mal conseguia se manter de pé até entrar no quarto.

Ajudei ele a tirar a roupa e o deixei dormir sem insistir para que tomasse banho, seria tempo perdido.

Optei por dormir na sala, não ia suportar o fedor da bebida no corpo dele. Quando amanheceu o dia escutei seus gritos e corri pro quarto. Era comigo que ele gritava. Dizendo que eu estava o rejeitando, que era minha obrigação ter dormido com ele. Quis saber por que eu não estava mais "dando" pra ele. E disse que era possível que aquele filho nem fosse dele.

Queria poder dizer que existia essa possibilidade. Que havia sim a chance de meu filho não ter aquele sangue nojento nas veias, mas não, eu era burra demais e não tive sequer coragem de o trair. Não tinha essa opção de não ser filho daquele monstro.

Ele tomou banho e depois foi trabalhar. Não dormiu em casa nesse dia e no outro dia o pai dele me ligou dizendo que ele estava por lá e eu não deveria me preocupar.

Queria que ele tivesse morrido, mas Deus não era bom pra mim a esse ponto.

No fim de semana ele me ligou, mandou arrumar umas roupas porque íamos passar o fim de semana com a família dele, queria contar sobre a gravidez e repetia o quanto faria a mãe dele feliz com essa notícia.

Nesse ponto eu já não tinha mais controle nenhum sobre mim, podem julgar e dizer o que for, mas quem vive esse tipo de relação, acaba não sendo capaz de controlar suas emoções e ele sabia como jogar comigo, a cada mínima ação de cuidado que ele tinha comigo fazia parecer como se eu fosse a coisa mais importante do mundo.

Os pais dele ficaram felizes, era notável e verdadeiro. Eu tinha medo de como meus pais iam reagir. E foi horrível. Minha mãe perguntou se eu não sabia usar camisinha. Se eu era louca de achar que poderia cuidar de uma criança e perguntou qual futuro eu iria oferecer para meu filho com os pais que ele teria, uma mãe desempregada e um pai viciado.

Voltamos pra nossa casa e o caminho todo ele repetia o quanto odiava minha mãe e que por isso não andava lá. Que ela não gostava dele e sempre que podia fazia questão de o humilhar. Me proibiu de voltar lá. Se ele não era bem vindo não permitiria que eu fosse, porque eu era esposa dele.

Mais uma semana difícil, entre enjoo e tontura. Era dia de consulta. Acordei animada e perguntei se ele ia me acompanhar.

Ele disse que não, era muito cedo, ele estava de folga e iria dormir. Depois eu dizia o que o médico tinha falado, mas não ia levantar naquela hora pra ficar "sendo besta" em corredor de hospital.

Demorou muito que consulta, tinha várias gestantes na minha frente quando cheguei, mas ouvir o som acelerado do coração do meu bebê fez meu dia melhor.

Voltei pra casa feliz, sorrindo como há muito não fazia. Mas quando fui destrancar a porta meu peito apertou e eu senti que quando entrasse naquela casa, não poderia mais ser feliz.

Ouvi barulhos no quarto e sabia que eram gemidos de mulher. Que nojo, ele estava assistindo pornografia nas alturas, sem se importar com os vizinhos. Mas espera. Não. Isso não é na TV, isso é de verdade, é real.

Abri a porta do quarto e o que eu vi parecia com a visão do próprio inferno.

Ele fodia profundamente a bucet@ de uma loira, enquanto ela chupada a bucet@ de uma ruiva. Na minha cama. Minha camisola estava embaixo daquela loira.

Eu vomitei e sai correndo para rua.

Eu iria tirar aquela criança e nada poderia me impedir.

Não me perguntem o que aconteceu depois de sair de casa, eu não consigo lembrar e não iria inventar algo para "enfeitar" minha história.

Minha mente criou um bloqueio em relação a esse dia e não sei o que fiz ao sair de lá e até chegar na casa dos meus pais, mesmo que o intervalo entre sair e chegar tenha sido de praticamente um dia inteiro.

Eu só lembro de ter chegado lá e desabado aos pés do meu pai, implorando que ele me aceitasse de volta.

Ouvir ele me chamar de filha e dizer que sempre me amaria me deu esperança de pelo menos aguentar continuar viva.

Meu pai me aceitou e disse que iria cuidar da criança depois que ela nascesse. Eu teria aquele bebê e depois poderia ir embora. Seguiria minha vida sem nenhum problema e ele assumiria tudo. Eu poderia ir e não precisaria voltar, se assim quisesse.

Os seis meses seguintes foram de luta, minha gravidez foi de alto risco, fiquei internada antes de completar 8 meses, fiz acompanhamento psicológico e precisei fazer uso de medicação nesse período.

Até o dia que Ravi nasceu. Minha luz. A luz que iria me guiar. Seu choro ecoando pela sala de parto me fez escutar a voz de Deus. Ele não tinha me abandonado. Tinha me cuidado todo esse tempo. Enquanto amamentei Ravi pela primeira vez, eu dizia em meio às lágrimas NÃO POSSO DESISTIR.

Eu não iria desistir.

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Comments

bete 💗

bete 💗

isso for a para cuidar do seu bebê

2024-04-12

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