Uma discussão inútil

— Casamento? Sogra, você não entendeu? Meu menino já é noivo. E ele não vai se misturar com esse tipo de gente. Se ela comprovar que essa criança é mesmo do Lucas, podemos mandar ela para ter os bebês fora do país e depois Sheila adota como as suas filhas. Não há necessidade de casamento. Podemos pagar uma bela quantia para ela desaparecer e todo mundo ficar feliz. — Fátima não podia de forma nenhuma deixar o noivado que demorou tanto para fazer o seu filho aceitar, se desfazer. — Uma maçã podre colocada no cesto, pode estragar todas as outras. Temos que ser cuidadosos e proteger nossa família.

— Esse tipo de gente? A única pessoa estragada que vejo nessa sala é a senhora. Deveria ter mais respeito com as pessoas. Vejo que dinheiro realmente não pode comprar tudo. — Joana tentou ser o máximo polida, vendo que Liana não tirava os olhos dela.

— O que você está dizendo? Não consigo te entender. Um noivado que você enfiou goela abaixo, aproveitando do coração bom do meu neto. Usando o apreço que ele tem pela empresa de seu avô falecido e os seus funcionários para manipular ele. Fátima, eu estive calada até agora porque confio no meu neto, mas se for para ignorar as vontades dele para salvar a empresa, prefiro que seja o casando com a mulher que espera dois filhos dele. Você sabe muito bem como é essencial um marido nesse momento, tanto antes como depois da gravidez. Você como mulher deveria compreender mais do que ninguém o que se passa nesse momento. — Antonella respondeu com decepção. — Nos duas sabemos muito bem que não há sentimento algum envolvido nesse noivado as pressas que você inventou para assegurar a posição do seu filho.

— Podemos comprar uma casa próxima da nossa, contratar babá e empregadas para auxiliar ela. Se ela precisa de apoio. Quando Sheila adotar as crianças, não será necessário mais nada disso. É um absurdo pensar na união deles dois. São duas pessoas que nunca deveríamos sequer se conhecer. Não tem nada em comum. — Fátima sabia que dentro da família, a última palavra sempre era de sua sogra.

— Eu não concordo, os dois bebês na barriga dela provam o contrário. Eles se dão muito melhor do que você pode imaginar. E eu não lembro dela ter dito que iria deixar alguém criar a criança. A única coisa que essa moça fez aqui, foi informar que o seu filho será pai. Não pediu nada dele ou exigiu uma resposta. — Antonella já estava com for de cabeça daquela situação.

— Eles nem se conhecem direito. Não faz sentido se casarem. Isso é loucura, sogra. O que a mídia diria? Isso poderia manchar a imagem da empresa — Fátima questinou a sua sogra, mas foi interrompida pela gargalhada do seu filho.

— Que piada. — Lucas ouvia sem acreditar o que estava acontecendo. Sua mãe havia feito ele noivar com alguém que não conhecia, mas agora usava esse argumento?

— Sim, a imagem vai ficar muito melhor quando descobrirem que o diretor interino da empresa teve uma caso de uma noite, engravidou a mulher de gêmeos, para evitar problemas no seu relacionamento, enviou a mulher para fora do país. Parece maravilhoso, até posso ver que tipo de comentários receberemos. Que escolha sensacional. — Antonella não podia acreditar na ideia que a sua nora tinha.

— Desfazer de um noivado com uma família de prestígio não vai gerar uma boa coisa. Eles até mesmo declararam parceria de negócios devido a união. Não podemos apenas virar as costas para ela. Temos que pensar em Sheila, a humilhação que será ser trocada dessa forma. — Fátima tentou persuadir sua sogra usando outro método.

— Que conversa cumprida. Eu agradeço o apoio, senhora Antonella, mas acredito que seja uma decisão que devemos debater entre nós dois, como faremos isso funcionar. Eu sequer sei se ele quer as crianças ou pretender assumir. Lucas não disse nada, eu entendo. Ontem me senti da mesma forma e apenas ouvi tudo o que tinham a dizer sem responder. Então, estamos de saída, irei esperar a sua ligação. — Liana concordava com Antonella que um casamento poderia facilitar muito a situação dela, mas era uma decisão importante para de tomar daquela forma.

— Liana, por favor, pense melhor sobre isso. Ser mãe é uma das tarefas mais difíceis que nós mulheres realizamos. — Antonella alertou. — Eu compreendo que seja uma escolha de vocês, mas eu peço que pensem nessa possibilidade. O que acha, senhora Joana?

— Irei respeitar o que a minha filha decidir, no momento em que me intrometi na vida dela, coloquei ela nessa situação. Tudo na sua vida foi planejado. Vou apoiar o que ela decidir. Aprendi com meu erro. — Joana respondeu. Sua vontade era gritar Fátima e casar aqueles dois, mas estava se contendo ao máximo.

Lucas não aguentava mais ouvir nada daquela besteira que tomava conta da sala. Sabia que a discussão não levaria a lugar nenhum. Sua mãe sempre seria contra e sua avó iria ser a favor. Levantou irritado, ainda segurando as mãos de Liana, fez ela acompanhar ele em direção da porta, com passos rápidos. Como se estivesse fugindo.

— Para onde você está indo, não terminamos de conversar ainda. Volte aqui, Lucas. — Fátima gritou vendo o filho se afastar. — Sheila ainda...

— Para longe de vocês. Eu quero conversar com Liana a sós. Vocês fazem muito barulho. Nem conseguia ouvir os meus próprios pensamentos. Quando decidimos o que faremos, informaremos a todos. Até mais tarde. — Lucas não soltou a mão de Liana, mesmo depois de entrar no elevador, ele tinha muitas perguntas para ela.

— Para onde estamos indo? — Liana perguntou quando já estavam dentro do elevador. Estava preocupada em deixar sua mãe naquele lugar. Não sabia o que ela podia aprontar se não estivesse sendo vigiada.

— Um lugar silencioso, com comida e onde possamos conversar apenas nos dois. — Lucas respondeu com o olhar distante. Havia muito em jogo naquele momento. A herança, a parceria milionária com a família de Sheila, duas crianças.

— Ah! Eu estou morrendo de fome. — Liana concordava, nada de bom poderia sair daquela discussão. Ela já estava impaciente e faminta. Achou melhor pensar sobre tudo aquilo depois que sua barriga estivesse cheia.