A proposta bem decente

Na saída da empresa, Liana e Lucas chamaram bastante atenção, gerando não apenas comentários por onde passavam, mas também entretenimento para quem filma e fotografava para colocar nas mídias sociais. Liana ao notar o que acontecia baixou a cabeça, sentou se esconder com seu cabelo. Lucas manteve a cabeça erguida, fingiu que nada estava acontecendo.

Dentro do carro, o silêncio tomava conta. Nenhum dos dois sabia o que falar naquele situação. Não faziam a mínima ideia de qual seria a melhor forma de tratar aquela situação. O silêncio continuou até chegarem no lugar. Era um condomínio beira-mar. Liana desceu encantada com o cenário.

— Vou pedir algo para almoçar, o que quer comer? — Lucas perguntou enquanto abria a porta.

— Não tenho besteira para comer. Pode ser o que chegar mais rápido? Estou com muita fome mesmo. — Liana estava envergonhada.

— Pedirei salada e frutos do mar. Tudo é feito rápido. Também é bem saudável. — Lucas não sabia o que seria bom agora uma mulher grávida, decidiu apostar no que era mais seguro. — Enquanto a comida não chega, podemos sentar e conversar um pouco?

— Ah! Sim. — Liana concordou entrando na casa, sentando ao lado de Lucas.

— Sobre o que a minha mãe estava dizendo, eu não estava noivo naquele dia, nem conhecia Sheila. Antes que pense que eu sou um ser humano terrível. Naquele dia, a pessoa que eu fui encontrar ela a Sheila. Esperava por ela no restaurante. E você? — Lucas estava curioso para saber como Liana havia parado lá procurando por ele. Chegou até mesmo a pensar que era algo planejado por seu primo.

— Minha mãe havia marcado de me apresentar ao neto de uma de suas amigas, não me mostrou foto, as pouca informações que eu sabia era que se chamava Lucas, neto de dona Maria da igreja e também era médico. Por alguma razão, ele não apareceu naquela noite e... bom.. você sabe o resto. — Liana explicou, sabia a razão, mas pareceu desimportante naquele momento.

— Pensei que estaria brava por descobrir que estou noivo. — Lucas estava um pouco decepcionado, esperava uma reação maior.

— Não vou mentir que quando vi a notícia no Instagram, senti uma pontada. Você havia dito que não queria um relacionamento ou compromisso, pensei que o problema havia sido eu, mas ao ouvir o que sua avó disse, acho que sua mãe foi o fator decisivo para seu noivado. — Liana ainda se sentia um pouco confusa em relação aquele noivado e como ela deveria se sentir.

— Para ser sincero, eu realmente não penso em um casamento agora, mas há algo muito importante em jogo. Meu avô deixou a empresa da família para aquele neto que primeiro estivesse casado e com filhos. Somos apenas dois concorrentes, mas Henry, meu primo, não entende nada sobre administração. Ele empurra todas as suas responsabilidades para as outras pessoas e tem uma facilidade em ser passado para atrás. Se ele tivesse o controle da empresa, iríamos à falência, tudo que o meu avô lutou para construir iria por água abaixo e milhares de pessoas iriam perder o seu emprego. Eu cresci vendo o meu avô falando com tanto orgulho daquele lugar, era uma das suas maiores alegrias. Depois que ele morreu, só de pensar em ver o seu legado sendo destruído me deixa bastante triste. — Lucas decidiu ser sincero. Para evitar qualquer confuso futuramente.

— Por isso decidiu se casar com Sheila? Para proteger o legado do seu avô? — Liana estava surpresa, Lucas talvez não fosse tão canalha como ela pensou por alguns instantes.

— No início, nem cheguei a cogitar a ideia. Estava buscando outra forma de conseguir a empresa, mas minha mãe negociou com Sheila, para ela aceitar um casamento de fachada e eu adoraria uma criança, tendo assim, todos os requisitos para herdar a empresa. — Lucas explicou sem esconder nada. — O que quero dizer é que eu não menti para você, não tenho interesse em um casamento, gosto da minha liberdade e não tive, nem tenho nada com Sheila. Mesmo assim, é importante que eu case.

— Tudo bem. Eu entendi. Não falei sobre a gravidez esperando que casasse comigo, mas é uma responsabilidade muito grande assumir sozinha, quando os bebês tinham um pai. Não se preocupe. Eu não irei exigir nada, mas talvez eu peça uma pensão para o bebê, nada demais, apenas o suficiente para ele não passar necessidade até quando eu começar a trabalhar. Estou desempregada, gravida complica ainda mais o trabalho. Fico envergonhada em dizer isso, mas tenho que ser realista. — Liana tinha vergonha de admitir isso, que precisava que outra pessoa mantivesse o seu filho, mas pensou não ter escolhas naquela situação. A criança não podia sofrer, se tinha uma opção.

— Espera! São coisas diferentes. Eu não ter interesse em um relacionamento, não tem relação com os bebês. Entendeu? Eu irei assumir as crianças. Farei o que tiver ao meu alcance e me manterei por perto deles. Não se preocupe com isso. — Lucas respondeu nervoso.

Liana sentiu as lágrimas caindo em seu rosto, ela não queria admitir, mas tinha medo de Lucas apenas quisesse dar o dinheiro e sumido da vida dos seus filhos. Liana que foi criada sem um pai, sabia a dor daquela ausência não apenas para ela e as suas irmãs, mas também para sua mãe.

— Liana, eu realmente não quero um relacionamento sério agora, mas tenho que lidar com a herança, também tem a imagem da empresa e a minha avó, ela não vai parar até que a gente se case. Eu estava pensando, o que você acha de tomar o lugar de Sheila? Apenas por três anos. Poderei te dar suporte na gravidez e com o bebê. Resolveria o problema com a herança. A minha avó ficaria feliz e a sua família também se sentiria mais segura. O que acha? — Lucas sabia que era uma proposta ruim, mas era a única forma de resolver todos os problemas de uma vez só.

— Espera. Você quer casar comigo de mentira? — Liana estava ainda mais confusa que antes.

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